Desfalcado de três importantes jogadores, mas mordido com a derrota para o Internacional no Sul no meio de semana e com a atuação do árbitro daquele confronto, o Santos tirou forças de onde pouco se esperava para reagir em sua própria casa e virar para cima do Corinthians por 2 a 1, neste domingo, no estádio da Vila Belmiro, em Santos, em um clássico com histórias diferentes em cada tempo. O resultado manteve o time vivo no Campeonato Brasileiro, com 39 pontos, e faz o adversário estacionar nos 40 depois de 24 rodadas.
Sem seus principais jogadores, o Santos foi um time comum na Vila Belmiro. Tão comum que permitiu ao Corinthians criar e tomar a iniciativa do jogo, sempre mais perigoso nos 45 minutos iniciais. Lucas Lima, Ricardo Oliveira e Victor Ferraz fizeram falta ao técnico Dorival Júnior, que já se esforça para se refazer da ausência de Gabriel, vendido à Internazionale, da Itália.
O Santos foi um mandante bagunçado e tímido, amarrado na marcação e nas divididas de bolas, com bem pouco espaço para criar. O colombiano Copete, pela esquerda, travou um bom e limpo duelo com o lateral-direito Fagner, ora com vantagem do santista, ora com destaque para as ações do corintiano. Foi assim até o fim.
O técnico Cristóvão Borges, se pudesse, agradeceria de joelhos a chegada de Gustavo ao elenco. O atacante nem bem se ambientou ao clube e já ganhou posição, como atacante de área, entre os zagueiros e com a recomendação de acreditar em todas as bolas. Isso mudou a cara do time, que antes não tinha referência na área do rival e abusava dos ataques pelas laterais. O treinador ganhou opções.
E neste Corinthians reformulado ao menos duas vezes no ano, com a debandada de seus principais jogadores, quem se destacava com menos concorrência era Rodriguinho. O meia, que já havia jogado bem contra o Sport, repetiu a dose na Vila Belmiro, com dois bons chutes a gol, boas penetrações e passe de costas para o gol de Marlone aos 36 minutos. O Santos bobeou na jogada ao marcar o corintiano, e não a bola, na chegada do meia dentro da área para chutar no canto esquerdo do goleiro Vanderlei.
Precisando ganhar para não ver o G4 longe de seus horizontes, o Santos esbarrou na marcação corintiana, com bom posicionamento de sua defesa, e na pouca criatividade – para não dizer nenhuma no primeiro tempo. O Corinthians tinha de marcar apenas uma jogada do anfitrião: a rapidez de Copete pela esquerda com cruzamento rasteiro para Rodrigão no meio da área. Assim começou os dois tempos.
O Santos voltou do intervalo disposto a reagir. Precisava. Manteve a bola e passou a jogar bem mais próximo do gol do goleiro Cássio. Aos 15 minutos, havia dado dois chutes a gols e tentado duas cabeçadas. Jean Mota se aproximou dos atacantes e passou a jogar mais e melhor, a pedido do treinador. O time santista melhorou e o Corinthians tinha a vitória parcial até nova investida santista aos 23 minutos, quando Vilson deu um tranco em Luis Felipe dentro da área e o árbitro Raphael Claus, convicto, marcou pênalti.
Houve reclamação corintiana, modesta, mas houve. O árbitro deu de ombros e manteve a sua decisão: entrada bruta pelas costas. Na cobrança, aos 25, Vitor Bueno marcou, sem chance para Cássio: 1 a 1. O Santos já fazia por merecer a igualdade em casa. O Corinthians também não era mais o time do primeiro tempo, insinuante e perigoso. Havia ainda mais espaço para os dois no gramado da Vila Belmiro. Jogo franco, com o Santos chegando ao ataque, sempre com Copete, em poucos toques. Jean Mota passou a distribuir a bola pelo meio.
A partida passou então a ser de risco para o visitante, em uma inversão do que foi a etapa de abertura. Aos 40 minutos, o “novo” Jean Mota cobrou escanteio na cabeça de Renato, que dividiu com Fagner na primeira trave e mandou a bola para as redes de Cássio. O Santos encaminhava assim a vitória de virada na Vila Belmiro, impedia o avanço do arquirrival no G4 e voltava para a briga.
FICHA TÉCNICA
SANTOS 2 x 1 CORINTHIANS
SANTOS – Vanderlei; Daniel Guedes (Caju), Luiz Felipe, Gustavo Henrique e Zeca; Thiago Maia (Vecchio), Renato, Vitor Bueno (Valterson) e Jean Mota; Copete e Rodrigão. Técnico: Dorival Júnior.
CORINTHIANS – Cássio; Fagner, Vilson, Balbuena e Uendel; Camacho, Rodriguinho e Giovanni Augusto (Willians); Marlone, Lucca (Romero) e Gustavo (Marquinhos Gabriel). Técnico: Cristóvão Borges.
GOLS – Marlone, aos 36 minutos do primeiro tempo; Vitor Bueno (pênalti), aos 25, e Renato, aos 40 minutos do segundo tempo.
CARTÕES AMARELOS – Copete e Vecchio (Santos); Fagner (Corinthians).
ÁRBITRO – Raphael Claus (Fifa/SP).
RENDA – R$ 434.160,00.
PÚBLICO – 8.610 pagantes.
LOCAL – Estádio da Vila Belmiro, em Santos (SP).