Um estádio centenário e uma história vencedora deram ao Santos mais um Campeonato Paulista, o segundo seguido, sustentando uma década de hegemonia no Estadual. Após dois jogos, o novato Audax sucumbiu à tradição – e a um lance de gênio do atacante Ricardo Oliveira, autor do gol que garantiu a vitória por 1 a 0, neste domingo, na Vila Belmiro.
Foi o quinto título paulista do Santos conquistado em oito finais consecutivas (desde 2009 o time jogou todas as decisões). A série arrasadora, que só pode ser comparada a Era Pelé (oito finais, seis títulos), fez com que o clube santista igualasse o Palmeiras em títulos estaduais (22 a 22), superando o São Paulo (21) e só atrás do Corinthians (27).
Foi também um prêmio para a Vila Belmiro, o “alçapão” do time, que completa 100 anos em outubro deste ano. E o estádio, que recebeu 16 mil pessoas, ajudou (e muito) o Santos no segundo tempo, quando o Audax atacava e pressionava o time do técnico Dorival Júnior, que perdia gols, colocando o título em risco.
Apesar de perder o título que seria inédito, o Audax deixou uma lição: é possível jogar de igual para igual (e até vencer) os grandes de São Paulo jogando um futebol bonito e montando elenco gastando pouco dinheiro – a folha salarial é de R$ 350 mil por mês; a do Santos, R$ 4,5 milhões.
O primeiro tempo foi 80% Audax. Teve domínio de jogo, trocou de passes e finalizou mais. O condutor, Camacho: jogou de uma intermediária a outra e armou o time. Não fosse a trave, a equipe do técnico Fernando Diniz teria aberto o placar no primeiro tempo.
A estratégia de Dorival Júnior não deu certo. Foi um erro escalar o meia Lucas Limas, que, claramente, não tinha condição de jogo. A contusão no tornozelo fez com que o melhor jogador do time fosse uma peça nula dentro de campo.
Até os 25 minutos do primeiro tempo, quando foi substituído, Lucas Lima nem criava e muito menos dava combate. Foi como jogar com 10 contra uma equipe completa. E essa marcação frouxa sem a bola fez com que o Audax se impusesse. A entrada de Paulinho deu ao Santos um homem a mais no primeiro combate.
O Santos, contudo, também tinha suas armas. Uma delas: o contra-ataque. Quando Vitor Bueno lançou Ricardo Oliveira, o atacante ganhou o campo adversário e mostrou porque, aos 36 anos, ainda é convocado para a seleção brasileira. Deu uma caneta no zagueiro e marcou um golaço, aos 44 minutos.
O alçapão explodiu. Fogos do lado de fora, sinalizadores e muita fumaça na arquibancada. O primeiro tempo terminou com um bate-boca entre jogadores dos dois times por causa de uma entrada forte no atacante Gabriel.
Na segunda etapa, ainda que o Audax tenha buscado o empate e Fernando Diniz tenha feito alterações na equipe, como a entrada de mais um atacante, o Santos conseguiu segurar a pressão. Dorival Júnior postou a sua equipe na defensiva, fechou os espaços e explorou mais os contra-ataques.
Foi uma decisão arriscada, ao passo que o Audax rondava a área do goleiro Vanderlei. A situação do Santos ficou delicada porque Ricardo Oliveira, cansado, deu lugar ao camaronês Joel. Sem seu artilheiro e já sem Lucas Lima, coube a Gabriel liderar o time.
A conquista poderia ter sido mais fácil se o gol de Joel tivesse sido anotado e não anulado pelo bandeirinha e se Ronaldo Mendes não tivesse perdido um gol inacreditável, sozinho, dentro da área, aos 45 minutos.
FICHA TÉCNICA
SANTOS 1 x 0 AUDAX
SANTOS – Vanderlei; Victor Ferraz, David Braz, Gustavo Henrique e Zeca; Thiago Maia, Renato, Vitor Bueno (Ronaldo Mendes) e Lucas Lima (Paulinho); Gabriel e Ricardo Oliveira (Joel). Técnico: Dorival Júnior.
AUDAX – Sidão; Francis (Rodolfo), Yuri, Bruno Silva (Felipe Rodrigues) e Velicka; Camacho, Tchê Tchê e Juninho (Wellington); Mike, Ytalo e Bruno Paulo. Técnico: Fernando Diniz.
GOL – Ricardo Oliveira, aos 44 minutos do primeiro tempo.
CARTÕES AMARELOS – Victor Ferraz, Thiago Maia, Gabriel e Gustavo Henrique (Santos); Bruno Paulo e Velicka (Audax).
ÁRBITRO – Raphael Claus (Fifa).
RENDA – R$ 934.920,00.
PÚBLICO – 16.018 pagantes.
LOCAL – Estádio da Vila Belmiro, em Santos (SP).