Só um milagre tira o Santos da decisão. E apenas muita inspiração de Corinthians ou Fluminense, nas partidas finais, pode evitar que a taça vá para o salão de troféus da Vila Belmiro. Se confirmada, a conquista do título será mais do que merecida pelo que vem jogando o time do técnico Emerson Leão.
O Santos conseguiu, diante de um adversário forte, a terceira vitória consecutiva, de forma incontestável, como fizera por duas vezes contra o até então favorito São Paulo. Mesmo sem ter à disposição o eficiente lateral-esquerdo Léo – suspenso -, Leão não inventou, não mudou o esquema: escalou Michel na posição, mantendo o 4-4-2. A equipe passou por cima do adversário. As estatísticas apontaram 34 finalizações para o time santistas, número assustador para os padrões do futebol atual. O goleiro Danrlei foi, de longe, o melhor dos gaúchos.
O Grêmio pode usar como desculpa o fato de não ter contado com o valente Tinga, volante que marca bem, além de outros quatro atletas titulares. Ninguém, porém, “chorou” pelo resultado após o jogo. Todos reconheceram a tremenda superioridade santista. O time gaúcho abdicou do ataque. Só pensou em se defender e não teve sucesso. Até que conseguiu, no primeiro tempo, parar Diego e dificultar o trabalho do desconcertante Robinho. Mas não evitou que o surpreendente Alberto dominasse uma bola de longe e acertasse o ângulo de Danrlei, fazendo 1 a 0.
O show mesmo ficou reservado para a etapa final. E que show. Tabelas, chutes de longe, dribles, passes perfeitos. E gols maravilhosos. O segundo, novamente marcado por Alberto, foi de “letra”. E o terceiro, um presente de Robinho aos torcedores que lotaram a Vila. Tocou por cobertura, sem chances para Danrlei. O jovem meia-atacante foi, mais uma vez, um tormento para a zaga rival. Ânderson Polga, campeão do mundo com a seleção brasileira, que o diga. Teve de parar o craque na falta e acabou expulso.
No fim, o Santos fez “molecagem” e deixou de marcar mais. E o sempre perigoso Grêmio, que ainda tem uma ponta de esperança, precisará jogar muito mais, se não quiser levar novo baile no Estádio Olímpico, na próxima quarta-feira.
Ficha Técnica
Local: Vila Belmiro (Santos). Árbitro: Héber Roberto Lopes (PR). Gols: Alberto, aos 37′ do 1.º tempo; Alberto aos 23′ e Robinho aos 34′ do 2.º. Cartão amarelo: André Luís, Diego, Robert, Robinho, Claudiomiro Adriano, Elton e Rodrigo Mendes. Cartão vermelho: Anderson Polga.
Santos: Fábio Costa; Maurinho, André Luís, Alex e Michel; Paulo Almeida, Renato, Diego e Robert (Douglas); Robinho e Alberto. Técnico: Emerson Leão.
Grêmio: Danrlei; Ânderson Polga, Claudiomiro e Adriano; Ânderson Lima, Emerson, Lauro (Elton), Rodrigo Fabri (Samuel) e Roberto; César (Fernando) e Rodrigo Mendes. Técnico: Tite.
Apoio nota 10
O meia Renato (foto), do Santos, agradeceu o apoio da torcida santista na vitória diante do Grêmio. Com a Vila Belmiro lotada, o Peixe venceu os gaúchos por 3 a 0 e deu um passo importante na luta para garantir uma vaga nas finais do Campeonato Brasileiro. “É gratificante entrar em campo e ver a torcida deste jeito. Isso é fruto do trabalho que estamos realizando. Agradeço muito aos torcedores”, comentou. “Agora, temos que jogar da mesma forma no Olímpico para garantir a nossa classificação”, completou.
“Foi a minha melhor partida”
O atacante Alberto disse após a vitória por 3 a 0 sobre o Grêmio que sua atuação na partida foi a melhor que já fez com a camisa do Santos. Autor de dois gols, um deles de letra, o jogador deixou o gramado empolgado. “Foi minha melhor partida pelo Santos. Na partida contra o Grêmio na primeira fase, eu disse que naquela ocasião foi a minha melhor participação. Mas aquilo é passado e a atuação de hoje sem dúvida foi a melhor”, comentou o atacante, ainda no gramado da Vila Belmiro.
Magrão é “Peixe”
Com a eliminação do São Caetano no Campeonato Brasileiro, o volante Magrão já decidiu para quem irá torcer na reta final da competição nacional. “Essa garotada do Santos merece o título. Eles estão fazendo um grande trabalho e não perderam a humildade. Acho que grande parte dos brasileiros vai estar torcendo para o Santos por esses motivos”, disse Magrão, que ainda não sabe se continuará defendendo o Azulão na temporada de 2003. Os direitos federativos do jogador pertencem ao Palmeiras, que já faz planos para sua volta.
Santistas sem salto, Danrlei apela
Mal terminou o jogo de ontem e os santistas já começaram a pensar no próximo confronto com o Grêmio, quarta-feira, no Estádio Olímpico. “Ainda não ganhamos nada e deveremos ter uma partida ainda mais difícil”, disse o volante Renato. Só que o adversário terá que atacar e essa poderá ser a grande arma do Santos. “Eles terão que se abrir e nós vamos trabalhar em cima dessa vantagem”, explicou o capitão Paulo Almeida.
Para Robinho, que marcou o terceiro, seu time conseguiu mais um objetivo, que era reverter a vantagem do Grêmio. “Conseguimos uma boa vitória, que nos dará tranqüilidade para jogar no Olímpico, na partida que será mais difícil ainda.”
Já os jogadores gremistas deixaram a Vila Belmiro com duas certezas: mereceram a derrota e que nem tudo está perdido. “Temos de reconhecer que o Santos foi superior o tempo todo e agora temos que marcar os gols em casa, da mesma forma que o Santos fez”, disse o volante Claudiomiro. Para o goleiro Danrlei, “qualquer resultado seria bom, menos este 3 a 0”.
Polêmica
A polêmica do jogo ficou toda com Danrlei. Principal jogador de seu time por ter evitado que a vitória fosse por um placar mais dilatado, o jogador chegou a agredir o meia Diego numa confusão armada na intermediária e, depois da partida, reclamou de Robinho. “Ele precisa ter mais respeito porque é fácil estar jogando em casa, vencendo por 3 a 0 e querer aparecer para o torcedor; isso é da euforia da idade, mas quero ver quando estiverem perdendo.”
Darlei classificou as atitudes do atacante santista como anti-futebolísticas e, experiente, advertiu: “Da mesma forma que o Anderson Polga foi expulso sem ter tocado nele, um dia um jogador quebra a perna dele”.
Isto porque, na explicação de Danrlei, “os jogadores começam a ficar com raiva, a não gostar dessas atitudes anti-futebol e um deles pode quebrar a sua perna; aí, ele vai dizer que os atletas das outras equipes são desleais”.
Renato saiu em defesa de Robinho. “Deus deu a ele esse dom da habilidade e cabe aos adversários entrar na bola e não no jogador.” Para o santista, é mesmo difícil marcar o companheiro. “Mas é uma virtude dele e o anti-jogo é reagir com violência.”