Sala do TJD amanhece aberta. Mas nada de valor teria sido roubado

O presidente do Tribunal de Justiça Desportiva – TJD, José Roberto Hagebock, foi chamado às pressas na tarde de ontem para comparecer ao Estádio Pinheirão. Motivo: a porta da sala onde fica o tribunal estava aberta. Ainda não havia informações, porém, sobre quem teria entrado no local – nem mesmo evidências de que algo teria sido levado. Computadores, ao menos, estavam intactos, segundo a polícia. A Criminalística deve agora proceder às investigações sobre a suposta invasão.

O Pinheirão está lacrado desde a semana passada, por determinação da Justiça. Todos os 85 acessos devem permanecer fechados até que sejam cumpridas as exigências de segurança do Corpo de Bombeiros, conforme delimitou o Ministério Público do Estado ao solicitar a ordem judicial. E quem desrespeitar a ordem e entrar no complexo pode ser preso.

A exceção ficou por conta do TJD, que conseguiu liberação para funcionamento. Só que, ontem, a sala do tribunal amanheceu aberta, mesmo sem ser dia de expediente, não se sabe por quem, como e nem por quê.

A ordem de não abrir nenhum outro acesso do estádio também foi descumprida: a polícia constatou violação em portas que estavam lacradas. ?Provavelmente, quem entrou pode ter vindo por dentro do campo, já que há portas de acesso violadas?, informou o segundo-tenente Luís Maywitz, do vigésimo batalhão da PM. A polícia descarta que o acesso tenha sido por meio da sede da Federação Paranaense de Futebol – FPF, uma vez que as portas estavam intactas.

De acordo com o tenente, as primeiras constatações davam conta de que algumas portas de armários e gavetas haviam sido mexidas. ?Os computadores e televisão, pelo menos, permanecem no local?, disse o policial. Nem mesmo o presidente Hagebock sabia dizer de possíveis prejuízos.

?Não sabemos ainda no que foi mexido. Aparentemente, não dá para saber se teve coisas roubadas; vamos ficar na dependência das provas da Criminalística?, disse.

Caso Bruxo volta à baila

Nos próximos dias, o presidente afastado por três anos e dois meses da FPF, Onaireves Moura, acompanhará o enrolado ?Caso Bruxo?. Ele e todos os demais citados nos inquéritos que identificaram o esquema de corrupção no futebol paranaense terão que se explicar à Polícia Civil.

O processo com quatro volumes e cerca de mil páginas foi remetido pela Justiça ao 6.º Distrito Policial, com sede no Cajuru, e em cuja área de abrangência está o Tarumã, bairro da sede da FPF. Os volumes guardam informações colhidas nos dois inquéritos da Justiça Desportiva que apuraram a corrupção no apito paranaense. O primeiro terminou com a condenação de oito acusados no Superior Tribunal de Justiça Desportiva; o segundo, conhecido como ?Bruxo 2?, jamais foi julgado.

Moura foi um dos denunciados no ?Bruxo 2?, assim como, os ex-diretores de arbitragem Fernando Luiz Homann e José Carlos Marcondes, e o diretor da Escola de Árbitros da FPF, Nélson Orlando Lemkhul. Contra Moura pesou uma denúncia, feita pelo apitador José Francisco de Oliveira (Cidão), eliminado do futebol no ?Bruxo 1?, de que negociou por R$ 50 mil uma partida da 2.ª divisão paranaense em 2000. Os auditores do TJD-PR identificaram na máfia do apito paranaense indícios de crimes comuns, como estelionato, extorsão e formação de quadrilha.

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