O setor mais criticado da Argentina, a defesa, se transformou em um dos trunfos da seleção finalista da Copa do Mundo. Alejandro Sabella consertou, durante a competição, problemas no miolo de zaga e na marcação no meio de campo. O técnico percebeu isso a tempo e arrumou o time antes de enfrentar os dois adversários mais fortes até aqui, Bélgica e Holanda. Deu certo. Em seis jogos, Romero sofreu apenas três gols – um na estreia, diante da Bósnia, e dois contra a Nigéria, último jogo da fase de grupos.
Até chegar à decisão contra a Alemanha, neste domingo, no Maracanã, Sabella fez uma série de alterações. A primeira delas foi sem intenção. Agüero, machucado, deu lugar a Lavezzi. O time ganhou um atacante que marca melhor e recompõe o meio de campo. Essa foi a única troca para as oitavas de final contra a Suíça. A vitória só veio nos minutos finais da prorrogação (1 a 0, gol de Di María). Sabella, no entanto, percebeu que, para enfrentar a Bélgica nas quartas de final, era preciso reconstruir o sistema defensivo.
De uma só vez, ele trocou dois titulares. Saíram o zagueiro Federico Fernández e o volante Fernando Gago. Entraram Demichelis e Lucas Biglia. Demichelis deu mais segurança a zaga e se entendeu melhor com Garay. Biglia correu mais que Gago e deu mais liberdade a Mascherano, outra peça-chave no meio de campo. A Bélgica nem sequer conseguiu atacar a Argentina.
Sabella teve o cuidado de preservar seus jogadores para não criar mal-estar dentro do grupo. Um dia antes de tirar Fernández do time, ele elogiou o zagueiro. “Fernández tem a nossa confiança. Às vezes, temos algumas dificuldades, porque os atacantes são rápidos e têm seus méritos”, disse. Em outras situações, o técnico se negou a falar a escalação à imprensa porque, segundo ele, era preciso conversar antes com os atletas.
“As mudanças feitas pelo Alejandro mostram como o grupo está unido. Jogadores entram e saem da equipe sem prejudicar o ambiente. Todos estão juntos, pensando no título. Fernández perdeu o lugar para Demichelis, mas continua apoiando todos. Não tivemos problemas”, disse Maxi Rodríguez, que é reserva na seleção.
Contra a Holanda, outro time veloz, Sabella perdeu Di María, machucado, e escalou o meia Enzo Perez, que fechou o lado direita da defesa, dificultando os contragolpes da Holanda. Robben e Van Persie sofreram para chegar ao gol e, quando estiveram próximos de Romero, havia um marcador – Mascherano fez um carrinho salvador no final da prorrogação.
“Alejandro foi muito bem em todas as mudanças que fez na Copa. Conseguiu deixar o time com uma defesa sólida e, por isso, sofremos poucos gols”, disse Agüero. Sabella atribuiu o bom sistema defensivo ao conceito de ocupar espaços: “O futebol moderno exige que os times sejam mais curtos, entre as linhas de defesa e ataque”.
Na visão do treinador, a Argentina tem de repetir suas atuações contra Bélgica e Holanda diante da Alemanha, para não ser massacrada como o Brasil, que perdeu o controle do jogo e foi goleado por 7 a 1. Até mesmo Messi tem participado na marcação no meio campo, fechando os espaços. A final será um teste para o sistema. Afinal, a Alemanha tem o melhor ataque da Copa, com 17 gols.