Diretor da Agência Antidoping da Rússia (Rusada, na sigla em inglês), Yuri Ganus reconheceu nesta terça-feira, em entrevista coletiva, que “levará anos” para a Rússia recuperar a confiança esportiva mundial após os escândalos de doping envolvendo o país nos últimos anos.
A Rússia não cumpriu o prazo limite definido inicialmente que a Agência Mundial Antidoping (Wada) teria para obter informações sobre o seu laboratório antidoping. Ainda assim, a entidade internacional decidiu não suspender o processo de reabilitação da agência. A acreditação definitiva, porém, só se dará após a Wada analisar as amostras antidoping que levantam suspeitas.
“Espero que até 30 de junho cumpramos todas as determinações para estarmos formalmente restaurados, mas a relação de confiança mundial levará anos para ser recuperada”, afirmou o dirigente, apontando que há uma divisão entre os russos e o resto do mundo. “Mas se pensarmos sobre isso, somos nós os culpados.”
O chefe da Rusada considera crucial que todos os esclarecimentos sejam feitos “o mais rapidamente possível”. “Mas o que não pode ser feito é permitir uma situação em que os atletas sofram.”
Ao mesmo tempo, Ganus negou que o presidente russo, Vladimir Putin, possa ter dado uma ordem para criação de um programa estatal de doping para a disputa dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi, realizados em 2014. “Isso é impossível, mas você tem que esclarecer isso, com certeza”, afirmou.
Ganus reconheceu que a pressão foi “brutal” a que a sua agência nos últimos meses foi submetida e que se a Rusada tivesse sido punida no início do ano “muitos atletas teriam sido impedidos de competir em torneios internacionais”.