Barcelona – Os japoneses da Honda estão apaixonados por Rubens Barrichello. Engenheiros e técnicos mais antigos, que estão na Fórmula 1 desde os tempos de McLaren, vêem no piloto uma reencarnação de Ayrton Senna. Calma, devagar com o andor. Não se trata de comparar um tricampeão do mundo 41 vitórias no currículo e aura de herói, com o outro, 13 anos na categoria, nove vitórias, nenhum título e uma carreira recheada de altos e baixos.

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Trata-se do jeito de trabalhar. E de exigir. A Honda precisava de alguém que lhe pedisse coisas, com clareza e objetividade. Encontrou em Rubens algo que Jenson Button nunca teve muita disposição para fazer: discutir, questionar, sugerir e cobrar. Para o inglês, a vida parece ser cor-de-rosa. Está tudo sempre bem, e quando não está ele procura resolver acelerando. Barrichello reclama. E a Honda está adorando.

Quando corria na McLaren, Senna tinha um relacionamento muito estreito com os japoneses. E se suas exigências beiravam o exagero e a histeria quando, por exemplo, pedia um motor novo e dava prazo, a Honda cumpria. Ayrton agradecia o esforço ganhando corridas.

Por enquanto, Rubens tem se comportado de forma mais gentil. ?Ele é tecnicamente muito bom, e entende muito de carro?, elogia Gil de Ferran, diretor-esportivo da equipe. ?O entrosamento com a equipe foi muito rápido e ele está nos ensinando muita coisa.? Nick Fry, o chefe do time, é outro que rasga um sorriso para falar do novo piloto ?pidão?. ?Em pouco tempo de trabalho, deu para ver que ele pede mesmo, quer as coisas, e isso é bom para motivar todo mundo.?

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A nova Honda, sucessora da BAR (que encerrou sua trajetória na F-1 sem vencer), tem como objetivo neste ano vencer corridas. ?E se queremos isso, temos de ser competitivos desde a primeira?, falou Button. Para alcançar as metas traçadas, a equipe acelerou o processo de construção de seus carros. Foi a única, até agora, a colocar na pista simultaneamente duas unidades dos novos modelos, batizados de RA106 (RA de ?Racing Automobile?).

O lançamento aconteceu ontem em Barcelona.

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?Ver os dois carros indo para a pista ao mesmo tempo foi uma das maiores emoções da minha carreira?, disse o brasileiro. ?Eu vim para esta equipe disposto a vencer. Quando digo que a Honda me impressionou desde os primeiros contatos, não é da boca pra fora. O trabalho que se faz aqui é realmente impressionante.?

Sobre o novo carro, Rubens evitou previsões arrebatadoras. ?É muito cedo para dizer qualquer coisa, foi só um dia de treino. Mas me pareceu um carro muito fácil de guiar, e é um daqueles que se mostra rápido desde a primeira vez em que sai dos boxes. Isso é muito positivo, e por isso tenho grandes expectativas para esta temporada.?