Depois de passar 21 meses na prisão, Sandro Rosell, ex-presidente do Barcelona, foi absolvido nesta quarta-feira da acusação da lavagem de dinheiro no processo de venda de direitos televisivos de jogos envolvendo a seleção brasileira. Representantes do tribunal de Madri onde ele foi julgado disse que não há evidências suficientes para considerá-lo culpados neste caso.

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Rosell havia sido acusado de apropriação indébita de fundos provenientes da venda de direitos televisivos envolvendo amistosos do Brasil, bem como de um contrato de patrocínio entre a empresa de material esportivo Nike e a CBF. Ele também foi acusado de fazer parte de uma organização criminosa.

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Inicialmente, a promotoria pediu pela aplicação de uma sentença de 11 anos ao ex-dirigente do Barça e pela cobrança de uma multa de cerca de 60 milhões de euros (cerca de R$ 265 milhões, pela cotação atual). Os promotores afirmam que ele ajudou a lavar cerca de 20 milhões de euros (aproximadamente R$ 85 milhões) relacionados a comissões para os jogos do Brasil durante o período em que Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, estava no comando da entidade. O ex-cartola é acusado de ter ficado com pelo menos 6,5 milhões de euros (algo em torno de R$ 28,7 milhões).

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Ex-executivo da Nike no Brasil e presidente do Barcelona entre 2010 e 2014, Rosell negou ter praticado qualquer irregularidade e conseguiu ganhar liberdade na Justiça no fim de fevereiro para continuar respondendo ao processo contra ele fora da prisão. Para isso, os seus advogados de defesa fizeram vários pedidos pela sua soltura, alegando que era injusto tê-lo sob custódia por tanto tempo sem ter sido condenado por qualquer crime.

Atual presidente do Barça, Josep Maria Bartomeu, expressou o seu apoio a Rosell durante o julgamento, que começou em fevereiro. Preso em 2017, ele teve vários pedidos de soltura para deixar a prisão negados anteriormente.

Outras cinco pessoas que também foram acusadas de envolvimento neste caso de lavagem de dinheiro, entre as quais a esposa de Rosell e o seu ex-sócio, Joan Besoli, também foram absolvidas nesta quarta-feira.

Ao se defender na Justiça, Rosell admitiu ter feito alguns investimentos em negócios com Ricardo Teixeira, mas que não teriam, na sua versão, qualquer relação com os contratos para as partidas do Brasil. Mas admitiu que o ex-presidente da CBF lhe emprestou dinheiro para ajudá-lo a comprar um apartamento, algo que declarou ter pagado com juros três anos depois. Os promotores dizem que o empréstimo fazia parte do esquema de lavagem de dinheiro supostamente montado pelos dois ex-dirigentes.

RELEMBRE O CASO – Teixeira, que renunciou à presidência da CBF em 2012 e fez parte do Comitê Executivo da Fifa, foi indiciado pelas autoridades norte-americanas em 2015, como parte do escândalo da corrupção no futebol, e não tem viajado para fora do Brasil. Ele também é investigado no País.

Rosell disse que a empresa para a qual ele trabalhava, o conglomerado ISE, da Arábia Saudita, fechou um acordo com a CBF para pagar US$ 1,15 milhão (cerca de R$ 4,5 milhões, na cotação atual) por cada uma das 24 partidas do Brasil que iria organizar e deter os direitos de TV. Pelo acordo, o ex-presidente do Barça afirmou que a sua própria empresa ganharia US$ 250 mil (aproximadamente R$ 985 mil) depois que cada jogo fosse realizado.

Ele disse que seu contrato com o ISE terminou após 14 partidas porque decidiu concorrer à presidência do Barcelona, o que significa que ele renunciou a US$ 2,5 milhões (cerca de R$ 9,8 milhões), algo que teria direito pelo restante do acordo. “Era um ou outro. Eu não teria tempo para fazer as duas coisas”, afirmou.

Rosell também está envolvido em outra investigação, relacionada à transferência de Neymar do Santos para o Barcelona em 2013. As acusações surgiram após o grupo de investimento DIS afirmar que recebeu um valor menor do que o correto pela transferência, porque parte da quantia paga não foi informada.