“Adoro essa pressão. Faz parte da minha vida.” Bem humorado, atacante Ronaldo garantiu estar bastante tranqüilo com as críticas recebidas pelo seu desempenho no jogo do último domingo.
Para ele, a imprensa, muitas vezes especulam “coisas” que não existem para justificar uma má atuação. “Não estou gordo e isso já foi confirmado pelos preparadores físicos da seleção e do Real Madrid”, lembrou.
Ronaldo afirmou que não gosta de dar desculpas para uma má jornada. “E até acho que não fui tão mal assim. Ofensivamente o time não teve o mesmo comportamento de jogos anteriores”, disse. Para o centroavante, houve muita dificuldade na manutenção da posse de bola e com isso o ataque não rendeu. “Mesmo assim, fiz um gol, anulado injustamente.” Destacou ainda o equilíbrio do futebol atual, muito mais competitivo, mas ressaltou o crédito que o Brasil possui com os cinco títulos mundiais.
Desta vez, a vida íntima de Ronaldo não foi questionada. O atacante reafirmou o prazer de jogar pela seleção brasileira e enfrentar um adversário de tradição sempre tem um sabor especial. É o terceiro jogo de Ronaldo frente ao Uruguai. “Me lembro bem dos jogos anteriores. Em 95, estava sendo lançado no time e por isso joguei bem pouco. Já em 99, foi legal, pois marquei um gol e vencemos com facilidade”, disse.
Até mesmo a rivalidade entre os times da “pelada” foi questionada. “Olha que é uma rivalidade maior que a de Brasil e Uruguai” (risos), disse. Ronaldo admitiu que sua equipe vive um “mau momento” e está sendo seguidamente derrotada pelo time de Roberto Carlos e, nestes últimos dias, de Cafu (devido à ausência do lateral-esquerdo, lesionado). Até Cafu interferiu na resposta, lembrando que Ronaldo é um grande “freguês”. Para Ronaldo, esse momento de descontração, nos “rachões”, é único. “É bom para a gente zoar com o companheiro. Só que agora somente eu estou sendo zoado.”
Ronaldo só não gostou quando a pergunta foi sobre o seu 50.º gol com a camisa do Brasil. “Estava torcendo para vocês esquecerem disso (risos). Cada vez que me perguntam se esse gol sai, parece que dá tudo errado”, disse. “Mas, vamos lá, espero que seja desta vez.” O atacante só fez um gol, até aqui, nas eliminatórias (na vitória por 2×1 sobre a Colômbia). Hoje ele faz seu primeiro jogo pela seleção em Curitiba.
Parreira explica a troca na meia
Econômico nas palavras, Carlos Alberto Parreira disse que a troca de Émerson por Renato é de ordem técnica e tática. “Uma decisão minha, que não requer maiores explicações.” O treinador reafirmou sua confiança no volante do Santos e não teme que o fato de ser sua estréia tenha alguma interferência no seu futebol. “Ele é jovem, mas tem tudo para fazer uma boa estréia, um bom jogo.”
Renato prometeu não decepcionar. “Fiz, nos jogos anteriores, aquilo que ele me pediu. E é isso que vou tentar realizar diante do Uruguai,” afirmou. Renato lembrou o rápido período que viveu no Santos, sob o comando de Parreira. “Mesmo sendo por pouco tempo, ele nos passou muita coisa.” O volante atuará mais pelo lado direito, ajudando Cafu e protegendo os avanços do capitão brasileiro.
“O posicionamento é o mesmo, aquele triângulo com o Gilberto e o Zé Roberto, trocando de posição quando necessário”, explicou. A qualidade do passe de Renato deve imprimir maior velocidade ao Brasil, pois a estratégia de Parreira é “ditar o ritmo do jogo e fazer valer o fato de a seleção estar jogando em casa, com o apoio do torcedor curitibano”. Esta é a primeira alteração espontânea efetuada pelo treinador em relação ao time-base. As trocas anteriores ocorreram apenas por motivo de lesão, com as entradas de Júnior e Kaká (no lugare de Roberto Carlos e Ronaldinho Gaúcho), mantidos para o jogo desta noite.
A presença de Renato pelo lado direito foi um dos enfoques do rápido treinamento comandado por Parreira. Foram apenas 20 minutos de um trabalho específico de posicionamento e saída de bola. A precisão nos passes é fator decisivo diante do Uruguai, que tem como principal arma a velocidade de seus atacantes. Após esse trabalho, os atletas foram liberados para um “rachão” que também teve duração de 20 minutos. Durante a maior parte desse treino recreativo, Kaká e Rivaldo ficaram de fora, ensaiando cobranças de faltas no goleiro Dida.
Estatuto do Torcedor vigora no jogo de hoje
O jogo entre Brasil e Uruguai, no Pinheirão, marca o início de uma nova era no futebol brasileiro. A partida será a primeira oficial no país a testar as leis que compõem o Estatuto do Torcedor. Apesar de promulgada no dia 15 de maio deste ano pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva, cinco artigos começaram a vigorar apenas neste domingo, dia 16.
Uma das principais mudanças é a obrigatoriedade da implantação de um monitoramento por imagem em estádios com capacidade para mais de 20 mil torcedores. O sistema, fornecido pela Porto Seguro Seguros, foi testado com sucesso este ano na semifinal da Libertadores da América, na Vila Belmiro, na partida entre Santos e Independiente de Medellín, e na final da Copa do Brasil, no Mineirão, entre Cruzeiro e Flamengo, entre outros jogos.
A última partida que teve o uso do monitoramento foi realizada dia 2 de novembro, na Vila Belmiro, quando jogaram Santos e Corinthians, pelo campeonato brasileiro. O sistema também estará em funcionamento na próxima terça-feira, dia 18, durante a partida entre Santos e a seleção sub-23 (olímpica).
No jogo entre Brasil e Uruguai, serão instaladas oito câmeras digitais com movimento de 360 graus e alcance de até 800 metros. O sistema é controlado por policiais militares e técnicos responsáveis pelos equipamentos e permite a observação dos torcedores também fora do Estádio. A central de comando fica na entrada reservada aos jornalistas.
Até o “Gaúcho da Copa” apareceu no Pinheirão
A maioria dos torcedores brasileiros não deve ter idéia de quem seja Clóvis Fernandes, mas ele está em Curitiba e promete mostrar toda a sua vibração para ajudar a empurrar o Brasil no caminho do hexacampeonato mundial. Agora, quando alguém o vê pela frente não tem a menor dúvida de que ele foi um dos personagens mais marcantes da conquista do pentacampeonato na Coréia do Sul e no Japão. Gaúcho típico, com seu bigodão, sua bombacha e o sorriso franco de quem está de bem com a vida, ele largou sua pizzaria em Porto Alegre para voltar a acompanhar a seleção brasileira.
Conterrâneo de Luiz Felipe Scolari (treinador pentacampeão), Fernandes acabou se identificando mais ainda com a seleção canarinha e se transformou num personagem à parte. “Na seleção do Felipão houve uma identificação maior porque eu já acompanho eles desde 1990. São quatro copas do mundo, eu tenho duas copas américas inteiras, já estive em duas olimpíadas e sempre acompanhando a seleção”, diz o fanático torcedor.
Diretor da Pizzaria Chuvisco, em Porto Alegre, só agora ele conseguiu uma brecha para assistir a seleção nessas eliminatórias. “Não tive a oportunidade de ir antes, mas como Curitiba é perto de Porto Alegre eu disse que estaria lá e aqui estou”, vibra. Empolgado e sempre bem disposto, ele foi ontem ao Pinheirão assistir ao treinamento apronto para a partida contra o Uruguai. Reconhecido por todos, era sempre requisitado para fotografias. “Estou recebendo o carinho do povo paranaense, dos curitibanos e vou ficar até quinta-feira”.
Além de ser uma figuraça, para compor o personagem ele ainda carrega sempre consigo uma réplica da taça do mundo e não se desfaz dela de jeito nenhum. “Essa taça não tem negócio. Ela é uma réplica em tamanho e peso original. Tem sete quilos e quatrocentas gramas e a mesma forma que fez aquela fez essa. Essa aqui era da Nestlé, que era uma das patrocinadoras da Copa da Alemanha, que foi a primeira copa a ter essa taça”, explica.
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