As investigações sobre as denúncias de corrupção no futebol paranaense estão revirando velhas disputas políticas na arbitragem do Estado. Acusações feitas durante depoimentos sobre o caso "Bruxo" recolocaram em evidência a briga entre as duas entidades que representam os árbitros do Paraná.
Ontem, o árbitro Rogério Carlos Rolim, que faz parte do conselho fiscal da Associação Profissional dos Árbitros de Futebol do Paraná (Apaf), procurou a Tribuna para contestar as declarações de Amoreti Carlos da Cruz, presidente do Sindicato dos Árbitros do Paraná, durante depoimento ao TJD.
Pressão
Na semana passada, Amoreti foi ao TJD para rebater as acusações feitas pelo presidente da FPF, Onaireves Moura, que afirmou que o presidente do sindicato era o líder do esquema de corrupção na arbitragem. Amoreti disse que é perseguido por Moura, que temeria a concorrência do sindicato com a Apaf, sobre a qual teria influência direta. Segundo Amoreti, as contas da Apaf, durante a gestão do ex-presidente Nelson Orlando Lehmkuhl, entre 1997 e 2002, foram aprovadas por pressão de Moura.
"O Rogério Carlos Rolim disse que as contas de Lehmkuhl foram reprovadas em uma assembléia com 209 árbitros, no Pinheirão. Mas o Moura disse que se elas não fossem aprovadas, ele (Rolim) estaria fora do quadro nacional e da FPF. Duas semanas depois, as contas foram aprovadas, em um documento assinado por Rolim, Triches e Magno (Carlos Jack Rodrigues, árbitro)", disse Amoreti ao TJD.
"É mentira"
Segundo Rolim, Amoreti mentiu ao TJD. "O Moura nunca pediu isso para mim. Ele nunca se envolveu diretamente com a associação. Eu jamais falaria uma coisas dessas ao Amoreti. Nem que fosse verdade. Inclusive liguei para ele após o depoimento para falar que ele não poderia ter dito isso", afirma.
Rolim confirma que as contas foram mesmo rejeitadas em assembléia, mas diz que elas só foram aprovadas pelo conselho fiscal após o parecer de um contador. "A assembléia rejeitou as contas porque faltavam algumas notas ficais. Demos um prazo para que o Nelson (Lehmkuhl) as apresentasse e depois passamos para o contador, que aprovou as contas."
O árbitro trouxe à Redação da Tribuna a cópia de um documento do conselho fiscal da Apaf que relata as receitas e despesas da entidade ano a ano, durante a gestão de Lehmkuhl, e atestando o equilíbrio das contas. O documento é assinado por Rolim e pelo contador Expedito Barbosa Martins. A Tribuna entrou em contato com Martins, que confirmou ter mesmo analisado as contas da Apaf. "Foi feita a análise dos documentos e emitimos um parecer, com uma série de ressalvas. Com base neles o conselho fiscal aprovou as contas", diz o contador.
Para Rolim, as acusações de Amoreti fazem parte de uma disputa pessoal com o presidente da FPF. "Na verdade é uma briga política entre os dois. O Moura não aceita o sindicato e o Amoreti quer impô-lo de qualquer maneira. Eu não quero me envolver, porque não tenho nada a ver com isso."