São Paulo – A Copa do Mundo começou para o Brasil. Os 23 jogadores que vão em busca do hexa foram anunciados na manhã de ontem pelo técnico Carlos Alberto Parreira, no Rio de Janeiro. A convocação da seleção brasileira que vai à Alemanha não chegou a surpreender, mas encerrou algumas dúvidas que permaneciam no ar nos últimos dias. A maior delas no gol, que terá Rogério Ceni, do São Paulo, ao invés de Marcos, do Palmeiras.

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Apesar de ter incluído o palmeirense na maioria de suas convocações, o treinador da seleção brasileira optou pela segurança e o deixou de fora na convocação final. Em meio a uma série de contusões, Marcos tem atuado pouco nos últimos tempos e já está há três meses sem jogar. A última partida foi no dia 11 de fevereiro, contra o Bragantino, no Palestra Itália, quando sofreu uma séria lesão muscular.

A lateral-esquerda era outro setor que levantava algumas dúvidas. Em má fase, Gustavo Nery chegou a figurar na reserva do Corinthians e perdeu espaço com Parreira. Recuperado de uma contusão, ele atuou no domingo contra o Paraná Clube, mas não bastou. Melhor para Gilberto, do Hertha Berlin, que entrou na lista e vai à Alemanha.

Outro corintiano que se deixou afetar pelo momento conturbado do time é Ricardinho. Diferente do companheiro Gustavo Nery, porém, ele segue com moral junto ao treinador da seleção e vai disputar sua segunda Copa do Mundo seguida. Perdem com isso Júlio Baptista, do Real Madrid, e Alex, do Fenerbahçe, que perderam espaço nas últimas convocações e ficaram mesmo fora da relação.

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Nas demais posições, nenhuma grande novidade. Titulares na conquista do penta, em 2002, Edmílson, agora atuando como volante, e Gilberto Silva foram confirmados no grupo. Assim como Zé Roberto, homem de confiança de Parreira e possível titular do time na estréia, contra a Croácia, dia 13 de junho.

No ataque, Fred levou a melhor sobre Nilmar e Ricardo Oliveira.

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Mas a grande arma do Brasil para buscar mais um título mundial está mesmo no setor ofensivo. E todos os craques brasileiros estão a postos.

Aí, destaque para Ronaldo, que tenta superar Pelé como jogador brasileiro com mais gols em Copas do Mundo (ambos têm 12 gols), e Ronaldinho Gaúcho, o melhor jogador do mundo na atualidade.

Rogério Ceni festeja convocação

São Paulo – Único representante do São Paulo na Copa do Mundo da Alemanha, o goleiro Rogério Ceni festejou a convocação, divulgada ontem por Parreira. Diferente de outros momentos, quando disse que estava indiferente diante da possibilidade de ir ou não à Alemanha.

?Estou muito contente. Muito feliz mesmo. Agradeço a confiança do Parreira, como também não posso de deixar de ressaltar o apoio da opinião pública. Em especial aos são-paulinos, que a todo momento me dão muita força. Agora tenho de representar o meu País com competência?, disse o capitão são-paulino, ontem, ao site oficial do clube.

O paranaense Rogério Ceni não parecia estar nos planos de Parreira há alguns meses, mas as coisas começaram a mudar no amistoso contra a Rússia, no dia 1.º de março. Com as lesões de Dida, Júlio César e Marcos, o são-paulino foi chamado e atuou como titular, com Gomes na reserva. Pressionado pela opinião pública, Parreira começou a ceder e no final levou Rogério, já que Marcos segue parado.

Naquela convocação houve certa confusão devido a declarações do são-paulino, que teria se mostrado pouco animado com a oportunidade.

Parreira acredita no Fenômeno

Rio – O atacante Ronaldo não atua pelo Real Madrid desde o dia 8 de abril, quando sofreu uma lesão muscular ma coxa esquerda. O problema físico do Fenômeno, porém, não preocupa o treinador da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira.

?Em 1994, o Branco não jogava pelo Fluminense há dois meses, sentia dores e confiamos nele. E vocês sabem qual foi o resultado. Ele entrou e resolveu. O Ronaldo é realmente um Fenômeno e mostra apenas como estávamos certos ao levá-lo para o Mundial dos Estados Unidos com 17 anos?, disse o técnico.

Parreira não acha que cometeu injustiça alguma, ao deixar fora da lista alguns jogadores que vinham sendo utilizados com freqüência.

?Evidentemente que não dá pra agradar todo mundo. Sabemos que é difícil fazer uma lista dessas.

As dificuldades são grandes. Os jogadores ficam frustrados, eles querem e almejam serem chamados para uma Copa do Mundo. Quando ficam fora é evidente que bate uma tristeza. Acho que não houve injustiça, houve um critério?, encerrou.

Aos 29 anos, Ronaldo vai disputar a sua quarta Copa do Mundo. Ele disse que ficou emocionado por ver confirmada sua presença na seleção.

?Há muito tempo venho pensando sistematicamente em ajudar o Brasil a trazer o título. Nada pode motivar mais um jogador do que uma Copa?.

?São Marcos? não esconde tristeza

São Paulo – Triste, porém conformado. Foi com esse sentimento que o goleiro Marcos reagiu diante da ausência de seu nome na lista de convocados para a Copa, divulgada ontem por Parreira. Depois de ter sido pentacampeão em 2002, o jogador do Palmeiras acabou ficando fora – Dida, Júlio César e Rogério Ceni foram os escolhidos.

?Claro que eu tinha esperança, mas o Parreira foi justo. Todos os 23 convocados fizeram por merecer e, para a minha posição, ele também foi justo. Bastante coerente?, afirmou Marcos, conformado em ter de acompanhar o mundial apenas como torcedor.

O goleiro acompanhou a divulgação da lista em sua casa, acompanhado da namorada e de alguns familiares. ?Veio o nome do Kaká, depois o do Lúcio, o do Luisão e aí pulou para o Ricardinho. Pensei: pronto, dancei!?, contou Marcos, sem perder o humor. ?Talvez se eu estivesse jogando, ficaria mais chateado. Sabia que tinha poucas chances.?

O que consolou Marcos foi ter ficado fora da lista por não estar totalmente recuperado da lesão muscular na coxa direita. E não por deficiência técnica.

Pela primeira vez, Rio não cede jogador

Rio – sinal claro da decadência que tomou conta dos grandes clubes do estado nos últimos anos, o futebol do Rio pela primeira vez não terá um representante em uma Copa do Mundo. Na lista divulgada pelo treinador Carlos Alberto Parreira na manhã de ontem apenas dois atletas atuam no Brasil, o goleiro Rogério Ceni, do São Paulo, e o meia Ricardinho, do Corinthians.

Entre 1930 e 2002, o Rio havia cedido 154 jogadores para a seleção em mundiais. O recorde aconteceu em 1930, no Uruguai, quando 23 dos 24 listados eram cariocas, já que uma briga entre os clubes paulistas e a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) impediu que atletas do estado fossem relacionados, o que voltou a ocorrer em 1934. No total, os paulistas cederam 124 atletas entre 1938 e 2006.

O Botafogo segue, porém, sendo o clube brasileiro que  teve o maior número de jogadores em Copas: 46.

Torcida pelo Japão de Zico

Rio – Com a lista pronta, o esquema de jogo definido com o quadrado mágico e o time titular na cabeça, o técnico Carlos Alberto Parreira já está completamente voltado para a partida de estréia da equipe na Copa do Mundo da Alemanha, contra a Croácia, em 13 de junho, e reconhece que torcerá pela classificação do Japão ao lado do Brasil para a segunda fase.

?A estréia sempre causa uma apreensão, os jogadores estão há oito meses sem jogar uma partida oficial e vão quebrar esse jejum exatamente na estréia da Copa do Mundo contra a Croácia, que recentemente ganhou da Argentina?, afirmou Parreira ontem, após anunciar a lista de convocados. ?Existe uma expectativa muito grande em torno da seleção brasileira, e é muito importante começar com vitória?, comentou o treinador.

Depois do primeiro jogo com os croatas, em Berlim, a seleção brasileira terá pela frente a Austrália, no dia 18, em Munique.

O encerramento na primeira fase será dia 22 contra o Japão, do técnico brasileiro Zico, e Parreira espera que o jogo possa selar a classificação de ambas as equipes para as oitavas-de-final do Mundial. ?O Japão, pelo trabalho que vem sendo efetuado, com alguns jogadores atuando no exterior, é sem dúvida uma potência do futebol asiático. Quem achar que vai encontrar moleza está muito enganado?, afirmou.

?Vou torcer para que Brasil e Japão façam um jogo em que as duas equipes estejam muito bem posicionadas para avançar no torneio?, acrescentou Parreira, que se tiver sua previsão confirmada estará vendo o Japão ao menos igualar o resultado do Mundial passado, em 2002, quando foi sede, ao lado da Coréia do Sul.