Rogério Ceni comemora marca dos 64 gols e já planeja o centésimo

São Paulo – O CT do São Paulo tinha ontem mais jornalistas que na véspera da partida decisiva contra o Inter pela Libertadores. O próprio Rogério Ceni reparou nisso. Sorriu orgulhoso. O goleiro era o motivo de tamanha atenção. Pelos menos um dia de sua carreira ele foi maior que o São Paulo, embora não tenha admitido isso e jamais o fará. Nem bem bateu um recorde histórico e novos ?desafios? lhe chegam, como alcançar a marca dos 100 gols.

Rogério pede calma. Os gols que fizeram dele o recordista na posição, superando o paraguaio Chilavert (64 contra 62), ecoaram mundo afora, com algumas agências internacionais de notícias espalhando o fato. Seu nome e feito virarão placa comemorativa no Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, onde aconteceram os dois gols no empate por 2 a 2 com o Cruzeiro domingo. ?Sinto-me orgulhoso por ter obtido essa marca, mas também quero dizer que foi bom poder ajudar o São Paulo a somar um ponto fora de casa?, começou o goleiro. ?O feito entra para a história, mas minha vida no time segue da mesma forma.?

Atrevido

Demorou um pouco para que Rogério quebrasse a barreira que o separa de ser um herói assumido. Ele nunca pensou em se transformar nisso. Mas foi se soltando. ?Foi mesmo um feito legal e que eu somente me dei conta de ter conquistado quando cheguei de volta na minha área. Ali, onde trabalho a maior parte do tempo, pensei: fiz o gol de número 63, superando o Chilavert. Sou então o recordista agora.?

Rogério falou muito de orgulho, de coragem, de ousadia em sua iniciativa de cobrar faltas. Agradeceu Muricy Ramalho, o primeiro a acreditar no seu potencial – a quem deu a camisa da partida histórica. Estava tão de bem com a vida que nem a Mário Sérgio recriminou por não o ter deixado cobrar faltas em sua passagem pelo São Paulo. ?Fui atrevido um dia e pedi para bater uma falta. Não parei mais. Hoje, tenho uma marca mundial no futebol.?

?Fico feliz por inspirar muitas crianças?

São Paulo – Para os são-paulinos, além de ter no time o maior goleiro-artilheiro de todos os tempos, uma certeza: toda vez que Rogério faz gol, o São Paulo não perde. Essa é a história dos 64 gols do jogador, que começou dia 15 de fevereiro de 1997 na vitória por 2 a 0 diante do União São João de Araras. O goleiro fez o primeiro gol do time e da carreira.

?Ocorreu uma falta aos 45 minutos do primeiro tempo. Eu já havia cobrado algumas em outros jogos sem nunca ter marcado. Fui lá bater. Cobrei no canto. O goleiro era o Adinam, que ainda tocou na bola. Nunca vou me esquecer desse.? Ele fez questão ainda de lembrar que o treinador era Muricy Ramalho.

Foi ao final da temporada passada que o goleiro pensou pela primeira vez com mais carinho na possibilidade de superar o recordista Chilavert. Rogério marcou 21 gols – uma marca impressionante para um goleiro num mesmo ano. ?Sei e fico feliz por ser o inspirador de muitas crianças. Nos anos de 92/93, as campanhas do São Paulo fizeram ?nascer? muitos torcedores. Espero que agora tenhamos essa mesma sorte?, comentou o atleta.

Rogério, claro, quer ir além. Mas se permite não fazer qualquer tipo de planejamento de suas marcas. Quer viver a vida, diz, como tem feito desde que estreou no time tricolor. ?Nunca tive pressão dos meus pais para me tornar um jogador de futebol. Na verdade, nunca quis ser jogador, nunca quis ser goleiro. Foi tudo acontecendo na minha vida e vou deixar que continue assim.?

Rogério tem único plano: jogar no mínimo mais dois anos e no máximo mais cinco. Se mantiver o aproveitamento de 12 gols por temporada, chegará ao 100.º em 2009.

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