Como toda marca histórica, o centésimo gol de Rogério Ceni vem acompanhado de uma grande retrospectiva de sua carreira. Após marcar contra o Corinthians e decidir o clássico na Arena Barueri, o goleiro do São Paulo relembrou as primeiras cobranças, os momentos difíceis e as boas recordações que os cem gols lhe trazem.

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“A primeira vez que pensei em bater faltas foi em 1996. Comecei a treinar e bati 15 mil faltas naquele ano. Lembro que a primeira cobrança foi contra o Fluminense, depois contra o Flamengo, no Maracanã. Aí, logo depois saiu o primeiro gol. Se não tivesse saído aquele gol, talvez eu não teria dado sequência”, revelou o goleiro, lembrando gol inicial em fevereiro de 97, contra o União São João.

Rogério Ceni destaca a importância que teve, no início de sua carreira no São Paulo, a influência de Muricy Ramalho, inicialmente assistente de Telê Santana e depois treinador da equipe, ainda em 1996. “Ele me via treinando todos os dias. Para qualquer coisa na vida tem sempre alguém te olhando. A imprensa dizia que era um absurdo o goleiro bater faltas, tinha um preconceito. O Roberto Rojas, que era meu preparador na época, também me ajudou bastante. Na época não tinha esta riqueza de informações que tem hoje. Não existia internet. Nunca tinha visto o Chilavert bater”, contou.

Se Muricy incentivou, Mário Sérgio, que treinou o São Paulo em 1998, proibiu as cobranças de falta de Rogério Ceni. Mas o goleiro não guarda rancor do treinador. “Eu gosto muito dele, mas ele chegou com esta ideia fixa na cabeça. Foi um ponto importante na minha carreira, a reprovação de alguém. Poderia me abalar naquele momento, mas para mim foi bom”, revelou.

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Os cem gols só foram possíveis porque cem faltas ou pênaltis foram sofridos pelos jogadores de linha do São Paulo. Entre tantos que ajudaram nessa contagem, Rogério Ceni destaca um: o atacante Aloísio. “Foi meu maior parceiro de gols. Ele gostava muito do contato físico. Provavelmente foi o cara que mais sofreu faltas para esta contagem. Sou muito grato a ele”, admitiu.

Dos cem gols, o mais importante continua sendo o primeiro. “Não sabia comemorar nem para onde correr. Foi uma grande novidade naquele momento. Poucos esperavam que eu fosse bater, tampouco fazer. E um gol que eu vibrei muito foi contra o River Plate, na Libertadores de 2005, no Morumbi”, lembrou.

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Mesmo artilheiro, Rogério continua sendo um goleiro. E, para ele, o jogo mais importante de sua carreira foi um em que ele não somou gols para a contagem, mas converteu um pênalti, defendeu dois e classificou o São Paulo às quartas de final da Libertadores de 2004. “Um estádio lotado. Depois de dez anos nós voltamos para a Libertadores. Aquele dia eu vi as pessoas chorando, em lágrimas. Eu faço minha parte nesta hora. É um orgulho ir para casa, deitar e ver que venci mais um dia na minha vida. É muito legal ver as pessoas felizes. O futebol propicia as maiores emoções.”

Rogério Ceni sabe que está marcado na história do São Paulo, mas prefere não comentar sobre o fato de ser considerado por muitos o maior ídolo do clube. “Meu nome será lembrado para sempre. Mas o mais importante do clube? Isso é uma coisa que o tempo vai dizer. Cada década surge novos ídolos que vão fazer sua história. Mas tenho certeza de que as pessoas vão sempre se lembrar do atleta, do nome Rogério Ceni. O São Paulo é minha vida e espero fazer parte da vida de muitos torcedores são-paulinos”, finalizou o goleiro.