Teresópolis – Diante do local que determina a área reservada à imprensa na concentração da seleção brasileira, Robinho recebeu, ontem, um abraço afetuoso do coordenador-técnico Zagallo, o maior crítico do comportamento do atleta durante o Torneio Pré-Olímpico deste ano no Chile, no qual o Brasil não obteve a classificação para os Jogos de Atenas.
“Você vem demonstrando estrutura, equilíbrio emocional e está na seleção também pelo talento.” Encabulado, Robinho abriu um sorriso tímido e agradeceu pelos elogios. “O Zagallo é como um pai de todos nós aqui.”
A relação mais amistosa entre os dois vem abrindo espaço para Robinho na seleção. O jogador do Santos só havia sido convocado uma vez para a equipe principal do Brasil: ano passado, para uma partida contra o México. Ele não entrou em campo, o que pode se repetir domingo, contra a Bolívia. Mas isso não importa, segundo o próprio Robinho. Depois da campanha fracassada do Brasil no Pré-Olímpico, Robinho e Diego sofreram a maior parte das cobranças.
Os dois se expuseram numa brincadeira registrada por um fotógrafo, em que Robinho baixava o calção de Diego, quando o amigo posava para as fotos de credenciamento da competição. O gesto foi apontado por dirigentes da CBF, depois da eliminação, como exemplo da falta de seriedade do grupo.
Por algumas semanas, nenhum dos dois conseguiu repetir no Santos as boas atuações da temporada anterior. Aos poucos, porém, se recuperaram.
Diego voltou mais cedo para a seleção e Robinho parecia não estar nos planos imediatos de Parreira.
Com os últimos incidentes, em que alguns atletas foram punidos por supostamente não terem se esforçado para jogar contra o Haiti, em 18 de agosto, a comissão técnica da seleção se viu obrigada a ampliar o leque de convocação. No rastro da ausência de Kaká, Robinho foi relacionado.
Ele disse, ontem, que sempre manteve a esperança de integrar a equipe novamente, o mais rápido possível. “Eu sabia que se continuasse muito bem no Santos, seria lembrado pelo Parreira. Foi o Santos que me levou à seleção.”
Oito meses depois do Pré-Olímpico, Robinho não tem dúvidas de que passou por um processo acelerado de maturidade. “Eu repensei o que fiz.
Se fosse hoje, não repetiria o gesto, pois prejudicaria a seleção.” Agora, já traçou o novo objetivo: se firmar na equipe para disputar a Copa do Mundo de 2006.
Calote
Os jogadores contemplados com televisores de 42 polegadas durante a Copa América, em julho, não receberam, até hoje, o prêmio prometido pelos organizadores da competição. Adriano, por duas vezes, Alex, Julio César e Juan foram agraciados com a entrega simbólica dos aparelhos de TV no final de algumas partidas da Copa. Adriano já havia planejado dar um televisor à sua mãe, dona Rosilda. Apesar da demora, eles ainda acreditam que o brinde será entregue.
“Estou sentindo que vamos ser passados pra trás, que vamos levar um calote feio”, comentou Julio Cesar. Ele conversou com Adriano, Alex e Juan sobre o assunto e pediu ajuda ao assessor de Imprensa da CBF, Rodrigo Paiva. Quer, de alguma forma, pressionar os que prometeram os prêmios.