O técnico Roberto Cavalo por duas vezes chegou ao Paraná Clube como “bombeiro”. Na disputa da Série B, em 2009 e 2010, o treinador conseguiu uma guinada em perigosa trajetória que apontava para o rebaixamento. Agora, o desafio do treinador é reconstruir um elenco.

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Nas suas palavras, “partindo do zero”. Sob uma política de contenção total nos gastos, o Tricolor joga com a sorte (e com o conhecimento do treinador) para armar um esquadrão de guerreiros, jogadores jovens e que veem no azul, vermelho e branco a chance de uma projeção nacional.

É possível fazer uma limonada com esses limões?

Roberto Cavalo: São profissionais. O mercado está difícil e muito concorrido. Mas, esses jogadores sabem o quanto o Paraná Clube é grande e forte. Estão tendo a oportunidade de mostrar suas qualidades. Dentro do que estamos querendo para o Estadual, poderá dar uma limonada muito boa, sim.

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Sem recursos, a ideia é pisar no freio agora, para soltar lá na frente, pra Série B?

Cavalo: Tem que ser assim. Eu gostaria de contratar jogadores de renome agora. Contatei Val Baiano e Kempes. Era o meu ataque. Mas, não adianta. Foge da realidade e não temos condições de pagar.

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Não adianta trazer cinco jogadores para brigar pelo título e no segundo mês você não paga. Os jogadores largam e não há o que fazer. Estou contente com o que está acontecendo.

Diretoria e comissão técnica abraçaram esse projeto e não vamos abrir mão. Queremos o título, mas ciente das dificuldades. Vamos encarar adversários que mantiveram a base, estão contratando e tem dinheiro. Com humildade e pés no chão, correremos por fora.

Essa política resiste a eventuais resultados ruins?

Cavalo: O momento é reflexo do que ocorreu no passado. Muitas contratações e o que foi gasto. Hoje, não vamos gastar muito porque não tem como pagar. Dou parabéns à diretoria pela atitude, porque enquanto não colocar a casa em dia você não resolve os problemas.

Não adianta se enganar. Contrata, monta um time de R$ 500 mil de folha e não paga nem o primeiro mês. O Paraná fez isso. Hoje é doído, é sofrido. Mas, lá na frente, o clube vai ganhar com isso. Estamos no caminho certo, prometendo e cumprindo. Na hora da Série B, não preci-saremos desmontar o time.

O campeonato começa em uma semana. Você tem um esboço do time ou isso é impossível?

Cavalo: Impossível não. Tenho mais ou menos uma base na minha cabeça. Mas, é claro, o tempo é curto e só agora estamos começando o trabalho com bola. Temos um amistoso contra o Cerro Porteño na próxima quarta.

O jogador precisa de coletivos para tirar a ansiedade e conhecer os companheiros, só que não temos tempo para isso. Por isso, peço paciência para a imprensa e, em especial, para o torcedor. Não vamos sair ganhando todas de uma hora para a outra.

Outros times já têm formações definidas. O Corinthians Paranaense, nosso primeiro adversário, já fez até amistosos. Estão melhor que o Paraná e isso é realidade. Vou conversar muito com esses garotos, pois as primeiras rodadas serão de superação.

O campeonato permite isso, pois há todo um segundo turno…

Cavalo: É isso que acontece. No primeiro turno, temos que buscar ritmo e entrosamento. Não apenas para a segunda fase do Paranaense, mas também para a Série B.

Esse trabalho que está sendo feito agora é visando também a competição nacional. Se você deixa pra montar o time para a Segundona apenas ,em maio, você não chega.

Nesse Paranaense, vamos ver quem tem perfil de Série B e tem condições de vestir a camisa do Paraná e resolver. O grande foco do clube, não dá pra esconder isso, é a volta à primeira divisão do futebol brasileiro.