O técnico Roberto Cavalo inicia nova fase no Paraná Clube tentando decifrar um enigma. No primeiro contato com o grupo, transferiu aos atletas uma pergunta no mínimo complexa.
Afinal, o que houve com a equipe? O Tricolor chegou a liderar a Série B e hoje ficou relegado à luta pela sobrevivência no segundo escalão do futebol nacional. “O grupo é praticamente o mesmo. Então, isso não poderia ter acontecido”, apressa-se em afirmar o novo comandante paranista.
Na missão de recuperar o futebol – e a confiança – do início da competição, Cavalo pode até mexer na estrutura tática do time. Sem tempo a perder, foi logo aplicando um coletivo em seu primeiro dia à frente do grupo. O técnico optou por armar o time num 4-4-2.
“Ainda estamos avaliando o elenco. Mas, se as coisas vinham mal, é preciso mudar. Acho que o time precisa ter variações e, em casa, gosto de uma postura mais ousada, com dois meias”, justificou.
As mudanças, porém, não se limitam à esquematização. A volta de Cavalo à Vila Capanema tirou do “limbo” o volante Luiz Camargo. O jogador, protagonista de uma discussão com o então técnico Marcelo Oliveira e seu auxiliar Cleocir Santos, reaparece como titular do meio-campo.
Posição em que se destacou no ano passado. “Conheço bem o Camargo e sei do seu potencial. Além do mais, se a base anterior não vinha obtendo resultados, é preciso mudar”, comentou Cavalo.
O “novo” Paraná conta ainda com a volta do ala Murilo e do atacante Rodrigo Pimpão, que há tempos estavam no departamento médico. Diante dessas opções, Roberto Cavalo escalou ontem a seguinte formação: Juninho; Murilo, Irineu, Luís Henrique e Kim; Chicão, Luiz Camargo, William e Wanderson; Lima e Rodrigo Pimpão.
A chegada de um novo treinador também faz com que William – até então escalado como atacante de área -volte a disputar posição no meio-campo. Cavalo pretende definir o time no coletivo de amanhã e ainda aguarda por Anderson Aquino. O atacante se recupera de uma tendinite no joelho e é dúvida.
“É um jogador importantíssimo. Por seu potencial, prefiro até preservá-lo dos coletivos. É importante ele estar inteiro para o jogo”, afirmou Cavalo. Mesma regra aplicada a Pimpão. Mas, como não joga há um mês, o próprio jogador pediu para participar do coletivo de ontem. Mesmo exaltando a qualidade técnica do grupo, Cavalo não escondeu a preocupação com a falta de “pegada”.
“Os titulares e reservas apresentaram uma marcação muito frouxa. A Série B exige outra atitude. Exige algo a mais”, avisou Cavalo. Este será o tema principal da conversa de hoje com o grupo. “Até quinta, já vamos ter outra postura. Isso é algo que a gente corrige na conversa, mexendo com o emocional dos atletas”.
Sobre esse tema, o técnico acredita numa reação rápida. “Senti o grupo muito chocho no início. Tive que dar boa tarde três vezes até receber a resposta num bom tom. É efeito daquela derrota para a Portuguesa. Mas isso é passado”, arrematou.
