Roberto Brum pediu desculpas ao grupo.

Oficialmente, está encerrada a crise de relacionamento mais grave do Coritiba nos últimos anos. Com um pedido de desculpas aos jogadores, o volante Roberto Brum foi reintegrado ao elenco alviverde depois de exatos dois meses de afastamento. Nesse período, houve rusgas, mal-entendidos e saias-justas entre o “Senador” e o técnico Antônio Lopes, que respingaram no elenco e na diretoria. A medida, que visa a reaproximação do grupo, é a primeira e mais visível da intertemporada.

A definição do caso, que fora prometida para domingo, aconteceu apenas na noite de segunda. Sem propostas para deixar o Alto da Glória, Brum conversou com o presidente Giovani Gionédis, e reconheceu que estava errado. “Eu tive que me desarmar de muita coisa, principalmente do meu ego. Não poderia ser mais vaidoso, teria que perceber que tinha falhado e que precisava pedir desculpas”, conta o meio-campista.

Com a informação, começou uma bateria de reuniões. A diretoria, que já conversava no Couto Pereira, começou a tratar exclusivamente do assunto. Na Estância Betânia, onde o elenco está concentrado, a comissão técnica recebia as notícias e aguardava um posicionamento da direção e de Lopes, que chegara do Rio pouco antes. No final da noite, o técnico reuniu-se com o vice-presidente Domingos Moro e com o gerente Oscar Yamato, e ali decidiu-se que Brum teria a chance de falar na reunião das 9h de ontem.

Cumpriu-se então o que Antônio Lopes pedira – com a presença da diretoria, de toda a comissão técnica (incluindo o treinador) e dos jogadores, o “Senador” pediu desculpas aos seus companheiros – especificadamente para os outros volantes do grupo, e para Jucemar e Adriano, que foram os alvos da ira do volante no episódio que detonou a crise. Todos aceitaram o pedido do volante, e Lopes ali mesmo anunciou que ele estava reintegrado ao elenco. “Foi uma atitude muito digna dele, porque viu que o que aconteceu antes poderia ser superado”, diz Brum.

Não houve discursos emocionados nem remissões profundas. “Foi uma conversa muito serena”, conta Domingos Moro. “Era a posição dele. No momento em que ele tomou a decisão certa, voltou ao elenco. A gente já tinha conversado sobre isso antes, e eu tinha deixado claro que ele precisava pedir desculpas aos companheiros, não para mim. O Brum é um jogador querido do grupo, e essa atitude é extremamente positiva para todos”, resume o treinador coxa.

E, bem ao seu estilo, Roberto Brum trabalhou normalmente com os jogadores, realizando a avaliação física. “Estou em forma, e pronto para ajudar”, garante ele, que também jura que não vai se opor a uma possível reserva. “O Lopes é um profissional reconhecido, que ganhou muitos títulos, e sabe muito bem o que fazer. A decisão dele será sempre a mais correta”, finalizou o “Senador”.

Semana começa com “lavagem de roupa suja”

A reintegração de Roberto Brum ao elenco do Coritiba deixou em segundo plano outra reunião acontecida no CT da Graciosa na manhã de ontem. Depois do pedido de desculpas do “Senador”, dirigentes e comissão técnica saíram do vestiário e deixaram os jogadores conversarem sozinhos. Foi a primeira oportunidade para que eles fizessem o que a diretoria pedira: tentassem, internamente, chegar aos motivos da má fase técnica da equipe.

“Era bom uma coisa assim, porque a gente ficou apenas naquela conversa informal, entre grupos”, conta o capitão Reginaldo Nascimento, um dos maiores entusiastas da “reclusão” da intertemporada. “Se estamos perdendo, é que há problemas. E é muito fácil ficar um período desses depois de vencer. É a hora de ficarmos juntos”, concorda Aristizábal, outro defensor da concentração.

Antes de falarem sozinhos, porém, o técnico Antônio Lopes conversou com Tuta e Luís Mário. Os dois foram muito criticados nas últimas partidas, e são alvo da insatisfação da crítica e da torcida por causa da expectativa que rondava a dupla – e também Aristizábal. Apenas depois dessa minirreunião o elenco foi “liberado” para lavar a roupa suja.

Roberto Brum, já reintegrado, acredita que a conversa interna é decisiva para a recuperação do Cori. “Foi muito legal ver o Ari, que é um jogador consagrado, dizer que vai colocar o pé nas divididas, que vai para o sacrifício, que vai assumir a responsabilidade. O Luís Mário fez a mesma coisa, e isso dá ânimo para todo mundo”, diz o “Senador”.

Seria a mudança de postura esperada pelos dirigentes. “Sentimos uma resposta muito positiva dos atletas. Isso nos dá a certeza que teremos um time diferente ao final desta intertemporada”, afirma o vice-presidente Domingos Moro. “Nós vamos pegar o São Caetano, que é o melhor time do Brasil. E vamos ganhar, podem ter certeza”, promete Roberto Brum.

Diretoria fala em reforços e tem nomes em vista

A diretoria do Coritiba enfim abriu o jogo. A idéia é contratar, nem que para isso seja necessário negociar alguns jogadores do elenco. Em entrevista à Rádio Transamérica, o vice-presidente Domingos Moro confirmou que o clube busca reforços, principalmente para o meio-campo. O Corinthians foi o primeiro clube sondado pelos alviverdes.

Os nomes que interessavam ao Coxa eram os armadores Dinélson e Adrianinho, que estavam fora dos planos do ex-treinador Oswaldo de Oliveira. Mas com a queda e a contratação de Tite, qualquer posição sobre possíveis liberações foi postergada. Um jogador que teria sido oferecido seria o meia Rodrigo, também do Timão, mas esse não está nos planos do clube.

Segundo Moro, o momento é de avaliação. “Nós temos pouco tempo, e não podemos errar. O Cláudio Marques (avaliador da comissão técnica) está em São Paulo, e estamos buscando valores”, afirmou o vice-presidente. “Sabemos das nossas carências, e vamos trazer reforços sim”, garantiu.

E jogadores podem sair como “moedas de troca”. “Se for necessário, vamos negociar atletas. Precisamos fazer com que nosso elenco, que é muito bom, fique ainda melhor”, disse Moro.

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