Dono de cinco medalhas olímpicas e um dos maiores atletas do Brasil, Robert Scheidt andou velejando na classe 49er e parece ter gostado dos resultados. Tanto que ele pretende disputar em janeiro a Copa do Mundo, em Miami, nos Estados Unidos, ao lado de Gabriel Borges – competição que pode ser o pontapé inicial de uma campanha olímpica rumo aos Jogos de Tóquio, em 2020.
“Esse lado da motivação eu tenho. Depois da Olimpíada do Rio, eu fiquei um pouco indeciso e não sabia se continuaria em classes olímpicas. Mas tenho ainda lenha para queimar e uma nova categoria é uma nova motivação”, afirmou o atleta, que tem no currículo duas medalhas de ouro (classe Laser em 1996 e 2004), duas de prata (Laser em 2000 e classe Star em 2008) e uma de bronze (Star em 2012).
Scheidt fez alguns testes após os Jogos do Rio-2016 e a classe que mais lhe atraiu foi a 49er. “É um barco que tem muita velocidade, mas para isso virar uma campanha olímpica dependo de algumas coisas. Tenho acordos com parceiros que terminam no fim do ano e em janeiro. Preciso conversar com eles para ver se sigo em frente para mais um ciclo olímpico”.
O velejador explica que a classe 49er não é tão “aeróbica” quanto a Laser, mas, por ser mais dinâmica, exige um raciocínio rápido. Mesmo aos 43 anos, ele acha que pode dar conta do desafio. “O lado da idade eu sempre tenho de cuidar, de lesões e recuperação. Tenho chance de velejar bem na 49er. Claro que tem uma montanha para aprender e evoluir. Acredito que em quatro anos dá para fazer um bom papel”, afirmou.
O velejador sempre cuidou do corpo e, por isso, entende que a idade não pesa tanto para ele em uma competição. “Eu tenho uma família de esportistas, sempre me cuidei na parte de alimentação e nesses últimos anos dosei os treinamentos, fazendo com mais qualidade do que com quantidade. A vela é um esporte que depende da experiência, pois é necessário saber ler o vento e tomar decisões. O lado físico é importante, mas é só um dos aspectos”.
Gabriel Borges, seu provável parceiro em uma campanha olímpica, participou dos Jogos do Rio como proeiro de Marco Grael – eles terminaram na 11.ª colocação. “Se virar campanha olímpica, vou sentar na mesa e conversar com ele sobre muitas coisas. O Gabriel seria o nome para ser meu parceiro”, revelou Scheidt, sobre o atleta de 24 anos.
Além da 49er, Scheidt cogitou também outra classe, a Nacra 17, um catamarã de casco duplo para um homem e uma mulher. “Essa é outra categoria que poderia velejar. É um barco que exige até menos em termos físicos, mas como peso entre 80 kg e 82 kg, precisaria de uma proeira bem leve. Mas aí ela não teria a força física necessária. Como fisicamente já sou um pouco grande, acho que não daria certo (na embarcação)”.
Ele, inclusive, até pensou em um primeiro momento que poderia fazer dupla com sua mulher, Gintare, mas como ela é lituana – foi inclusive a porta-bandeira da delegação nos Jogos do Rio -, não iria competir pelo Brasil. “Tem toda a questão do patriotismo. Acho que se ela fizer outra campanha olímpica, faria mais uma de Laser, pois é jovem, tem 34 anos”.
Ao que tudo indica, se acertar com patrocinadores, Scheidt deve ir para mais uma caminhada olímpica rumo aos Jogos de Tóquio, em 2020. E poderá ganhar mais uma medalha para a sua coleção de conquistas. “Tem de ser competitivo ainda. Não quero entrar só por fazer, quero tentar engrenar. Sei que os resultados não vão vir imediatamente e precisaremos de um bom treinador. Será um processo de aprendizagem. Se fechar com patrocinadores, vou investir meu tempo nisso nos próximos quatro anos e temos chances de fazer uma boa campanha no Japão”, acredita Scheidt.