Juvenal Juvêncio alertou Adilson Batista, durante a semana passada, de que um tropeço em Goiânia custaria seu cargo. Imediatamente após a derrota do São Paulo para o Atlético-GO por 3 a 0, na noite de domingo, anunciou a demissão. O presidente são-paulino admite decepção com o trabalho do treinador, contratado por ele em julho deste ano para substituir Paulo Cesar Carpegiani, embora o defina como “sério e trabalhador”, e corre atrás do substituto, missão considerada difícil no Morumbi.
Seu descontentamento, no entanto, não se limita a Adilson. Juvenal lembra que boa parte dos jogadores não está rendendo o esperado individualmente. Rivaldo, sempre aclamado pelo torcedor, é um dos que não agradam ao presidente. Seu contrato não deverá ser renovado para 2012, independentemente do que ocorra na reta final do Campeonato Brasileiro e na Copa Sul-Americana. “Rivaldo é um grande profissional, disciplinado, mas já não é mais aquele jogador.”
Na visão da diretoria, o técnico insistiu demais com Rivaldo, talvez até de maneira inconsciente, por causa dos pedidos da torcida e da simpatia que carrega dentro do grupo. A cúpula tricolor não se conformou com o fato de o veterano jogador ter atuado durante os 90 minutos contra o Internacional, na quarta-feira (empate por 0 a 0), apesar do cansaço no segundo tempo e da baixa produtividade.
Milton Cruz assume o comando da equipe interinamente – nesta quarta-feira, o desafio é em casa, contra o Libertad, pela Sul-Americana. Mas o objetivo do clube é contratar até a próxima semana um novo treinador. “Não existe no mercado um técnico que tenha unanimidade no São Paulo”, comentou Juvenal. “Precisamos trazer alguém que tenha currículo, a torcida exige nome forte.” Luiz Felipe Scolari faz parte desse pequeno grupo. Juvenal acredita, porém, ser difícil acertar com o palmeirense agora. Embora a situação de Felipão no Palestra Itália não seja nada boa.
Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada nesta terça-feira, Juvenal diz ainda ser possível conquistar o Brasileiro, afirma que o time vai com força máxima na busca pelo título da Sul-Americana e fala da confiança no futebol de Luís Fabiano.
Ao falar sobre Adilson, Juvenal fez elogios ao caráter do técnico, mas admitiu que se decepcionou com o desempenho do treinador. “Em primeiro lugar, o Adilson é um bom sujeito, um cara sério e trabalhador. Essas são qualidades que deveriam ser naturais do ser humano, mas não são. Por isso, é importante ressaltá-las. Mas ele não foi bem, os resultados estão aí para mostrar. Ele cometeu alguns erros. Não deveria ter se preocupado em ficar dando explicações do passado (referindo-se às passagens sem sucesso por Corinthians e Santos). Ele não se mostrava seguro em alguns jogos e eu percebi que não estava bem”, afirmou o dirigente, antes de dizer que o treinador não soube utilizar Rivaldo como deveria no clube.
“Às vezes, ele parecia querer atender ao pedido do torcedor para pôr o Rivaldo. E muitas vezes não era o caso… Contra o Inter, por exemplo, o Rivaldo ficou o jogo todo em campo, mas não estava bem. Perdeu um gol claro. Adilson é um bom cidadão, mas não deveria querer contemporizar, agradar à torcida, ao grupo ou à mídia. O compromisso aqui é com a instituição”, completou Juvenal.
Ao falar sobre o possível substituto de Adilson, o mandatário são-paulino admitiu dificuldade de chegar a um consenso no clube sobre a escolha. “Não existe um nome que seja unanimidade no clube. Talvez nem entre os treinadores empregados. Está difícil. Começamos a analisar e conversar internamente”, revelou, antes de enfatizar que é “muito difícil pensar em Felipão agora”, pois o treinador está à frente do Palmeiras neste momento.
Já ao comentar as chances de o São Paulo ser campeão brasileiro, Juvenal não perde a fé na conquista, apesar de o time estar hoje seis pontos atrás dos líderes Corinthians e Vasco. “Vou usar um jargão popular: ‘O jogo só termina quando acaba’. Vamos lutar até o último minuto. Não é impossível, porque o Brasileiro de 2011 está diferente, não é um campeonato de ganha, perde e empata. Os times perdem, perdem de novo, empatam… A competição está muito achatada. Quem ganha duas partidas seguidas já sobe muito”, opinou.
Juvenal também evitou criticar Luís Fabiano, que disputou quatro partidas desde a sua reestreia e ainda não marcou um gol neste retorno ao clube. “Se ele tivesse feito um gol, aquele de pênalti contra o Cruzeiro, por exemplo, já estaria melhor, mais tranquilo, menos ansioso. Mas é apenas questão de ajuste, logo ele estará bem”, aposta.