Com o projeto mais caro entre as quatro cidades concorrentes a sede da Olimpíada de 2016, o comitê organizador da candidatura do Rio de Janeiro optou pelo conservadorismo na projeção dos recursos arrecadados com a venda de ingressos. Na apresentação do projeto em Londres, nesta segunda-feira (16), o secretário-geral do Rio/2016, Carlos Roberto Osório, disse que a ideia é oferecer ingressos acessíveis à população.
“Isso pode ser visto como um subsídio do governo para a compra de ingressos”, disse Osório. “Se o governo está ajudando, é preciso ter a contrapartida social”, confirmou o presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman.
A intenção de facilitar o acesso dos torcedores já estava expressa no sumário executivo do projeto, que tem um capítulo intitulado “Jogos Acessíveis para Todos”. Pela proposta, não haverá venda de ingressos casados – aqueles que misturam eventos de maior demanda com outros que não têm tanto apelo popular – e as sessões serão mais curtas, o que, segundo os organizadores, evitará a ocorrência de assentos vazios durante as competições.
O dossiê da candidatura, entregue na semana passada ao Comitê Olímpico Internacional (COI), prevê investimentos de US$ 14,4 bilhões (R$ 32 bilhões), a cifra mais alta entre as outras concorrentes – Tóquio (R$ 17 bilhões), Chicago (R$ 7 bilhões) e Madri (R$ 6 bilhões). Para fazer frente aos aportes necessários, o Brasil conta com as três esferas de governo, a iniciativa privada e a contribuição do COI.
Os investimentos considerados operacionais, para a condução dos Jogos, somam US$ 2,8 bilhões. Desse montante, 45% deve vir do setor privado, 31% do COI e 24% dos governos. Os aportes para a conclusão da infraestrutura para o evento esportivo estão previstos em US$ 11,6 bilhões. “O governo federal será a principal fonte de financiamento, porque ele é responsável pelos projetos que envolvem os maiores custos”, reconheceu Nuzman. No entanto, os organizadores não detalharam os porcentuais de participação da origem dos recursos.
Segundo Osório, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) será uma das principais fontes de financiamento para a infraestrutura. O programa contempla, por exemplo, a reforma do aeroporto internacional Tom Jobim. Além disso, a candidatura do Rio ofereceu a garantia dos governos para a execução de cada projeto necessário, sendo que a parte federal é a mais expressiva. Isso significa que, caso não sejam encontrados parceiros privados, os governos entrarão com os recursos para a finalização das obras.
Nuzman apresentou como exemplo a construção da Vila Olímpica, na Barra da Tijuca. A previsão é de que o investimento seja privado, mas a Caixa Econômica Federal (CEF) deu uma carta de garantia para o projeto. O mesmo foi feito para outras obras.
A única parceria público-privada prevista é para a renovação do Maracanã. Os demais projetos terão a entrada da iniciativa privada diretamente ou por meio de concessões, como no metrô do Rio. O compromisso com as garantias foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o prefeito da cidade, Eduardo Paes.
“Nós entendemos a atual crise e resolvemos propor as garantias porque achamos que seria apropriado”, disse Osório. “Nosso projeto é realista e já contempla tudo o que é necessário.” O objetivo é aproveitar todas as instalações construídas para os Jogos Pan-Americanos de 2007. Segundo a organização, 73% dos locais já estão prontos.
A proposta prevê que todas as provas serão realizadas na própria cidade, em quatro zonas: Barra (onde, além da Vila Olímpica, ficará o complexo aquático), Copacabana (esportes ao ar livre), Maracanã (que será reconstruído) e Deodoro (onde ficará o X Park, para ciclismo e mountain bike, entre outros).
Segundo a ex-jogadora de basquete Janeth, que também participou da apresentação, os atletas contribuíram com sugestões para o projeto da Vila Olímpica, que reunirá os participantes em um mesmo local, inclusive com uma praia à disposição.