A paralisação dos estaduais por causa da pandemia do novo coronavírus deve gerar um efeito cascata nas finanças dos clubes de menor expressão. No caso do Rio Branco, de Paranaguá, sétimo colocado na primeira fase do Paranaense, o risco é de uma série de ações trabalhistas.
O time, que demitiu toda a comissão técnica após o anúncio de suspensão do campeonato, mantém os 32 jogadores do elenco ainda sob contrato. Porém, como não há previsão de retorno às atividades, a diretoria decidiu que não vai pagar salários durante o período sem jogos.
Em março, o plantel recebeu referente aos primeiros 15 dias do mês, explicou o presidente do Conselho Deliberativo do clube, Itamar Bill, à reportagem.
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“Estamos de mãos amarradas, querem que a gente assalte um banco pra pagar? Não temos patrocinador master, nossa fonte de renda é a cota do streaming, que não sabemos se será mantida”, disse o dirigente, ressaltando que os vencimentos foram pagos em dia desde a pré-temporada, em novembro.
“Não temos como pagar agora. Deixamos a situação transparente para os jogadores e funcionários. Nossa receita futura é a renda do mata-mata e as parcelas da transmissão. Faltam três repasses de cerca de R$ 74 mil cada. Tínhamos patrocinadores colaborando mês a mês. Hoje, com tudo parado, não conseguimos captar nada”, afirmou.
Segundo Itamar, o Rio Branco está ciente de que talvez tenha que enfrentar a Justiça por causa da atitude, mas não há alternativa que não onere o clube.
“Cada ser humano age de forma diferente. Na conversa, todos entenderam os nossos motivos. Mas é possível que entrem ações trabalhistas. Os contratos vão até 30 de abril. Caberá ao clube se defender, explicando por que não foi possível cumprir”.
Demissões
Além da comissão técnica, será inevitável demitir parte do elenco para um eventual retorno do campeonato. A diretoria já analisa, posição por posição, quem deve ficar. Metade pode sair.
No lugar de Tcheco, o diretor de futebol Amaury Knevitz voltará ao trabalho à beira do gramado nos duelos restantes. Nas quartas de final, a equipe enfrenta o FC Cascavel.
“Temos 32 jogadores devidamente habilitados para jogar no quadro profissional. Na volta, que ainda não sabemos quando será, não retornam todos. Devemos ficar com 18 a 20 atletas para jogar o mata-mata”, revelou Itamar, que garante que nunca pensou em demitir todo o elenco e depois recontratar.
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“Em hipótese alguma. Só temos dois ou três atletas registrados nas categorias de base. Tomaríamos W.O., seríamos rebaixados pelo nosso entendimento do regulamento”, falou.
O dirigente também disse que vai entrar em contato com o presidente Hélio Cury para discutir como a Federação Paranaense de Futebol (FPF) pode ajudar a amenizar a situação do clube.
“Nós e o Cianorte, que também não tem calendário, vamos ter uma grande dificuldade. Queremos nos orientar se será possível, por exemplo, fazer um aditivo no contrato dos atletas, uma prorrogação por um mês, caso o campeonato volte depois de 30 de abril. É uma questão burocrática que precisamos definir”.
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