O ineditismo de uma Olimpíada na América do Sul, as belezas naturais, garantias econômicas e o legado para a cidade deram o tom da apresentação da candidatura do Rio aos membros do COI, nesta sexta-feira, em Copenhague. O comitê brasileiro teve sua última chance de mostrar seus planos para organizar os Jogos de 2016, e apostou na fórmula utilizada durante toda a campanha.
“Represento as esperanças e sonhos de 190 milhões de brasileiros. Estão todos unidos torcendo pelo Rio de Janeiro. Somos um povo apaixonado pelo esporte, apaixonado pela vida”, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no início de seu discurso, já na fase final da apresentação. Ele insistiu no fato de o continente jamais ter recebido o evento.
“Para os outros será apenas mais uma Olimpíada. Para nós, será uma oportunidade sem igual. Essa candidatura não é só nossa, é também da América do Sul, com 400 milhões de habitantes e 180 milhões de jovens. Para o movimento olímpico, essa decisão abrirá uma nova e promissora fronteira”, afirmou Lula.
O presidente destacou que o País vive um bom momento econômico, e que está comprometido com as promessas de investimento feitas. “O Brasil vive um excelente momento. Temos uma economia que enfrentou sem sobressalto a crise financeira que causou tanta dificuldade aos outros países”, disse.
A apresentação da candidatura do Rio começou com João Havelange, presidente de honra da Fifa e membro mais antigo do COI atualmente. O decano discursou em francês, dizendo-se orgulhoso por falar em nome do Rio, cidade onde nasceu e comecei a praticar esportes.
O segundo a falar foi Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB). O dirigente destacou o apoio governamental aos Jogos, e destacou que a América do Sul jamais recebeu o evento. Pedindo uma chance ao continente, ele mostrou um mapa com o número dos eventos nos demais continentes.
Após o discurso de Nuzman, foi apresentado um vídeo sobre a cidade, tendo como fundo musical uma versão em inglês de “Aquele Abraço”, de Gilberto Gil. O filme mostrou cenas cotidianas da cidade, de shows e escolas de samba aliadas a imagens dos Jogos pan-americanos de 2007.
O governador Sérgio Cabral e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, foram ao púlpito para falar sobre as condições financeiras de a cidade receber os Jogos. Meirelles lembrou que o Brasil tem aumentado o número de vagas de emprego e que, em 2016, deve ser a quinta maior economia do mundo.
O prefeito Eduardo Paes, discursando em inglês e espanhol, mostrou quais áreas da cidade serão aproveitadas, dando detalhes do projeto, ao lado de Carlos Roberto Osório, secretário-geral da candidatura.
A representante dos atletas foi Isabel Swan, velejadora medalhista de bronze na Olimpíada de Pequim. Ela usou seu discurso dando exemplos de atletas brasileiros que superaram desafios. Citou Pelé, o nadador paraolímpico Daniel Dias e a atleta Barbara Leôncio, destaque das categorias de base.
Lula discursou logo em seguida, dando ênfase ao discurso do ineditismo sul-americano. O presidente falou também a respeito da miscigenação do povo brasileiro. Logo depois, teve início um outro vídeo, desta vez destacando a união entre os diferentes povos na cidade.
A fase de apresentação foi encerrada com o presidente do COB, Carlos Arthur Nuzman. O dirigente afirmou que “depois de décadas de investimentos, o Rio agora está pronto para receber os Jogos Olímpicos”.
O presidente do COI, Jacques Rogge, elogiou a apresentação do Rio, disse que a cidade pode se orgulhar do trabalho feito e deu aos presentes a oportunidade de fazer perguntas sobre a candidatura carioca.
A sabatina dos membros do COI e das federações nacionais teve como principais temas a preocupação com o doping, com o setor hoteleiro e o comprometimento dos governos futuros com os investimentos. O legado que os Jogos poderão deixar para a cidade também foi colocado em questão. Não houve perguntas sobre problemas sociais e violência, apontados como pontos fracos da cidade.
O comitê de candidatura do Rio foi o terceiro a fazer sua apresentação, depois de Chicago e Tóquio. Madri será a última cidade a mostrar seu projeto. A votação dos membros do COI terá início às 12h10. O anúncio da cidade sede da Olimpíada de 2016 será às 13h30 (horários de Brasília).
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