O prefeito do Rio, Eduardo Paes, e a Empresa Olímpica Municipal (EOM) demoraram mais de duas horas, em uma longa apresentação nesta sexta-feira sobre o andamento da preparação da cidade para os Jogos Olímpicos de 2016, para, por fim, informarem: o custo final do sonho carioca em sediar a Olimpíada só será conhecido em dezembro. Depois de o presidente do Comitê Organizador do Rio/2016, Carlos Arthur Nuzman, ter prometido o anúncio para meados de 2013, a divulgação do orçamento foi novamente adiada.
Nuzman e o Comitê Organizador têm sido cobrados insistentemente sobre o tema, mas o mistério continua. Ao ser convocada a entrevista coletiva desta sexta-feira, para divulgação do último balanço da preparação, havia a expectativa de que o número finalmente fosse tornado público. Mas ainda não foi dessa vez.
A presidente da EOM, Maria Sílvia Bastos, alegou que a prefeitura ainda não tem como apresentar uma cifra confiável pois alguns projetos ainda não atingiram “um nível de maturidade” adequado, como o centro de tênis, o parque aquático, a quadra de handebol e o velódromo, todos no Parque Olímpico da Barra. Para esses, ainda é preciso fazer projetos e a licitação para obras, por exemplo.
Pressionada para dar o orçamento, Maria Sílvia Bastos alegou que também falta a consolidação dos investimentos que os governos federal e estadual farão na cidade, no que diz respeito aos Jogos de 2016.
O diretor-geral de operações do Comitê Organizador, Leonardo Gryner, chegou a dizer que estima que o órgão que ele representa terá prejuízo de US$ 700 milhões, em valores de 2008, com os custos com a Olimpíada. Na hora, foi interrompido por Eduardo Paes. “Esse número está mal colocado, não deveria ter sido apresentado”, interveio o prefeito. “Estamos fazendo um grande esforço para evitar esse gasto. Estamos cobrando o Comitê Organizador para que termine (o evento) zerado.”
Eduardo Paes e Maria Sílvia Bastos destacaram a transparência da preparação do Rio e ressaltaram que os balanços são apresentados regularmente desde 2010, mas que dificuldades inesperadas evitaram o fechamento do orçamento final dos Jogos de 2016.
Uma dessas dificuldades é Deodoro. A área da zona norte da cidade estava sob responsabilidade do governo estadual, mas Sérgio Cabral, governador do Rio, apelou a Eduardo Paes para que o município assumisse a preparação da região, o que atrasou ainda mais a conclusão dos custos olímpicos.
“O prefeito chegou para mim e disse: ‘Toma esse presentinho (Deodoro)’. Estamos preocupados, sim, mas temos competência e a certeza de que tudo estará pronto no prazo”, contou a presidente da EOM.