Rio – O Ministério Público Federal (MPF) pode oferecer denúncia contra o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Terra Teixeira, sob suspeita de ter cometido crimes contra o sistema financeiro, sem esperar pelas investigações da Polícia Federal. A informação partiu do procurador da República, Marcelo Freire, que não concordou com o pedido de arquivamento de quatro inquéritos envolvendo Teixeira e determinou novas diligências à Polícia Federal.
Freire está convencido de que o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Futebol no Senado, concluída no final de 2001, contém provas suficientes para incriminar Teixeira e outros dirigentes da CBF. Ele teme que supostos crimes do presidente da entidade possam prescrever até o final do ano.
?Os pedidos à Polícia Federal são complementares. Mas não determinantes, nesse contexto, em que existe um trabalho amplo e preciso na elaboração do documento da CPI.? Ricardo Teixeira é acusado de crime de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro em pelo menos três inquéritos em curso na Polícia Federal.
Um deles diz respeito a negócios da RLJ Participações, empresa de propriedade de Teixeira que recebeu depósito não-explicado de R$ 2,9 milhões da Sanud Etablissment, companhia com sede na paraíso fiscal de Liechtenstein. A Polícia Federal havia sugerido o arquivamento desse inquérito, com o que não concordou Marcelo Freire.
Em outro, investiga-se a compra de uma casa em Armação de Búzios, na Região dos Lagos. De acordo com a conclusão da CPI o imóvel foi adquirido pela Ameritech Holding Ltda, supostamente de propriedade de Ricardo Teixeira, em uma transação completamente irregular. Ele seria o responsável pela remessa de US$ 500 mil para ?venda simulada? da casa, como consta da representação entregue pelo MPF à Polícia Federal.
De acordo com o procurador, outra investigação está sendo feita pela PF; trata-se da apuração sobre quantia que teria sido recebida em 1995 pela CBF (US$ 500 mil) para amistoso com a Líbia, que não foi disputado. No rastro disso, a PF também quer saber detalhes do dinheiro entregue a Zagallo (também meio milhão de dólares) para entrevista a líbios, que não chegou a ser concedida.