Sabe-se que o presidente do Atlético, Mário Celso Petraglia, é fã de Ricardo Gomes, por sua bagagem cultural e experiência adquiridas como jogador e técnico no Paris Saint- Germain. Ricardo era um nome para assumir o Atlético em 2000, mas ele saiu da agenda com a vinda de Geninho, campeão brasileiro do ano passado. Mas Gomes veio, só que para o Alto da Glória, numa experiência de poucas lembranças por causa do pouco tempo para armar seu time. Menos de um ano depois, a prova da capacidade do treinador está na tabela de classificação do campeonato brasileiro.

Nas últimas temporadas, o Juventude tinha uma preocupação no campeonato brasileiro: lutar para não cair. Em 1999, a equipe chegou a descer para a Série B, mas foi salva pela virada-de-mesa que criou a Copa João Havelange. Agora, em 2002, a surpresa: o campeonato está na nona rodada e o alviverde caxiense ocupa a liderança isolada, com 19 pontos. Além disso, obteve cinco vitórias em cinco partidas no Estádio Alfredo Jaconi, igualando as melhores marcas de anos anteriores.

Para o técnico Ricardo Gomes, 37 anos, não existe um segredo para o sucesso. “É uma soma de fatores. Acredito que o principal seja a confiança dos jogadores no trabalho, depois da má participação na Copa Sul-Minas, no início do ano”, afirma, lembrando a competição em que o clube chegou a estar ameaçado de rebaixamento.

Ricardo chegou em meio a essa copa, para o lugar do técnico Artur Neto. Este foi demitido porque a direção considerou que não tinha a ambição necessária para dirigir a equipe. Mas, mesmo com a troca, a base do trabalho seguiu a mesma: procurar formar um time forte para o brasileiro, mesclando atletas da casa com outros mais experientes.

Além da confiança dos atletas, o técnico lembra outro detalhe importante: o bom aproveitamento do período sem jogos na metade do ano, devido à Copa do Mundo. “Fizemos uma preparação criteriosa, com uma pré-temporada em Santa Catarina e um torneio em Marília-SP. Com isso, o grupo ganhou unidade”, diz Ricardo Gomes.

Além de Ricardo Gomes, a comissão técnica do Juventude tem como destaque o preparador físico Darlan Schneider, sobrinho do técnico Luiz Felipe Scolari e que esteve na Copa do Mundo. O auxiliar técnico é o ex-jogador Cristóvão, ex-Atlético-PR e conhecido dos gaúchos por ter atuado no Grêmio, e o preparador de goleiros é Barbirotto, que atuou no São Paulo como profissional.

O grupo é composto por 27 jogadores, mesclando os formados em casa com os vindos de fora. A equipe base tem Diego; Mineiro, Índio, Paulão e Filipe Alvim; Élder, Dionattan, Marcelo e Michel; Edmílson e Cláudio Pitbull. Destes, Diego, Mineiro, Dionattan, Marcelo e Michel são os chamados pratas da casa. Na duas últimas semanas, a direção trouxe dois reforços de grande experiência: os meio-campistas Fernando, ex-Inter e ex-Palmeiras, e Valdo, ex-Grêmio. Há ainda a procura por um zagueiro.

Custos

O custo do futebol do Juventude fica em torno de R$ 350 mil mensais, embora os dirigentes não confirmem. Como quase todos os clubes brasileiros, há um déficit não revelado. O vice-presidente de futebol Iguatemy Ferreira Filho afirma que a direção decidiu investir esperando um posterior retorno da torcida.

Entre os atletas, o teto salarial está em R$ 20 mil. Esse é o valor que o meio-campista Valdo recebe, bem abaixo do que ele está acostumado. O atleta destaca que a amizade com o técnico Ricardo Gomes, com quem trabalhou no Paris Saint-Germain, na França, pesou para a sua vinda para o clube. A média de público no Estádio Alfredo Jaconi tem sido de 8 mil pessoas, boa para o tamanho da cidade, com população estimada em cerca de 400 mil pessoas.

O técnico do Juventude, Ricardo Gomes, chama a atenção pela clareza e elegância no trato com os jogadores e imprensa. Responde sempre de forma tranqüila as questões, não tendo registrado nenhum atrito. Ele admite que gosta de trabalhar bastante o aspecto tático. “Gosto de um time organizado, mas não com o jogador prisioneiro do esquema. Todo o time deve ter organização”.

Momento

O técnico Ricardo Gomes afirma que não há favorito para a conquista do brasileiro. “Há equipes praticando um bom futebol, como Atlético-PR, São Caetano, Juventude, Atlético-MG, Coritiba… Mas as coisas podem mudar e, de repente, uma equipe pode apresentar uma recuperação surpreendente e passar à frente. Isso já aconteceu muitas vezes”.

Abel pede mais atenção

O técnico do Botafogo, Abel Braga, pediu ontem mais atenção dos jogadores, nas próximas partidas da equipe no brasileiro. O treinador não ficou satisfeito com o empate, por 2 a 2, com o Goiás, no Serra Dourada.

Segundo Abel, o fato de os atletas não terem prestado total atenção durante a partida, não reflete uma desobediência tática. “Não é isso. Existem situações que atrapalham o desempenho numa partida. O excesso de vontade é uma delas”, afirmou.

A diretoria do Botafogo pretende deslocar alguns jogos para o Caio Martins. O problema é que o estádio não tem a capacidade mínima exigida pela CBF – 20 mil torcedores – para a disputa do brasileiro. Os dirigentes alvinegros, porém, alegam que já foi aberto um precedente porque Cruzeiro e Atlético-MG atuaram no Estádio Independência, que tem capacidade para 14 mil torcedores.

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