Ricardinho sabe que precisa mostrar serviço

Ricardo Pozzi Rodrigues surpreendeu quando decidiu, aos 35 anos, “pendurar as chuteiras”. Um projeto para comandar a reformulação do Paraná Clube o seduziu. Maior revelação da história do clube, Ricardinho aposta alto na carreira de treinador. Ele promete usar todo o conhecimento assimilado ao longo de 17 anos como jogador profissional – onde construiu uma carreira mais do que vitoriosa – para queimar etapas e em 2012 reconduzir o Paraná Clube aos triunfos. O trabalho, porém, será árduo, prevê. Confira:

Paraná Online – Por que treinador?

Ricardinho – Primeiro, porque não saio do meio em que estive a minha vida toda. Segundo, que era uma satisfação pessoal observar os comandantes com os quais trabalhei. Sempre me vi com essa possibilidade, com esse perfil. Em um momento, era ou treinador ou comentarista. De uns dois anos pra cá, tinha essa preferência. Até pelo mercado que a gente analisa. Novos treinadores entrando no mercado, sendo que alguns até jogaram comigo. Aí, pensei: o que acrescentaria na minha carreira mais um ano ou dois, quem sabe, jogando? Não muita coisa. O que acrescentaria eu ser treinador nesse momento, mas principalmente no Paraná Clube? Muita coisa. Pela identificação com o clube. Pela chance de iniciar em uma nova função, tentando uma reestruturação de departamento de futebol, de grupo. Aí foi que eu vislumbrei essa possibilidade e comecei a aceitar essa proposta, entre aspas, neste momento. Por isso, a decisão de ser treinador. Já me perguntaram quinhentas e cinquenta vezes: já se arrependeu? Não. Pois gosto do que faço. Sei que não é o ideal deixar de ser jogador e já assumir como técnico. Mas tenho uma boa preparação e vou me alimentar de conteúdo para a cada dia melhorar e chegar no nível dos grandes treinadores.

Paraná Online – Muita gente imaginava que você, neste momento, seria útil dentro de campo.

Ricardinho – Eu acho que agrego mais como treinador. Eu e o Alex (Brasil) estamos reestruturando o departamento de futebol. Como jogador, eu seria mais um. A autonomia seria muito mais restrita. É claro que eu poderia continuar jogando. Mas eu acho que, como jogador, não poderia fazer essa parte de reformulação da equipe. Foi tudo muito bem pensado, junto com a diretoria. Para que eu pudesse ajudar nesse processo, mas com autonomia. O Alex na parte executiva e eu na área técnica, buscando a formação de um elenco compatível com as necessidades do Paraná Clube, que precisa recuperar a sua credibilidade no cenário nacional.

Paraná Online – Você procurou não citar nomes de treinadores em quem poderia se espelhar. Por quê?

Ricardinho – Não é que eu não queira falar. Mas se eu citar o “seu” Rubens Minelli, não posso deixar de falar do Vanderlei (Luxemburgo), que me ajudou muito. Não posso deixar de falar do Otacílio (Gonçalves), que foi meu primeiro treinador. Assim como do Oswaldo (Oliveira), do Paulo Autuori, do Parreira. Não posso deixar de falar de uma série de jogadores. Então, evito falar para não cometer injustiças. Procurei aprender com cada um dos meus treinadores para criar o meu próprio perfil. Construo isso todo dia. Pessoas não são iguais e profissionais também não são. Mas todos esses me ajudaram. O Otacílio foi quem me subiu dos juniores, depois foi com o Minelli que eu fui titular e com quem eu aprendi muito. Depois veio o Luxemburgo, que me convocou para a Seleção Brasileira, Parreira e Felipão na Copa do Mundo. Tive um leque de treinadores e cada um com a sua filosofia. Eles não são parecidos. Cada um tem o seu jeito e é disso que eu preciso: criar o meu estilo, o meu perfil.

Paraná Online – E nesse perfil qual o plano tático ideal?

Ricardinho – No futebol, a gente brinca que o ideal &eacute,; aquele que ganha. Hoje, todo mundo observa o Barcelona. Longe de qualquer comparação, o que preciso é ter jogadores que se enquadrem no sistema de jogo que eu imagino. Por isso, estamos tendo muito cuidado na formatação do grupo. Essencialmente, o que acho imprescindível é “gostar da bola”. Um time precisa saber ter a posse de bola, saber agredir o adversário sem perder o equilíbrio, o esquema tático. Minha função é passar o esquema de jogo. Mas o que vai decidir o jogo é a criatividade do jogador. Dou o instrumento, mas não manejo esse instrumento. Eu vou procurar posicionar a equipe da forma como imagino ser a ideal. Porém, sempre dando a abertura para que o atleta use de sua criatividade. Por isso, precisamos de uma precisão cirúrgica na escolha dos jogadores. O Paraná não tem o direito de errar em contratações, em experiências. Mas vamos trabalhar com juventude, pois o clube não tem recursos para grandes investimentos. Cabe a mim e a comissão técnica ter o equilíbrio e a visão para montar esse quebra-cabeça, com uma equipe competitiva.

Paraná Online – O que imaginar do Paraná contra o Luverdense?

Ricardinho – Temos um bom tempo de treinamentos. Já estamos colhendo informações sobre esse adversário, atentos ao campeonato matogrossense. Entramos na Copa do Brasil, independente[mente] dessas dificuldades iniciais, para buscar a classificação. É início de trabalho, mas ele precisa ser vencedor. É claro que é preciso ter paciência, mas não dá pra ficar adiando os resultados. Vencendo, tudo fica mais fácil, sempre.

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