A saída de Ricardinho foi considerada um grande negócio para o São Paulo, na opinião de boa parte dos torcedores, dos conselheiros e dos próprios dirigentes. O meia custava caro ao clube, não rendeu o esperado, nunca teve a simpatia da torcida por ter saído do rival Corinthians e sua chegada provocou ciúme em muita gente, por causa do elevado salário.
A diretoria anunciou oficialmente, na manhã de ontem, no CT, a rescisão do contrato com o meia. O vínculo com o clube terminaria apenas em 2006, mas as duas partes optaram pelo rompimento. O casamento não ia bem havia meses e terminou de maneira constrangedora e melancólica.
As partes entraram em acordo e o São Paulo pagará apenas o que lhe devia: cerca de R$ 1 milhão, referente a luvas e direitos de imagem. Ricardinho foi quem tomou a iniciativa de pedir o fim do contrato. “Conversei com minha família durante as férias e achei melhor sair. Pensei bastante e, quando tomo uma decisão, é com firmeza.”
Ricardinho ficou irritado quando lhe perguntaram se estava insatisfeito no Morumbi. Não quis, em nenhum momento, admitir o descontentamento. O ambiente, porém, não era o melhor para que exercesse seu trabalho. O meia, que não fez muitos amigos no clube, chegou a revelar a pessoas próximas, nos últimos meses, que gostaria de deixar o São Paulo. “Não vou dizer que a aceitação dele era de 100%”, admitiu o volante Fábio Simplício.
Criar coragem para largar os R$ 165 mil que recebia por mês – de salários e direitos de imagem -, além dos pouco mais de R$ 100 mil das luvas diluídas, era seu maior obstáculo. Se permanecesse, contudo, poderia ver sua trajetória continuar na curva descendente. Não conseguia jogar bem pela equipe paulista. E o dinheiro também estava com os dias contados. Uma cláusula em seu contrato permitia ao São Paulo rescindi-lo sem nenhuma multa já em julho.
O jogador também se motivou a tomar a decisão depois de saber que há agremiações interessadas, tanto do Brasil quanto do exterior. “Minha prioridade é ir para o exterior.” Dificilmente, porém, vai parar num grande time da Europa. Pode ir para o Leste Europeu, para a Ásia, mas há boas chances, também, de fechar com uma equipe média da Inglaterra.
“Aqui no São Paulo só joga quem quer vestir a camisa do , quem quer jogar com vontade, quem quer colocar a canela na bola”, afirmou Juvenal Juvêncio, diretor de Futebol, referindo-se à saída do atleta. O dirigente fez teatro. A diretoria queria se livrar dos altos custos de Ricardinho o mais rápido possível, pois não estava contente com seu desempenho, mesmo deixando de ganhar dinheiro numa eventual transação.
Os oposicionistas políticos, como de costume, vão bombardear a cúpula tricolor pela contratação, que custou R$ 5 milhões. Ricardinho ficou 1 ano e 4 meses e marcou apenas 5 gols. Representantes da Independente compareceram ao CT e comemoraram a demissão do meia. “Ele não vai ser lembrado pelo são-paulino, é um pipoca”, disse Marcos Lopes, diretor de Marketing da torcida organizada.