No atual elenco do Coritiba, ele é um dos únicos remanescentes do time rebaixado para a série B do brasileiro, em 2005. Mas quem disse que a torcida coxa-branca se importa?
De volta ao Alto da Glória desde o início de 2008, Ricardinho é hoje o titular incontestável da lateral esquerda.
Conquistar o reconhecimento da galera não foi fácil. Revelado nas categorias de base do Coxa, ele chegou ao time titular como promessa.
Participou da conquista do bicampeonato estadual em 2003 e 2004. Mas, como todos os que atuaram nas desastrosas campanhas de 2005 e 2006, ficou marcado pela queda e permanência do clube na Segundona.
Ricardinho não fez parte da equipe que levou o Coxa de volta à elite, em 2007. Estava emprestado ao Atlético-MG, único clube que defendeu como profissional além do Cori. Quando seu retorno foi anunciado, boa parte da torcida não gostou. Mas com atuações decisivas na conquista do estadual deste ano, ele recuperou plenamente a confiança da nação alviverde.
Em entrevista ao Paraná-Online, Ricardinho conta um pouco de sua trajetória e como, aos 23 anos, está atingindo a maturidade como atleta profissional. E para quem acha que ele guarda alguma mágoa da galera, o lateral vai logo avisando: ?Nunca me senti perseguido?.
Paraná-Online – Como você chegou ao Coritiba?
Ricardinho – Joguei no Nacional, do Boqueirão, por sete anos. Sempre enfrentávamos a base dos clubes profissionais. O Coritiba já havia levado dois ou três jogadores nossos quando me chamaram, em 2001. Lembro que até perdi o sono. Foi um sonho que se realizou.
Paraná-Online – Demorou muito para aparecer uma chance no time principal?
Ricardinho – Fiquei um ano e meio nos juniores. Em 2003, me chamaram para o profissional. Quando o Adriano (hoje no Sevilla, da Espanha) ia para a seleção, sobrava uma vaga. Eles gostaram e foram me dando as chances. Meu primeiro jogo foi contra o Londrina, na semifinal do estadual de 2003.
Paraná-Online – Depois de um bom começo, seu desempenho caiu um pouco e você passou a ser criticado pela torcida. O que aconteceu?
Ricardinho – Tudo mundo fala que eu tive um atrito com a torcida, que pegou muito no meu pé. Mas não vejo assim. Em 2005, teve o rebaixamento e todos foram cobrados. Em 2006, a mesma coisa quando não conseguimos subir. Quando estou bem, a torcida aplaude, incentiva quando encontra na rua… O contrário acontece se estivermos mal. Eles vêm cobrar. É normal. Só cobram de quem tem capacidade. Nunca me senti perseguido.
Paraná-Online – O empréstimo ao Atlético-MG ajudou você?
Ricardinho – Foi bom. Conheci treinadores que me passaram boas experiências. Trabalhei com o Levir Culpi, o Zetti e o Leão. Tudo é uma lição de vida. Era outro clube, outra cidade… Amadureci bastante, mas poderia ter sido melhor. Tive algumas chances, não soube aproveitar todas. Mas foi um ano bom, sim.
Paraná-Online – Como foi acompanhar de longe a volta do Coxa à série A?
Ricardinho – Assisti a quase todos os jogos. Foi muito desespero. Principalmente no último jogo, contra o Santa Cruz. Porque é diferente subir em terceiro, quarto e subir sendo campeão. Foi bem emocionante.
Paraná-Online – E o retorno ao Alto da Glória?
Ricardinho – Foi bom pra caramba. Fiquei um ano todo fora, sem tempo para visitar a cidade. Estava até torcendo. Foi ótimo voltar para casa.
Paraná-Online – Como está o ambiente no Coxa? Onde o time pode chegar este ano?
Ricardinho – Dentro de campo, poderíamos esperar um pouco mais. Perdemos pontos de bobeira e estaríamos numa classificação melhor. Fora de campo, não tem o que comentar. Nosso grupo é excelente. Temos uma relação bem aberta e tem tudo para dar certo. Acredito que temos qualidade para brigar lá em cima e conquistar uma vaga na Libertadores.