São Paulo – A delegação brasileira de atletismo que disputará os Jogos Olímpicos de Atenas embarcou ontem para a Espanha, onde serão feitos os últimos ajustes. E o time do revezamento masculino 4x100m, medalhista em Atlanta/96 (bronze) e Sydney/2000 (prata), foi acreditando que em Atenas a possibilidade é de brigar pelo ouro. “Os Estados Unidos já foram melhores, hoje podem ser superados”, garante o técnico Jayme Neto.

A delegação ficará em Huelva, na Espanha, para a última fase de treinos e disputará o Campeonato Ibero-Americano, entre 6 e 8 de agosto. Da Espanha, a equipe seguirá diretamente para Atenas, dia 16.

Todos os atletas estarão na Espanha, exceto os maratonistas Vanderlei Cordeiro, André Luiz Ramos e Rômulo Wagner da Silva, que estão treinando em Paipas, na Colômbia. Vanderlei viaja dia 18. Rômulo e André embarcam dia 22. Márcia Narloch e Marlene Fortunato estão em treinamento no Brasil e seguem para Atenas no dia 16.

Vicente Lenílson, que disputará a prova dos 100m e o revezamento 4x100m, concorda com o técnico Jayme Neto e diz que os adversários mais fortes no revezamento serão os jamaicanos. “Antes só podíamos pensar em ganhar dos Estados Unidos se eles errassem alguma coisa. Hoje, não. Sabemos que, se eles e nós acertamos tudo, temos uma chance de vencer”, diz Jayme. “Mas a verdade é que os caras se acham. Lá nos Estados Unidos uns não falam com outros, não têm espírito de amizade. O nível de vaidade é muito elevado e eles não trocam idéias. Acho que isso faz muita falta. No Brasil, todos somos muito amigos, e isso conta”, emenda Vicente, que disputará sua segunda olimpíada.

Lenílson faz melhor imagem dos jamaicanos. “Eles são muito fortes, acho que parecidos com a gente. Além de correr bem têm uma passagem de bastão boa e também são amigos”, diz, referindo-se à prova de revezamento.

Evolução

Mais do que pensar nos adversários, Jayme acredita que a equipe brasileira atingiu uma maturidade para disputar uma olimpíada. “O que pesa a nosso favor é a experiência que o time tem. Houve uma evolução muito grande nesse tempo. O Edson (Luciano) e o André (Domingos) vão para a terceira olimpíada; o Vicente vai para a segunda. Hoje, a chance de errar é menor porque eles já sabem como é disputar uma final olímpica. Sabemos que todos têm de estar inteiros no dia, e estar num bom momento. Sonhamos, sim, com o ouro, mas também sabemos que o caminho a ser percorrido é longo”, analisa o técnico.

A onda de escândalos de atletas norte-americanos flagrados em exames antidoping também foi ressaltado por Vicente: “Acho que essa vai ser uma das Olimpíadas mais limpas que já vimos. Se realmente for, creio que podemos ir mais longe de que pensamos.” Sem Claudinei Quirino, que esteve em Sydney mas não conseguiu o índice para Atenas, a dúvida é saber quem será o quarto integrante do revezamento. “Se tudo der certo, a equipe deve ter o Cláudio (Roberto de Sousa) abrindo, seguido pelo Edson, o Vicente e o André fechando”, explica Jayme. Os outros dois atletas que têm índice para a prova são Bruno Pacheco, que embarcou com o grupo, e Jarbas Mascarenhas, que já está na Europa.

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