O tiro com arco brasileiro já revelou um grande nome como Marcus Vinícius D´Almeida, que obteve bons resultados pelo mundo e disputou os Jogos do Rio, em 2016. Ele é um forte candidato a representar o País na Olimpíada de Tóquio, em 2020, mas tem gente na modalidade que também está correndo atrás de um lugar no Japão. Este é o caso de Ana Machado, de 19 anos, que está em preparação para conseguir o objetivo.
Para isso, a brasileira quer aprender com os melhores e nada melhor que fazer isso com os sul-coreanos. Referência no tiro com arco, a Coreia do Sul domina a modalidade com várias medalhas em Olimpíadas e Mundiais. E foi lá, centro de treinamento Hyung Tak, em Seul, que a atleta de Campinas, no interior de São Paulo, se aventurou por um mês entre dezembro e janeiro, sacrificando até mesmo as festas de final de ano.
“A Coreia do Sul é o melhor país nesta modalidade esportiva, tendo conquistado quatro medalhas de ouro nas Olimpíadas do Rio-2016. Poder treinar em um dos centros referências do mundo é a realização de um sonho”, contou Ana Machado, que foi acompanhada de perto pelo coach Kim, um dos principais nomes do tiro com arco. Ele liderou um sul-coreano ao seu primeiro ouro olímpico, em 1984, e abriu seu próprio centro de treinamento de tiro com arco em 2004.
“O treinamento foi muito bom, fiquei lá pouco menos de 4 semanas. Treinava todos os dias de manhã e de tarde. Atirei com arqueiros do mundo todo, foi muito legal, conheci muita gente. O técnico era muito bom, adorei treinar com ele, consegui aprender muita coisa, mais coisas do que eu imaginei. Ele modificou bastante a minha técnica e agora tenho que treinar bastante para conseguir me adequar às mudanças”, revelou Ana Machado.
Esse período na Coreia do Sul já rendeu frutos. No final de janeiro, em Maricá (RJ), a atleta participou da primeira seletiva brasileira de 2019 para o Grand Prix do México, que será em março, e obteve uma das quatro vagas disponíveis. “No primeiro semestre de 2019 tenho como meta passar nas seletivas no Brasil para conseguir disputar a vaga no Mundial e ir aos Jogos Pan-Americanos (de Lima, no Peru, em julho deste ano)”, afirmou.
CONQUISTAS – Ana Machado pratica o tiro com arco desde 2009 e foi indicada pelo medalhista olímpico Tande, do vôlei, como uma promessa de medalha para as próximas Olimpíadas. Entre os seus resultados de maior destaque estão: quarto lugar na Olimpíada da Juventude em Nanjing-2014 (China); campeã do Sul-Americano Cadete, em 2016; vice-campeã do Pan-Americano Cadete, também em 2016; e vice-campeã nos Jogos Sul-Americanos, em 2018. Por equipe, foi campeã nos mesmos Jogos Sul-Americanos e vice no Pan-Americano Juvenil do mesmo ano.
Suas conquistas estão aumentando, mas o mesmo não acontece com o investimento na modalidade. A atleta ressaltou que isso ocorreu principalmente depois dos Jogos Olímpicos no Rio. “Antes do Rio-2016 houve muito investimento no tiro com arco, porém acabou que esse investimento não deixou um legado. Após a Olimpíada, os investimentos caíram e, apesar do esporte estar se popularizando, está diminuindo cada vez mais. Como atletas estamos evoluindo, porém precisaríamos de mais investimentos”, relatou.
“Quando participo de competição representando a seleção brasileira, a viagem é custeada pela Confederação Brasileira de Tiro com Arco ou pelo (COB) Comitê Olímpico do Brasil. Quando não estou representando a seleção brasileira ou participo de competições nacionais, meus pais pagam tudo. Não tenho patrocínio, tenho alguns parceiros que oferecem seus serviços, o que tem ajudado muito”, completou Ana Machado, que pede ajuda. “Visando o meu preparo e a vaga olímpica, planejo participar de mais competições internacionais no próximo ano. No entanto, para isso, precisaria de patrocinadores”.