É cada vez mais comum no futebol globalizado surgirem jogadores brasileiros espalhados pelo mundo afora sem sequer terem jogado profissionalmente por aqui. Exemplos não faltam. Diego Costa, os irmãos Rafinha e Thiago Alcântara, filhos do tetracampeão Mazinho, Thiago Motta, Jorginho e Andreas Pereira, entre outros. E nesta lista, podemos adicionar o meia-atacante Daniel Bessa.
Natural de São Paulo, Bessa, aos 24 anos, começou na base do Coritiba aos oito anos e ficou até os 14. Depois, passou uma temporada no Atlético, mas não chegou a ter tempo de se profissionalizar por aqui. Em um campeonato infantil, chamou a atenção do futebol italiano e partiu rumo à Europa.
“Eu sempre joguei futebol, desde criança sempre foi o que mais gostei de fazer. Começei bem cedo. Quando cheguei em Curitiba não demorou muito tempo e já estava jogando no Coritiba, primeiro no futsal e depois no campo. Fiquei praticamente dos oito aos 14 anos no Coritiba e depois acabei indo para o Atlético, onde fiquei um ano só, antes de sair do Brasil para ir jogar na base da Inter de Milão, na Itália”, explicou ele, em entrevista à Tribuna do Paraná.
O fato de ter cidadania italiana e o irmão, Raphael Bessa, na época jogar futsal por lá, facilitaram a transferência. Porém, na Itália um jogador estrangeiro só pode jogar no futebol profissional a partir dos 18 anos. Em 2011, chegou a ser procurado pela diretoria do Paraná Clube, mas as negociações não avançaram e ele acabou fazendo toda a base na Inter, onde ganhou o Next Generation e o Campeonato Italiano de Juniores, ambos em 2012.
Em seguida, rodou a Europa. Passou por Vicenza, Bologna e Como, da Itália, Olhanense, de Portugal, e Sparta Rotterdam, da Holanda, onde adquiriu experiência, dentro e fora de campo.
“Jogando em três países na Europa e morando neles aprende bastante coisa. O que eu mais aprendi e ganhei experiência foi na Itália, onde passei oito anos. Experiências como Holanda e Portugal foram rápidas, mas bem interessantes para entender como cada cultura tem suas diferenças, costumes e se pode aprender muito com isso”, admitiu o jogador.
Melhor fase
Até que na temporada 2016-2017 chegou ao Verona, seu atual clube, onde passou a deslanchar na carreira. No primeiro ano, ajudou o clube a conquistar o vice-campeonato da Série B e, consequentemente, o acesso à elite italiana. No total, foram 41 partidas, oito gols e quatro assistências, que lhe renderam o prêmio de melhor jogador do time segundo os torcedores e também uma vaga na seleção da Série B.
Neste ano, na elite italiana, o Verona não vive um bom momento, sendo o vice-lanterna, com apenas 13 pontos – um atrás do Spal, que é o último fora da zona de rebaixamento -, mas Daniel Bessa segue se destacando. Em 17 jogos no ano – incluindo Série A e Copa da Itália – já deu quatro assistências e marcou um gol, feito na última rodada, na vitória por 3×0 sobre o Milan, quando também deu passe para um dos gols.
Apesar de ser atacante, o jogador tem mais características de garçom e de velocidade. Atuando um pouco fora da área, gosta de armar jogadas e abrir espaço para os companheiros. “Eu sou um jogador simples, gosto de jogar com o time. Uso muitos os passes para meus companheiros, gosto de driblar e chuto bem. Posso fazer as duas fases, defensiva e ofensiva. Mas prefiro a ofensiva”, resumiu o atleta ao definir suas características em campo.
Além disso, é um líder dentro de campo. Mesmo sendo jovem, já é uma espécie de vice-capitão do Verona. O fato de já estár há tanto tempo na Itália facilitou para que ele ‘ultrapassasse’ companheiros do país local nesta lista de capitães.
“Não é normal ter 24 anos e ter usado a braçadeira de capitão, principalmente na Itália. Eu não me considero e nem gosto de ser considerado líder, gosto de ajudar o time em tudo”, explicou.
Uma carreira que foi toda construída na Europa e que, aos poucos, vai evoluindo. Mas, assim como foi a trajetória, saindo cedo do Brasil, ao contrário do que a grande maioria dos atletas daqui querem, que é ir para o Velho Continente, Bessa quer, um dia, fazer o caminho inverso.
“Eu tenho muita vontade de jogar no Brasil. É um dos meus sonhos. No Brasil, só me conhecem meus amigos e familiares. Aqui na Europa também não sou muito conhecido, pois não fiz nada no futebol, ainda estou longe de onde quero estar, mas estou correndo atrás”, revelou ele, que tem contrato com o Hellas Verona até 2021.