Hoje é quarta-feira de Cinzas, dia nacional da ressaca pós-carnaval. Para o Paraná Clube, entretanto, a semana já começou em ritmo de fim de festa.
Desclassificado no campeonato paranaense, o tricolor tem pela frente agora o “torneio da morte”, do qual sairão as duas equipes rebaixadas à série A-1 do futebol paranaense em 2005. Além do Paraná, disputam o quadrangular o Prudentópolis, o Grêmio Maringá e o Nacional, adversário do tricolor neste domingo, às 16h, em Rolândia.
O técnico Saulo de Freitas acredita que o Paraná será muito pressionado neste torneio, pois, por ser uma equipe da capital, terá uma responsabilidade maior. “Não tem como fugir disso. As outras equipes vão se preparar de forma especial para enfrentar o Paraná”, diz. Nas contas do treinador, para se ver livre do rebaixamento, o Paraná terá de vencer ao menos quatro das seis partidas, que serão disputadas em turno e returno. “Não é uma tarefa fácil, de modo algum. Nossa obrigação é vencer os jogos disputados em casa e ir com tudo para o interior, onde já estamos prevendo dificuldades.”
Ontem à tarde, Saulo mostrava-se bastante contrariado com o fato de a equipe não ter conseguido se livrar da disputa do torneio da morte. “Não esperava isso, mas com o planejamento que foi feito, foi uma consequência”, disparou, reafirmando seu descontentamento com as atitudes da diretoria, que não manteve a base do brasileiro de 2003 e decidiu fazer do estadual um laboratório para o campeonato brasileiro deste ano, colocando a garotada em ação. “Não foi uma boa idéia. Ficamos devendo nas primeiras rodadas da primeira fase e só nos dois últimos jogos, quando tivemos a estréia de Eto, Alexandre e Fábio, a equipe começou a ganhar mais corpo. Mas já era tarde demais”, diz. O experiente lateral-esquerdo Jadílson, destaque contra o Prudentópolis, estreou apenas na última rodada, em caráter emergencial. “Essa história toda de torneio da morte serviu de lição. Estou vacinado agora”. Independente da confirmação de sua presença no comando da equipe no campeonato brasileiro, Saulo dá o alerta. “Não dá para usar a falta de dinheiro como desculpa. Se a diretoria não reforçar o elenco para o nacional, vai correr risco muito sério de cair, ainda mais levando-se em conta que este ano quatro times serão rebaixados.”
E não foi só para a diretoria que Saulo deixou seu recado. Alguns jogadores revelados nas categorias de base estão na “lista negra” do treinador e dificilmente permanecerão no elenco. “A primeira fase do estadual já serviu como experiência. Alguns atletas voltarão para os juniores e outros podem ser emprestados”, disse, sem revelar nomes. Do atual elenco, ainda têm idade de júnior o volante João Paulo, o meia Marquinhos e os atacantes Alcides, Vandinho e Cacau. Destes, Cacau e João Paulo são os que têm as maiores chances de ficar no elenco de cima.
A receita de quem quase caiu
Demorou, mas finalmente o técnico Saulo pode contar com o lateral-esquerdo dos seus sonhos. Depois de se desiludir com Marcos Lucas, que foi dispensado, e com o prata-da-casa Anderson, que não rendeu o esperado, ele encontrou no experiente Jadílson o lateral ideal: que apóia bastante o ataque e arrisca chutes a gol. Elogiado após a partida contra o Prudentópolis, na qual marcou um gol, ele deu um exemplo de superação física, atuando durante os noventa minutos. Inicialmente, por não estar em plenas condições físicas, ele jogaria apenas o primeiro tempo. Mas pela importância da partida, multiplicou a própria força.
“No primeiro tempo, o jogo acabou mais forçado pelo lado direito. Por isso, não corri tanto e pude continuar em campo”, explicou Jadílson à Tribuna. O fato de ter estreado com gol e com o título de melhor jogador em campo foi encarado como algo natural pelo jogador. “Sempre entro em campo com o objetivo de dar o melhor de mim. O fato de ter sido escolhido o melhor em campo é apenas uma conseqüência desse empenho”, diz.
A boa estréia, entretanto, foi ofuscada pelo revés que colocou o Tricolor na disputa do torneio da morte. “Não adianta muita coisa ser o melhor em campo quando o time não atinge o objetivo principal. É uma pena ter chegado nessa situação, mas não é momento de lamentações”, diz.
Com experiência de já ter passado perto do rebaixamento com a camisa do Fluminense, no Brasileiro do ano passado, Jadílson dá a receita para o Paraná se salvar do descenso. “Temos que começar a disputa com tudo, vecendo de cara para termos mais tranqüilidade na seqüência dos jogos. A equipe não pode repetir o que aconteceu nesta primeira fase.” Vale lembrar que na recém terminada fase classificatória, o Paraná só obteve uma vitória em sete partidas disputadas. E esta vitória só aconteceu na sexta rodada, contra o Rio Branco, em um jogo muito disputado no Pinheirão. “Não dá para imaginar um comportamento desses no torneio da morte. São apenas seis jogos e todo o cuidado é pouco. Cada partida vai ter que ser jogada como se fosse decisão de copa do mundo”.
Para conseguir o objetivo, Jadílson acredita que o time tem todas as armas na mão. “A equipe evoluiu nos últimos jogos e tem que manter essa evolução. Se continuarmos nesse ritmo, temos tudo para livrar o Paraná do rebaixamento. Por isso, temos que nos concentrar para fazer a nossa parte”.