O novo técnico do Coritiba, René Simões, já chegou avisando que as aparências enganam. Apesar de culto, articulado e muito bem-educado com todos, o novo treinador alviverde garante que vai exigir o máximo dos jogadores e não vai admitir nenhum tipo de indisciplina.
Tudo para levar o Coxa ?à grandeza que ele merece?. E o espelho de tudo isso será o técnico Bernardinho, da seleção masculina de vôlei, que o profissional considera como um modelo perfeito de treinador. Para amanhã, no entanto, ele trocará algumas idéias com o interino Edison Borges e ficará assistindo ao confronto do camarote.
?É uma honra muito grande dirigir um clube da grandeza do Coritiba e vamos ter que trabalhar bastante para colocar o clube no lugar que ele merece?, promete, na primeira entrevista como novo contratado. E os jogadores já devem ir esperando bastante trabalho, mesmo porque ele garante que o estilo polido vai ficar apenas nas entrevistas. ?Eu sempre digo para que não se confunda educação com falta de pulso. Meu modelo de treinador é o Bernardinho e eu nunca vi um jogador reclamando dele?, compara Simões.
Como exemplo, o técnico do Alviverde cita o trato com as próprias filhas. ?Elas tiveram tudo o que necessitavam e não tudo o que queriam. O que elas queriam tiveram que lutar para conquistar?, destaca. E é assim que deverá ser o trabalho diário com os jogadores no CT da Graciosa.
Por enquanto, Simões não assume completamente a equipe porque ele quer conhecer melhor quem terá nas mãos para trabalhar. ?Qualquer treinador que chega aqui e diz que conhece os jogadores está mentindo. Treinador só conhece os jogadores quando vê o comportamento de cada um no dia-a-dia, quem joga melhor em casa, melhor fora, com pressão, sem pressão?, aponta. Pouco tempo depois das apresentações, ele já embarcava com a delegação para Belém, onde o Coxa enfrenta o Remo amanhã.
De acordo com o coordenador de futebol João Carlos Vialle, René Simões preenche todas as necessidades do Coritiba. ?Quando foi trazido o nome do René houve uma unanimidade da diretoria do clube, o contato foi feito ontem (terça-feira) à noite e ele aceitou o desafio de dirigir o Coritiba na Série B?, justifica o dirigente. Sobre os outros técnicos especulados, Vialle garantiu que era apenas para desviar a atenção da imprensa.
Preparado para suportar pressão
Pressão? Que pressão? Para o presidente Giovani Gionédis, contra ele a torcida pode protestar à vontade desde que garanta a tranquilidade para técnico e jogadores trabalharem. ?Eu não tenho preocupação de pressão em cima de mim. O importante é a equipe ter tranqüilidade em campo para desenvolver o melhor futebol e conquistar os pontos necessários?, avisa. No entanto, ele sabe que, se os resultados não vierem, a tensão entre aquibancada e direção voltará. ?A derrota não é bem-vinda, principalmente na agonia de uma torcida que quer voltar à primeira divisão e que é a nossa agonia?, diz o dirigente.
Por isso, o clube foi em busca de René Simões para tentar serenar os ânimos no Alto da Glória e colocar o time de volta no trilho da vitória. ?É uma pessoa já vivida, já treinou uma seleção da Jamaica, já esteve no Catar, já treinou grandes clubes brasileiros e essa experiência dele vem somar?, avalia. ?E, nessa pressão que tem da torcida, que tem do conselho e da própria diretoria tem que ter um treinador com costas grandes e que saiba conduzir porque ele será o comandante-geral da base do futebol?, destaca.