A aventura do técnico Renê Simões com a seleção brasileira feminina de futebol foi curta – apenas seis meses. Mas rendeu, além da medalha de prata nas Olimpíadas de Atenas, em 2004, uma obra para a posteridade.
No livro O dia em que as mulheres viraram a cabeça dos homens, o treinador conta o dia-a-dia e a formação de uma equipe que superou preconceitos, a inatividade durante o ano, a saudade da família e encantou o Brasil. Entre hoje e domingo, o autor estará em Curitiba para divulgar a obra.
?É um livro de vida?, resume Renê, ao contar que evitou meras descrições ou análises técnicas. O treinador tentou mostrar no livro como as meninas da seleção passaram por barreiras sociais, aprenderam a conviver em grupo e entendem o que é o futebol. ?É preciso detalhar melhor as instruções para as mulheres. Mas elas são mais curiosas, querem saber tudo. Também são mais sensíveis e verbalizam mais o que sentem?, compara Simões, com a autoridade de quem está prestes a completar três décadas de carreira no futebol profissional.
O técnico vê o modelo do voleibol como ideal para expansão e popularização do futebol feminino – o investimento de grandes empresas ou universidades, aliadas à mobilização das cidades-sede. ?Dando condições, não tenho dúvida de que o Brasil ganhará tudo o que disputar. Assim como os homens, elas têm a melhor técnica. Os canarinhos fêmeas também sabem voar?, brinca Renê, que até dezembro do ano passado dirigiu a seleção olímpica masculina do Irã, e nos últimos meses dedicou-se ao livro, lançado na semana passada, no Rio de Janeiro.