São onze jogadores, “cada um no seu quadrado”. O futebol moderno sequer admite esse tipo de afirmação já que hoje o atleta precisa ser polivalente para se encaixar -, mas é importante citá-la para tentar entender porque o atacante Marcelo tem recebido tantas cobranças do torcedor. Qual é a atribuição de um jogador com a camisa 7 do Atlético? Apenas marcar gols? Para muitos torcedores sim, mas para muitos treinadores não. Para todos eles, entretanto, uma coisa é unânime: todos querem o mesmo “fim”, ou seja, o bem do Furacão.
Vamos aos números. Marcelo surgiu efetivamente como profissional em 2012 (no ano anterior foram quinze jogos e um gol). Durante o Campeonato Paranaense Marcelo começou a se destacar, mas lesionou-se e voltou com força no segundo semestre. Foram 16 gols em 30 jogos, com média de um gol a cada duas partidas na Série B daquele ano. No ano seguinte, em 2013, Marcelo fez sua melhor temporada em desempenho. Fez poucos gols (nove em 42 jogos), mas terminou o ano eleito o atleta revelação do Brasileirão .
Em 2014, Marcelo já disputou 33 jogos, mas marcou apenas cinco gols. O atacante vive um jejum de dez partidas. A última vez em que marcou um gol foi no dia 14 de setembro, contra o Vitória, na vitória do Furacão por 2×0.
A missão de um atacante não é só fazer gols, afinal, depende muito da característica de cada atleta. O técnico Claudinei Oliveira, por exemplo, acha que o Marcelo de 2014 é melhor que o de 2013. “Se vier um clube da Europa ver o Marcelo jogar, talvez veja com melhores olhos do que veria no ano passado. Era um jogador que só corria, se preocupava em contra-atacar. Hoje ele faz três ou quatro funções muito bem. Evoluiu. Abrir mão de ser o protagonista já é um exemplo de crescimento”, disse o treinador.
Para o comentarista Tribuna 98 Guilherme de Paula um atacante não precisa necessariamente fazer gols para se destacar. “Ainda mais um atacante com a característica do Marcelo. Ano passado fez menos gols, mas foi a revelação, o melhor atacante do campeonato, não apenas do Atlético. Não precisou ser artilheiro. Esse ano não está conseguindo fazer gols, perdeu algumas ‘bolas do jogo’, mas é uma temporada razoável”, disse. “Numa análise geral, vejo o Marcelo uma vítima do time deste ano”, acrescentou.
Para o técnico Ricardo Drubscky, do Goiás, Marcelo vive um momento de altos e baixos como qualquer atleta. Treinador do atacante desde as categorias de base no CT do Caju, Drubscky acredita que o potencial supera qualquer dificuldade. “Tenho visto ele fazendo bons jogos, perdendo alguns gols, mas não vejo isso como momento ruim. Faz parte do processo. O desenvolvimento do talento é dinâmico e esta sempre se alternando com altos e baixos”.
Embora ache as críticas exageradas, Guilherme de Paula não acha a cobrança sobre Marcelo injusta. “Acho que ele está sendo cobrado pelo status que ele mesmo alcançou. Não acho injusto que seja cobrado por isso. Hoje ele é o maior salário do elenco”, afirmou. Para o comentarista, diferente do que pensa Claudinei Oliveira, Marcelo parece ter regredido em alguns momentos. “Ele tem lembrado o Marcelo do início da carreira, quando tinha muitos problemas de finalização”.