São Paulo – O domínio da Renault nas duas primeiras etapas do Mundial de F-1 tem cara de filme já visto. A mesma hegemonia que a Ferrari impôs a partir de 1999, com o primeiro de uma série de seis títulos seguidos de construtores, a montadora impingiu às suas rivais na década de 90. Com a diferença de que a marca francesa não era representada por uma equipe própria, e sim uma fornecedora de motores, dividindo conquistas entre times e pilotos diferentes.
O domínio, que a equipe azul ameaça restabelecer em 2005, começou a ser ensaiado em 1991. Foi quando a Williams, mesmo sendo derrotada pela McLaren de Ayrton Senna no final, venceu sete corridas (duas com Riccardo Patrese e cinco com Nigel Mansell) usando os motores Renault, entrando em 1992 como a favorita absoluta ao título.
Mansell confirmou esse favoritismo fechando o campeonato na Hungria com inédita antecedência de cinco GPs. ?É um carro de outro planeta?, definiu Senna. Em 1993, Alain Prost repetiu a dose na mesma Williams. O título de pilotos foi perdido em 1994 para o ascendente Michael Schumacher, da Benetton-Ford. Mas a Williams, ainda de Renault, ganhou entre as equipes.
A montadora francesa passou a equipar também a Benetton em 1995 e faturou mais dois títulos ? com o time colorido e, de novo, Schumacher. Em 1996, o alemão foi para a Ferrari, deixando caminho aberto para a Williams, sempre de Renault, ser campeã com Damon Hill e, em 1997, com Jacques Villeneuve.
No final daquele ano, ?au revoir?: a Renault decidiu sair por cima da F-1, para voltar apenas em 2002 depois de comprar a Benetton e refazer seu time próprio ? foi assim que a marca estreou na categoria, em 1977.
Chamar a Renault de ?Ferrari azul?, portanto, não é nenhum exagero. Afinal, hegemonia parecida com a que Maranello enfiou goela abaixo de todos, só mesmo os franceses conseguiram perpetrar na F-1 recente. Nem mesmo a da McLaren durou tanto. Começou em 1988, mas três anos depois já dava sinais de que estava para acabar, como acabou. A F-1 vive de ciclos, é uma de suas máximas. Nada mais verdadeiro.
Ferrari diz que nem F2005 resolve
São Paulo – Não reina o entusiasmo em Maranello. As duas sovas que a Ferrari levou da Renault nas primeiras corridas do Mundial levaram a equipe a se defrontar com uma situação de crise que há anos deixou de ser comum nas hostes vermelhas.
Nem a perspectiva de estréia do carro novo já no Bahrein ? a Ferrari está usando o modelo do ano passado ainda ? anima a cúpula do time. Jean Todt, seu diretor-geral, disse que não se sente muito ?confiante? numa reviravolta imediata só a partir da troca da F2004M pela F2005.
?Estou confiante de que faremos tudo para melhorar e o mesmo se aplica a pilotos, mecânicos e engenheiros, que têm a mesma motivação. Este não é o nosso padrão. Essa corrida da Malásia é uma referência. Se estamos com um pouco de sono, ela vai nos acordar?, discursou o chefão da equipe.
A Ferrari começou seus testes da semana com a F2005 ontem em Mugello, com Luca Badoer. Hoje Rubens Barrichello experimenta o carro pela primeira vez. Amanhã é a vez de Schumacher. O time tem dez pontos no mundial, seu pior início de temporada desde 1998.
Para o piloto alemão, com carro novo ou não, ninguém deve esperar grandes progressos na próxima prova, no Bahrein. ?Mas em Ímola estaremos muito fortes?.