As visitas que Jackson Follmann, ex-goleiro da Chapecoense, recebeu nesta terça-feira podem mudar os rumos da nova vida que ele terá após o acidente ocorrido no último dia 29 de novembro. É o que espera Renato Leite, atleta da seleção brasileira de vôlei sentado, modalidade paralímpica que pratica há mais de 13 anos.
Renato esteve no hospital onde Follmann está internado, em Chapecó, junto com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcos da Costa – os dois são amputados -, além de Mizael Conrado, vice-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro.
Capitão do Brasil no vôlei sentado, ele afirmou que gostou de ter conhecido o ex-goleiro da Chape, que, em sua avaliação, já vive um novo momento psicológico que será determinante em sua recuperação. “Foi sensacional, ele adorou a visita. Senti um retorno muito positivo. Ele já pensa em andar, em dar a volta por cima”, explicou.
A trajetória de Renato tem algumas semelhanças com a de Follmann. Ele também perdeu parte da perna direita em um acidente, de motocicleta, quando tinha 20 anos. Desde então, tornou-se atleta paralímpico e conquistou uma medalha de ouro e uma de prata em Jogos Parapan-Americanos. O recomeço após o acidente, na sua avaliação, é uma nova chance que a vida dá, e só depende deles mesmos aproveitarem essa oportunidade.
“Eu costumo dizer que eu sou um milagre, e ele também. Eu disse que ele é um milagre na Terra, e que, com certeza, se tornou uma mega ferramenta de inspiração. Agora ele tem de fazer acontecer, traçar algumas metas de, por exemplo, se reabilitar. Voltar a caminhar e as outras coisas são consequências”, salientou.
Renato revelou que quer trazer Follmann para o esporte paralímpico, ideia que o ex-goleiro até vê com bons olhos. “Eu fiz o convite para ele ir conhecer o CT paralímpico junto comigo e o chamei para conhecer um projeto que eu coordeno no Audax, de futebol para amputados. Vou mostrar a gama de modalidades que temos”, revelou o jogador, que também é pós-graduado em Educação Física, e tem como objetivo elevar a cultura do esporte paralímpico.
“Tenho certeza que ele (Follmann) dará a volta por cima através do movimento paralímpico. Ele vai se reabilitar no esporte paralímpico como eu. Desde o meu acidente esse é o meu grande propósito (de vida), de visitar pessoas, inspirar e resgatar as pessoas para sua cidadania. Estou saindo de Chapecó com o dever cumprido”, contou.