Renaldo fora por ?deficiência física?

Às vésperas do Atletiba, o Coritiba viveu um dos dias mais tensos da temporada. O afastamento do centroavante Renaldo (e de Tiago), por alegada deficiência física, acabou gerando uma série de fatos e contra-fatos numa tarde de treinamento que começou antes das 14h e terminou quando era noite, já com os refletores do Alto da Glória acesos. A versão oficial acabou sendo questionada pelo jogador, que amparou-se no depoimento do preparador físico Róbson Gomes.

A comunicação do afastamento (apesar de não ser este o termo usado pelo comando do futebol) aconteceu antes do treino, minutos depois do presidente Giovani Gionédis entrar no vestiário para conversar com o elenco e ?apresentar? o técnico interino Antônio Lopes Júnior. Antes mesmo que esta reunião começasse, Renaldo já deixava o Couto Pereira após conversar com o gerente de futebol Oscar Yamato, o coordenador técnico Sergio Ramirez e o treinador.

A posição oficial foi passada por Ramirez, o único a falar pelo clube. ?O Renaldo e o Tiago terão um programa de treinamento diferenciado com o professor Róbson Gomes. Conversamos pela manhã e achamos que ambos precisam de um trabalho mais específico. É o consenso da comissão?, disse o dirigente, que depois garantiu que não houve afastamento. ?Não há isso. Eles vão ter dois dias para descansar um pouquinho e no sábado voltam a trabalhar.?

Antônio Lopes Júnior foi pelo mesmo caminho. ?Eu conto com o Renaldo, ele é um ótimo jogador e nós precisamos dele. Espero que ele volte a treinar já na quarta e possa estar conosco para a partida com o Botafogo?, comentou o técnico.

Renaldo não aceitou a versão. ?Com o perdão da palavra, isso é conversa para boi dormir. Eu estou muito bem fisicamente, queria jogar o clássico mas fui afastado. Vocês podem perguntar para o (preparador físico) Róbson Gomes, que ele vai dizer que eu estou bem?, comentou o atacante, que teria até torcida especial no Atletiba – sua esposa chegou ontem de Brasília para ver o marido atuando contra o Atlético.

Róbson Gomes afirmou que o centroavante está em bom momento físico. ?Comparando os dados do Renaldo com os de outros jogadores acima dos trinta anos, pudemos ver que ele é um dos três melhor preparados no Campeonato Brasileiro?, disse. ?Da parte física, ele está bem. Temos confiança total no atleta. Com relação a ele, é uma opção técnica. Ele pode estar em um momento de abatimento, mas fisicamente está totalmente apto?, completou. ?Eu realmente não sei o que está acontecendo?, finalizou Renaldo.

Após as idas e vindas da história, a tendência é que chegou-se ao consenso do comando do futebol e de Antônio Lopes Júnior que Renaldo não estaria bem e que não seria usado para o clássico. A versão de problema físico não se sustentou, tanto pelas declarações de Róbson Gomes quanto pela escalação de Márcio Egídio, que estava lesionado e fora do time há mais de dois meses.

Chegou-se a dizer que o problema seria emocional. ?O Renaldo vai descansar psicologicamente?, disse Ramirez. ?Isso não tem nada a ver. O time está mal e precisava de um bode expiatório?, atirou o atacante, que apesar de chateado não pretende descumprir a ordem da diretoria. ?Eu vou voltar a treinar no sábado e vou voltar a jogar?, comentou. Retornando, Renaldo fica treinando em separado até nova decisão – e passa a ser a principal ?sombra? do Coritiba.

Armando o time como o pai

Antônio Lopes Júnior pode não ter falado com seu pai, mas o time do Coritiba que treinou ontem tinha muito do Delegado. O técnico alviverde optou por manter o sistema 4-4-2, mas com Reginaldo Nascimento formando a zaga com Anderson – da maneira que Antônio Lopes usou o capitão coxa em sua passagem pelo clube. Além disso, ele pode promover a estréia de Humberto.

A equipe não foi confirmada -nem deve ser, pois há treino hoje e a tendência é de guardar a formação da equipe até momentos antes do Atletiba. Mas o coletivo de ontem, que começou após a reunião do vestiário (que durou quase duas horas), e foi até à noite, inclusive obrigando a administração do estádio a acender os refletores, já mostrou como será a cara do time para o clássico.

O Coxa treinou com Douglas; James, Anderson, Reginaldo Nascimento e Ricardinho; Márcio Egídio, Humberto (Peruíbe), Rodrigo Batata e Jackson; Caio e Marcelo Peabiru.

?Não é um abacaxi?

?Pai é pai.? Foi com essa sintética frase que o técnico interino do Coritiba Antônio Lopes Júnior falou da possibilidade de pedir conselhos a Antônio Lopes, hoje no Corinthians – mas que neste ano comandou Coxa e Atlético. A poucas horas do clássico, Júnior reconhece que enfrenta um desafio, mas o encara de forma diferente do que a maioria analisa. Para ele, é a chance de ganhar visibilidade, e não um ?abacaxi?.

O treinador disse estar se sentindo triste e motivado ao mesmo tempo. ?É complicado, porque perdemos o convívio com dois amigos, o Cuca e o Cuquinha (respectivamente ex-técnico e ex-auxiliar). Mas nós temos que seguir o trabalho e vamos buscar um resultado positivo no clássico?, comentou.

Auxiliar técnico do Coritiba desde o ano passado, Antônio Lopes Júnior já comandou o time B em amistosos pelo interior do Estado e no jogo com a seleção sub-20, em Joinville. Mas agora o desafio é maior. ?É uma oportunidade muito importante e não é o abacaxi que todos falam. Ouvi dizer até que o Coritiba corre risco de cair para a segunda divisão e vamos para o jogo?, disse.

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