O Santos emitiu nota no início da noite desta sexta-feira, assinada pelo presidente José Carlos Peres, para explicar as muitas irregularidades encontradas em contratos e nas contas do clube. A descobertas vieram após a atual diretoria contratar uma auditoria que analisou documentos relacionados ao Santos emitidos entre 2013 e
2017.
O relatório completo está disponível no próprio site do Santos. “Foi constatada a prática de centenas de irregularidades, algumas inclusive com reflexos penais, das quais resultaram inúmeros prejuízos financeiros ao Clube”, informou a nota.
Entre as contravenções, o Santos disse que a auditoria “identificou irregularidades na contratação de profissionais sem a demonstração da prestação dos serviços, custeio de passagens aéreas de interesses particular, pagamento de comissões para empresários sem a respectiva justificativa e origem, contratos de empréstimos com empresários em condições exageradamente desfavoráveis ao Clube.”
Após constatar os problemas, o clube informou que nos próximos dias adotará as “medidas desportivas, judiciais (cíveis e criminais) cabíveis contra todos esses malfeitores, com vistas a obter decisões que os condenem ao pagamento da justa reparação dos prejuízos materiais e morais que causaram ao clube”.
A auditoria foi realizada pela GF Brasil. No relatório, a empresa aponta muitos contratos de prestação de serviços sem o devido comprovante. Entre eles, os contratos firmados entre o Santos e o escritório jurídico Bonassa Bucker.
O clube pagou cerca de R$ 13 milhões ao escritório, sendo R$ 400 mil somente para resolver o imbróglio jurídico de Neymar na transferência para o Barcelona. A GF Brasil destacou a “ausência de planejamento adequado, tanto organizacional quanto financeiro; ausência de cotação de preços e verificação da existência do serviço prestado; e ausência de mecanismos internos de controle”.
Outro ponto indicado pela auditoria mostra o adiantamento no valor de R$ 150 mil para hospedagens no Hotel Praiano em 27 de novembro de 2015. O valor utilizado, no entanto, foi de R$ 18.996. O pagamento foi autorizado pelo então presidente do clube, Modesto Roma. O hotel devolveu o valor excedente em duas parcelas – a primeira de R$ 80 mil em 12 de janeiro de 2016 e a outra em 12 de junho de 2017 no valor de R$ 51.004.
Um dos sócios do hotel na época era Márcio Campanelli, membro do comitê de gestão do clube. A auditoria constatou que “não se trata de adiantamento ao hotel e sim de um empréstimo. Portanto, o instrumento legal deveria ser um contrato de empréstimo, com cobrança de juros e pagamento de tributos inerentes”.