O Itaú BBA divulgou nesta semana o relatório anual com o levantamento financeiro dos principais clubes brasileiros referentes ao ano de 2018. O Trio de Ferro está no estudo com dados interessantes a serem analisados. Levando em conta apenas os fatores contábeis, Coritiba e Paraná Clube mostraram bons exemplos, pois souberam balancear as contas não criando mais dívidas.
Com uma estrutura financeira sólida e gestão focada nos lucros, o Athletico, porém, precisará ficar atento às dívidas em relação às obras da Arena da Baixada, que podem significar baixas consideráveis no caixa nos próximos anos. Ao todo, 27 clubes tiveram seus balanços avaliados.
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As receitas totais de Furacão e Tricolor aumentaram em relação a 2017. No caso do time paranista, isso se deve à participação na Série A. Já o Coxa fez o caminho inverso. Seus números diminuíram justamente porque o clube esteve durante o ano anterior na Série B. As cotas de TV são responsáveis pela maior fatia do dinheiro que entrou.
Ainda que de maneira geral os paranaenses tenham trabalhado de forma consciente sua contabilidade, o fator dívida deve ser visto com atenção pelo trio. O Rubro-Negro figura na lista dos maiores devedores do país, com dívida de R$ 478 milhões. Só que a inclusão é por conta do financiamento da construção da Arena da Baixada para a Copa do Mundo de 2014 estar incluído. O Athletico é o único time analisado que publicou em seu balanço o déficit por conta da construção de estádio.
O Paraná, ainda que não esteja entre os que tem maiores dívidas, precisa de cautela. Considerando a dívida efetiva (que é a que realmente tem) e a potencial (que pode surgir a partir de ações que ainda estão sendo julgadas), o déficit dá um salto gigante e o clube se coloca entre os primeiros devedores.
Em entrevista exclusiva à Tribuna do Paraná o responsável pelo estudo, o consultor do Itaú BBA César Grafietti, fez uma análise geral dos paranaenses no levantamento e disse considerar os dados de 2018 positivos.
“O Athletico é um dos grandes exemplos de boa gestão, patrimonial, estádio, centro de treinamento, faz investimento e faz força na gestão de longo prazo. Não gasta além do que pode. Consegue se controlar bem e tem atividade operacional de maneira equilibrada. Vai enfrentar algum entrave em relação à dívida do estádio, que começa a pesar de maneira forte. O clube precisará buscar fonte de reforço para quitar esse valor, como vender atletas, por exemplo. O clube está no caminho certo, mas precisa lidar de forma pragmática com a questão da divida, uma questão a ser cuidada”, detalhou ele, em relação ao Furacão.
Já sobre o Coxa, Grafietti considera que a diretoria soube trabalhar com o dinheiro que tinha, sem gastar mais do que podia, mas que dívidas antigas refletem as dificuldades no mercado.
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“No ano passado o Coritiba teve uma grande vantagem em relação aos outros competidores da Série B. Porém, não fez loucuras financeiras para retornar a qualquer custo para Série A. Foi bastante equilibrado em relação aos números, aparentemente rodou dentro de suas possibilidades. Conseguiu cortar custos, teve um caixa muito bom, uma gestão que teve seus números ‘na mão’. Tem dívidas de impostos grandes, mas isso se mostra em queda. Porém, em 2019, o time deve enfrentar uma dificuldade por estar próximo a seus competidores em nível de receitas”, explicou.
Por fim, em relação ao tricolor, o consultor vê como positivo o controle financeiro do clube, que soube economizar e fez algo que a grande maioria não faz no futebol brasileiro.
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“O Paraná Clube, financeiramente falando, teve um ano aparentemente bom, impulsionado principalmente pela cota de TV. Foram 30 milhões contra oito de 2017. O time fez o correto em termos monetários e não gastou todo o dinheiro para permanecer na Série A, inclusive restou dinheiro para fazer investimentos de uma maneira controlada. Nem os grandes clubes do futebol terminam o ano com R$ 2 milhões como o Paraná terminou. A dívida do clube está caindo um pouco, porém é preciso destacar o perigo que o clube corre com provisões trabalhistas e impostos. Tudo isso pode virar dívida. É preciso avaliar isso a longo prazo porque o clube pode ter dificuldade pra frente. De qualquer forma, o cenário financeiro de 2018 foi muito controlado, em um ritmo organizado. Ainda que o clube tenha tido um desempenho ruim em campo e voltado pra Série B, é elogiável a forma como lidou com as finanças”, concluiu.
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