“Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima…” O samba de Paulo Vanzolini é antigo, mas a história é cada dia mais atual. E, para isso, apenas um toque na bola foi suficiente.
Como em tantas vezes, o futebol foi o ?patrocinador? de uma recuperação impressionante. O gol que virou o jogo a favor do Coritiba contra o Santos foi marcado justamente por Reginaldo Araújo, que era alvo da ira da torcida que comparecera ao Alto da Glória. Vaiado ao pegar na bola, o lateral vivia mais um capítulo de sua história no clube. Só que este teria final feliz.
Apesar de ser o mais criticado jogador alviverde, o lateral parece escolado, e comenta o caso com uma serenidade que impressiona. “É preciso calma, porque estamos jogando em casa. E, apesar de tudo, eu adoro jogar no Couto Pereira”, afirma.
Nada mais natural para um jovem (ainda tem 24 anos) que até há pouco morava no mitológico Beco do Sossego – antiga concentração dos profissionais que, nos anos 90, foi transformada em alojamento para as categorias de base. O Coritiba está marcado na vida de Reginaldo Araújo, que só precisava de um lance para conseguir a redenção. “Quando houve o lançamento, o zagueiro do Santos falhou e eu acreditei no lance. Acho que chutei bem, porque fiz o gol”, diz.
Ele não compara o lance de quarta com o erro do sábado, contra o Vasco. “São jogadas diferentes. No Rio, eu recebi o passe, avancei com a bola e, quando tentei chutar, o Fábio (goleiro do Vasco) cobriu o ângulo”, explica. Mas aquela jogada frustrada deve ter passado na cabeça dele na hora do gol, assim como para todos que estavam no Alto da Glória. E talvez por isso a explosão incomum dele e da torcida na comemoração – que por si só já seria grande, por representar a virada no placar. E nem o sereno Reginaldo resistiu, mostrando as veias saltadas, metáfora de um jogador que garante apresentar sangue alviverde. “Eu queria festejar com a torcida e com os meus companheiros”, afirma o lateral, que quase foi carregado pelos jogadores do banco de reservas.
Enquanto isso, seus companheiros titulares também festejavam a vitória e a recuperação de Araújo. “Ele merece, porque é um menino que trabalha muito e que às vezes sofre com críticas”, diz o zagueiro Picolli.
Outro que festeja o gol e a volta por cima de Reginaldo Araújo é o técnico Paulo Bonamigo. “Ele mais uma vez mostrou que não é de se esconder em um jogo. Na partida em que ele mais era criticado, o Reginaldo não deixou de aparecer, e o prêmio foi o gol”, elogia o treinador. Apesar de todas as manifestações, o lateral não quis tomar as glórias para si – e, ao seu estilo, dividiu a redenção com todos. “Não, a vitória é desse grupo, que a cada dia mostra qualidade e capacidade de reação. E é da torcida, que sempre está nos apoiando”, finaliza.
Bonamigo quer o time jogando “90 minutos”
Cristian Toledo
Muito do que o técnico Paulo Bonamigo pediu não foi feito pelo Coritiba nos primeiros trinta minutos do jogo contra o Santos. E tudo o que ele pediu foi feito dali para frente. Apesar da euforia da vitória – e da forma como ela veio -, o treinador e os jogadores usaram da cautela para avaliar o resultado e a atuação da equipe. Alguns chegaram a dizer que, mesmo com a vitória, o Cori não jogou bem. A incrível noite de quarta serve de parâmetro para a próxima partida, contra o Goiás, domingo, às 16h, no Couto Pereira.
Foi o caso do atacante Da Silva, que marcou o quarto gol. “Se você analisar, nós não fizemos uma boa partida”, confessa. “Nós não entramos em campo até os trinta do primeiro tempo. Não sei o que aconteceu, porque fomos dominados totalmente pelo Santos”, adiciona o goleiro Fernando. “Nós só acordamos quando o Santos já estava vencendo por 2 a 0”, completa o meio-campista Lúcio Flávio.
Para o zagueiro Pícoli, a explicação da má atuação no início do jogo é simples. “Nós não fizemos o que nos foi pedido. Até parece brincadeira, mas tudo o que nos alertaram aconteceu, e nós sofremos os gols”, diz. Lição que todos aprenderam, segundo Bonamigo.
Mas a moeda tinha outra face, essa mais favorável. “Foi aí que o time mostrou poder de recuperação, mantendo a calma e atacando o Santos. Daí para frente, foi o Coritiba que todos queremos ver”, elogia Bonamigo, que ressalta a força dos jovens. “Se você perceber, o Lima e o Adriano, que são os jogadores mais jovens, não sentiram a pressão e chamaram o jogo para si. O Lima teve uma atuação individual excelente, e essa é a nossa diferença”, explica o treinador.
A primeira parte da recuperação foi feita com muita vontade. “A gente sentiu que, se não estávamos bem tecnicamente, poderíamos compensar na garra. E foi o que aconteceu”, afirma o meia Tcheco. “Ganhamos o jogo com raça, mas mostramos muita qualidade para conseguir a virada”, garante o volante Roberto Brum.
Time
O Coritiba tem problemas clínicos para a partida contra o Goiás – jogo que marca o reencontro o atacante Evair com o Coritiba. O zagueiro Edinho Baiano foi submetido a uma ecografia no final da tarde de ontem para verificar lesão no abdome. Ele sofreu duas pancadas no mesmo local, e se ressente de dores. Já o lateral Adriano, que deixou o campo amparado pelos médicos, apresenta melhora significativa. “Ele está com uma lombalgia, e nós vamos continuar acompanhando a recuperação dele”, afirma o médico William Yousef. Mas o principal problema é Da Silva, que torceu joelho e tornozelo esquerdos. “Ele está com dificuldade para caminhar, e por isso vamos deixar para avaliá-lo no sábado”, explica o médico William Yousef. Da Silva foi julgado na noite de quarta no TJD, pegou um jogo de suspensão (já cumprido) e teria condições de atuar no final de semana.
Três jogadores contundidos
O Coritiba tem problemas clínicos para a partida contra o Goiás, domingo, às 16h, no Couto Pereira – jogo que marca o reencontro do atacante Evair com o Coritiba.
O zagueiro Edinho Baiano foi submetido a uma ecografia no final da tarde de ontem para verificar lesão no abdome. Ele sofreu duas pancadas no mesmo local, e se ressente de dores. Já o lateral Adriano, que deixou o campo amparado pelos médicos, apresenta melhora significativa. “Ele está com uma lombalgia, e nós vamos continuar acompanhando a recuperação dele”, afirma o médico William Yousef.
Mas o principal problema é Da Silva, que torceu joelho e tornozelo esquerdos. “Ele está com dificuldade para caminhar, e por isso vamos deixar para avaliá-lo no sábado”, explica o médico William Yousef. Da Silva foi julgado na noite de quarta no TJD, pegou um jogo de suspensão (já cumprido) e teria condições de atuar no final de semana.
Atenção
O técnico Paulo Bonamigo aproveitou a atuação alviverde para lembrar que o Coritiba não pode dar espaços para nenhum adversário. “O nosso primeiro tempo mostrou como nós não podemos jogar, marcando mal e sem velocidade. Temos que ter a atenção ao adversário desde o primeiro minuto do jogo”, avalia o treinador.
Sérgio Manoel não será operado
Por enquanto, não. A diretoria do Coritiba deve divulgar hoje uma nota oficial sobre a situação clínica do meio-campista Sérgio Manoel, que não joga há dois meses. E, ao que já parecia certo, o jogador não será operado do problema no tendão do pé direito. As opiniões externas foram acatadas e ele retomou ontem o processo de recuperação e fisioterapia.
A posição dos médicos do Cori era clara, apesar de não ser externada. Como Sérgio não reagira aos tratamentos, e sentia sempre o local quando tentava voltar a treinar, era certo – para eles – o rompimento parcial do tendão fibular curto. Mas Sérgio consultou dois dos maiores especialistas do País – Joaquim Grava, médico do Corinthians, e José Luís Runco, do Flamengo (eles já trabalharam juntos na seleção, onde Runco chefia o departamento médico). “Eles garantiram que não é necessária a cirurgia”, afirma um médico alviverde.
