Annapolis, Estados Unidos (AE) – Os sete veleiros da Regata Volta ao Mundo partem hoje de Annapolis (Estados Unidos) com destino a Nova York na disputa da mais curta das etapas oceânicas da Volvo Ocean Race 2005/2006 – um trajeto de 400 milhas (720 quilômetros) que deve ser percorrido em menos de 48 horas.
A largada está prevista para as 14 horas de Brasília, uma hora a mais em relação ao fuso da costa leste norte-americana.
O líder ABN Amro 1, com 63,5 pontos, corre a regata com a expectativa de ficar a apenas uma vitória da previsível conquista do campeonato por antecipação. O time holandês precisa de mais duas vitórias para eliminar a possibilidade de ser alcançado pelo veleiro espanhol Movistar, vice-líder da flotilha com 44 pontos.
Além das quatro etapas oceânicas valendo sete pontos cada, ainda restam um portão de pontuação entre Nova York e Portsmouth (ING) e duas regatas costeiras que irão atribuir 3,5 pontos a cada vencedor. Considerando-se que todos os competidores pontuem, até mesmo o último colocado, restaria ao ABN 1 vencer simplesmente mais duas pernas em mar aberto.
Analisando a privilegiada situação, o comandante do ABN 1, Mike Sanderson alega que nunca se preocupou em fazer as contas para projetar a classificação. "Não fiz a conta, mas fico emocionado ao saber que estamos tão próximos do objetivo. O importante é que os rapazes estão fazendo o melhor possível e temos de continuar assim."
O otimismo do velejador neozelandês pode ser justificado pela estatística da Volta ao Mundo. Nas cinco provas oceânicas já disputadas, o barco comandado por Sanderson obteve quatro vitórias. Pelas características do veleiro, para o time holandês o ideal é navegar distâncias longas com ventos fortes.
Não é o caso da regata que começa neste domingo. "Há duas etapas que podem apresentar muitas dificuldades para nós: até Nova York e por fim até Gotemburgo", lembra Sanderson referindo-se justamente às duas menores regatas oceânicas, com 400 e 500 milhas respectivamente.
A preocupação com a navegação depois da largada deste domingo é quase unânime entre as tripulações devido às condições da Chesapeake Bay, a baia dos crustáceos. Os barcos terão de velejar quase cem milhas no rumo sul dessa baia antes de atingir o Atlântico e retomar a direção nordeste para Nova York.
"Os ventos devem ser fracos, com muita correnteza, bancos de areia e quilômetros de cabos de bóias usadas para pesca. Realmente será um desafio sair desse lugar", alerta o comandante do Brasil 1, Torben Grael, prevendo equilíbrio na etapa. "A curta distância deve tornar a regata bastante interessante. Acho que vai manter os barcos juntos o tempo todo."
Apesar das próximas dificuldades, Torben considera que o segundo lugar na prova costeira de Baltimore (25 milhas ao norte de Annapolis) injetou na tripulação do Brasil 1 a energia necessária para iniciar uma nova briga a partir deste fim de semana por um lugar entre os três primeiros colocados ao final da Volta ao Mundo. "Esse momento é muito importante. Temos de aproveitar o bom resultado. Se conseguirmos velejar bem nas próximas etapas, poderemos manter o sonho do pódio."
O barco brasileiro está em quinto lugar com 37 pontos, contra 41 do ABN Amro 2 e 41,5 do Piratas do Caribe – ou seja, para alimentar o sonho de Torben, apenas 4,5 pontos separam o veleiro azul e amarelo da zona do pódio. O maior medalhista olímpico do país aposta também no melhor desempenho do Brasil 1 quando o barco estiver velejando com vento a favor, graças à nova vela-balão – a maior vela içada à proa da embarcação – recém-chegada da Nova Zelândia.
Tripulantes e integrantes das equipes de terra de todos os times lamentam a rápida estada da "Família Volvo" em Annapolis. A Chesapeake Bay, maior estuário dos Estados Unidos, faz com que a vida da pequena cidade turística de apenas 35 mil habitantes seja praticamente voltada às atividades náuticas.
Annapolis é quase uma parada obrigatória de velejadores em competições ou em viagens oceânicas. Considerada pelos americanos como a "Capital Mundial da Vela", foi a capital federal do país no fim do século XVIII, antes de Washington. Na Segunda Guerra transformou-se em pólo da indústria naval e atualmente é sede da Academia Naval, onde são formados os oficiais da marinha americana.
A cidade faz questão de preservar o aspecto colonial com ruas estreitas e casas de madeira. Nos restaurantes ao redor da marina, a maior atração é crab cake, o famoso bolinho de siri, que ajudou os velejadores a admirar a charmosa Annapolis.