Nenhum dos principais clubes brasileiros passou por uma reformulação tão grande no seu elenco antes do início da temporada de 2013 como o Cruzeiro. O time trocou de técnico, contratou dezenas de jogadores, dispensou tantos outros, mudou a sua cara e tudo isso deu certo demais, afinal nesta quarta-feira o clube se consagrou como campeão brasileiro. E com uma supremacia imensa sobre os seus demais concorrentes.
Após o decepcionante ano de 2012, quando ficou fora da decisão do Campeonato Mineiro, foi eliminado precocemente na Copa do Brasil e amargou um discreto nono lugar no Brasileirão, o clube trocou Celso Roth por Marcelo Oliveira e mudou praticamente todo o elenco, incluindo a saída de Montillo, vendido ao Santos. Com esse dinheiro e outros recursos, montou praticamente um novo time, com o ídolo Fábio como um dos poucos remanescentes da temporada anterior.
Chegaram jogadores como Bruno Rodrigo, Dedé, Egídio e Nilton para o sistema defensivo e Everton Ribeiro, Dagoberto e Ricardo Goulart para o setor ofensivo, posteriormente também reforçado por Willian e Julio Baptista. Foi com esses nomes que Marcelo Oliveira construiu o time campeão com mais antecipação do Campeonato Brasileiro, junto com o São Paulo de 2007, e o primeiro na era dos pontos corridos a vencer todos os adversários.
Para isso, adotou um estilo de jogo ofensivo, leve e com jogadas de velocidade, que renderam ao Cruzeiro a condição de melhor ataque deste Brasileirão. Assim, não se encolheu fora de casa e é o melhor visitante do torneio.
Como mandante, no Mineirão, o time exibiu ainda mais a sua força. Palco de conquistas históricas do Cruzeiro, como a Libertadores de 1997, as Copas do Brasil de 1993, 2000 e 2003, o time parece ter sentido falta do estádio, fechado em 2010 para reformas visando a Copa do Mundo de 2014. O clube assumiu o principal palco do futebol mineiro como sua casa desde o início de 2013 e se tornou praticamente imbatível.
Desde a reinauguração do estádio, em fevereiro, o time sofreu apenas uma derrota no Mineirão. E a torcida do Cruzeiro, dona da maior média de público da competição, com mais de 27 mil torcedores por jogo, viu o time conquistar 44 de 51 pontos possíveis como mandante até agora no Brasileirão.
A campanha consistente do Cruzeiro neste Brasileirão foi iniciada com uma goleada por 5 a 0 sobre o Goiás. Depois, o time se tornou um real candidato ao título ao emplacar três vitórias consecutivas por três gols de diferença – diante de Náutico, São Paulo e o grande rival Atlético Mineiro, entre a sétima e a nona rodada do torneio.
Na disputa pela liderança com o Botafogo, o Cruzeiro assumiu a ponta do Brasileirão para não largá-la mais na 16.ª rodada, ao bater a Ponte Preta em Campinas, na segunda de uma série de oito vitórias no torneio, concluída com o emblemático triunfo sobre o time carioca por 3 a 0 no Mineirão.
Depois disso, o Cruzeiro até oscilou, como entre a 27.ª e a 30.ª rodada do Brasileirão, num período em que sofreu três derrotas, mas já não havia mais concorrentes reais ao título nacional, que acabou sendo sacramentado nesta quarta-feira com o triunfo sobre o Vitória.
Um título que comprova a homogeneidade do grupo, que levou o técnico Marcelo Oliveira a promover várias mudanças no time titular durante a competição, tanto que Ceará e Mayke se revezaram na lateral direita, Souza e Lucas Silva disputaram uma vaga de volante, Diego Souza foi vendido e teve a sua vaga suprida. E até o ataque teve diversas formações, com Vinicius Araújo, Borges, Luan, Ricardo Goulart e Willian se revezando na equipe.
Assim, com a sua força como mandante, sendo consistente fora de casa e com os acertos da reformulação do elenco, o Cruzeiro conquistou mais um título nacional, coroando o goleiro Fábio, o maior ídolo recente do clube e que faturou neste domingo o maior título da sua carreira, e liderou um sistema defensivo seguro, que também teve como expoentes o zagueiro Dedé e o volante Nilton e os até então desacreditados Bruno Rodrigo e Egídio, além de revelar o lateral-direito Mayke e o volante Lucas Silva.
E também consagrou, assim como em 2003 com Alex, um meia com passagem anterior pelo Coritiba. Dessa vez, Everton Ribeiro, autor de alguns dos mais belos do futebol em 2013, ano em que o Cruzeiro voltou a ser campeão brasileiro.