Sem nenhum candidato de oposição como adversário, Reinaldo Carneiro Bastos foi reeleito nesta quinta-feira à tarde, em São Paulo, presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF) para um mandato de mais quatro anos, pelo período de 2019 a 2022. Em Assembleia Geral Extraordinária realizada na sede da entidade, que contou com a presença de representantes de vários clubes do estado de São Paulo, o dirigente teve a sua permanência no cargo assegurada após ter assumido o mesmo anteriormente em abril de 2015, quando Marco Polo del Nero o deixou antes de se tornar presidente da CBF.
Candidato único, Reinaldo Bastos foi eleito por aclamação pelos clubes e ligas do futebol paulista. Ele se reelegeu como líder da chapa “União Pelo Futebol”, que também conta com os vice-presidentes Fernando Solleiro e Mauro Silva, ex-jogador da seleção brasileira que hoje faz parte da diretoria da FPF.
Também nesta assembleia foram eleitos para o Conselho Fiscal da entidade os seguintes membros: a ex-jogadora de basquete Maria Paula Silva, a Magic Paula, presidente também da organização Atletas pelo Brasil; José Carlos Cosenzo, promotor de Justiça e coordenador de assuntos estratégicos do Ministério Público; e Vanderlei Aparecido Pereira, ex-presidente da Ponte Preta. Já Rodrigo Benedito Tarossi e Carlos Alberto Amado Costa foram confirmados como membros suplentes.
Após ser reeleito em assembleia, Reinaldo Bastos deu uma breve entrevista coletiva na porta da FPF, onde garantiu que a processo eleitoral foi realizado de forma correta. “Conversamos com a grande maioria dos clubes e fizemos tudo de forma muito transparente. Colocamos a eleição na mão de órgãos independentes e não comandamos o processo eleitoral. Fizemos tudo com transparência. E isso para nós é fundamental”, afirmou o dirigente.
E o presidente reeleito garante que o mais importante será todas as partes trabalharem de forma unida para o desenvolvimento do futebol paulista. “Em mais de três décadas atuando no esporte, a maior lição que tirei foi que o futebol só evolui com os clubes e federação unidos. Começamos há pouco mais de três anos uma nova era na FPF, buscando a transparência, competência e excelência. Precisamos de todos juntos, com humildade e coragem para reconhecer e corrigir erros, buscar sempre o melhor”, ressaltou.
PLANO DA GESTÃO – Antes da assembleia na qual Reinaldo Bastos foi reeleito, a FPF promoveu no hall de entrada de sua sede um rápido coquetel aos presentes e divulgou o seu plano de gestão para este novo período de gestão da situação.
Com o título “União do Futebol Paulista”, o material de divulgação destacou que este próximo quadriênio (2019-2022) de administração da entidade estará baseado em quatro pilares: “Planejamento e gestão participativa”, “desenvolvimento e capacitação”, “valorização e fortalecimento” e finalmente “base e fomento”.
Definindo-se como uma “gestora das vontades dos clubes” paulistas, a FPF diz esperar que, com “profissionalismo e transparência”, consiga atingir as suas principais metas, que citou como as seguintes: “Amplificar a soberania paulista no futebol nacional, gerar mais receitas aos clubes e evoluir ano a ano na organização dos campeonatos”.
Por meio de contribuições e subvenções que beneficiaram os clubes de diferentes maneiras (não apenas por dinheiro repassado aos times) e foram declaradas em seus últimos balanços financeiros anuais, a FPF colaborou para as equipes com uma quantia total de R$ 53,4 milhões entre 2015 e 2017. E já para 2018 há um valor orçado de R$ 17,9 milhões. É um aumento significativo em relação a 2014, quando R$ 7,8 milhões foram investidos pela entidade com subvenção aos clubes – o valor atual representa um crescimento de 129,3% em relação ao de quatro anos atrás.
Ao elencar pontos positivos da gestão atual, a FPF também destacou nesta quinta-feira que desde 2015 investiu R$ 11,7 milhões com o seu programa “Futebol Sustentável” e que os gastos promovidos para melhoria da qualidade da arbitragem nas partidas nas divisões estaduais subiu de R$ 1,5 milhão em 2014 para R$ 2,6 milhões neste ano.
Na última quarta-feira, a FPF também confirmou ao Estado que, por meio de cotas e patrocínios acertados apenas para 2018, garantirá a injeção de um investimento previsto de mais de R$ 145 milhões até o fim do ano. A atual gestão destaca que o valor é 40,5% maior do que o total pago aos times das Séries A1, A2, A3 e da Segundona (quarta divisão estadual) em 2014, quando as equipes receberam pouco mais de R$ 103 milhões por meio desta mesma fonte de receitas.
DEL NERO – Reinaldo Bastos foi reeleito presidente depois também de ver Del Nero, banido do futebol pela Fifa por corrupção, articular nos bastidores para tentar retomar o poder na entidade por meio dos seus aliados, pois não pode concorrer a qualquer cargo com a punição que recebeu. Ex-mandatário da entidade paulista e da CBF, ele prometeu ajuda financeira e até regalias a dirigentes de clubes nos quais tem bom trânsito, entre eles Marquinho Chedid, presidente do Bragantino, que chegou a despontar como possível candidato de oposição na eleição desta quinta-feira.
Sob influência de Del Nero, Chedid liderou um movimento batizado de “Renovação do Futebol Paulista”, que fez várias reivindicações à FPF e cobrou mudanças, entre as quais a instituição de um calendário anual para as equipes paulistas e também o aumento de 100% a 200% dos valores das cotas pagas aos times que hoje integram as Séries A2 e A3 e a Segundona estadual.
Lançado em julho, o movimento optou por não inscrever uma chapa de oposição para concorrer com Reinaldo Bastos e, no início de agosto, anunciou que conseguiu um entendimento com a atual gestão da FPF para cumprir ao menos parte das reivindicações enumeradas em 12 itens revelados em um documento distribuído aos clubes.