Red Bull terá motores Ferrari por dois anos

Imola – Ferrari e Red Bull serão parceiras a partir do ano que vem. O acordo entre a mais tradicional e a mais jovem das equipes da Fórmula 1 foi anunciado ontem em Imola, onde hoje acontece o GP de San Marino, quarta etapa do Mundial. São dois anos de contrato, que prevêem a utilização dos novos V8 feitos em Maranello pela Red Bull. "É uma equipe motivada, entusiasmada e determinada", elogiou Jean Todt, aproveitando, por tabela, para dizer o que acha da Sauber, que desde 1997 usa os motores italianos sob a marca Petronas: um time desmotivado, de pouco entusiasmo e determinação.

A Sauber começou a se divorciar da Ferrari no fim do ano passado, ao se alinhar às demais equipes para pedir à FIA a limitação dos testes privados, algo que os vermelhos não aceitam sequer discutir. Depois, trocou os pneus Bridgestone, usados pela Ferrari, pelos rivais da Michelin.

Já a Red Bull juntou-se aos ferraristas duas semanas atrás e foi à reunião convocada pela FIA para traçar o novo regulamento da F-1. As demais equipes boicotaram, com exceção da Jordan, que no ano que vem muda de nome e passa a se chamar Midland, comprada que foi pelo grupo do mesmo nome ? comandado por um empresário russo radicado no Canadá, Alex Shnaider.

"Ferrari é sinônimo de vitória e sucesso", comemorou Christian Horner, dirigente da Red Bull, que atualmente usa motores Cosworth. Estes devem sumir da F-1 em 2006, já que a Cosworth pertence aos donos da F-Mundial e não tem interesse em desenvolver os novos V8 que serão adotados na categoria.

A Sauber deverá anunciar nos próximos dias um novo acordo de motores. A BMW será sua fornecedora e pode ir além, pois tem a intenção de comprar a equipe suíça. Para Felipe Massa, um de seus pilotos, o acordo Ferrari-Red Bull pode ser interessante. O brasileiro encerra seu contrato com a Sauber no fim do ano, mas mantém vínculos fortes com Maranello, para quem trabalhou como piloto de testes em 2003. Seu empresário, Nicolas Todt, é filho do principal dirigente ferrarista.

No mundial deste ano, curiosamente, a Red Bull está na frente da Ferrari com 12 pontos. Os campeões do mundo têm apenas dez. O quadro deve começar a mudar hoje com a disputa do GP de San Marino. Ontem, na primeira classificação, a Red Bull ficou em 14.º e 16.º com Coulthard e o estreante Liuzzi, contra o terceiro de Schumacher e o 11.º de Barrichello.

O grid seria definido hoje às 5h de Brasília. Os favoritos à pole eram Raikkonen e Alonso, os mais velozes de ontem. A corrida de Imola começa às 9h e terá 62 voltas.

Ferrari aposta na consistência

Imola – Consistência, com séries longas de voltas marcando bons tempos. Essa será a receita da Ferrari para tentar, hoje, iniciar uma reação no mundial de F-1, depois de marcar apenas dez pontos em três corridas. Michael Schumacher, terceiro colocado na primeira classificação de ontem, estava otimista. "Acho que podemos lutar pela vitória. Vai ser uma luta dura, mas temos chances." O alemão venceu cinco dos últimos seis GPs de San Marino.

McLaren e Renault foram os times que mais se destacaram nos treinos. Os franceses, que lideram o campeonato entre as equipes e entre os pilotos, com Fernando Alonso, optaram por treinar pouco para não desgastar o motor do espanhol. Fernando, no entanto, evitou fazer previsões muito entusiasmadas. "Vimos sete carros de sete equipes diferentes nas primeiras colocações no primeiro treino. Vai ser uma prova muito equilibrada. Para mim, além da McLaren, a BAR, a Williams e a Renault também serão muito rápidas."

Barrichello não foi bem ontem. Terminou a primeira sessão classificatória 1s006 atrás de Kimi Raikkonen, o mais rápido. "O balanço do meu carro não estava bom", resumiu.

Histórica, Imola resiste e cria clássicos na Fórmula 1

Imola – Foi no ano 80 a.C. que se correu pela primeira vez em Imola. Na época, eram bigas puxadas por dois cavalos que disputavam animados rachas, na área conhecida como Fórum Cornelli, perto de onde hoje fica o autódromo Enzo & Dino Ferrari, no norte da Itália. A pista começou a ser construída em 1950. Recebeu a F-1 pela primeira vez em 1963, numa prova extracampeonato. E desde 1980 faz parte do calendário. Primeiro, como GP da Itália, num ano em que Monza ficou fora do mundial. A partir de 1981, como GP de San Marino, uma pequena república encravada em território italiano.

Antiquado e acanhado, com boxes apertados, arquibancadas modestas e pouco espaço para ampliações, o circuito é também um dos mais chatos da F-1 por ter raríssimas chances de ultrapassagem. Mas, paradoxalmente, é um criador de clássicos.

Fazem parte da história da categoria pelo menos cinco das 25 corridas válidas pelo mundial disputadas em Imola ? pista que, desde 1994, vive ameaçada de banimento por conta do surgimento de circuitos bem mais modernos em outras partes do mundo.

A primeira "clássica" foi a corrida de 1982. Naquele ano, as equipes inglesas brigaram com a FIA e, lideradas por Bernie Ecclestone, então dono da Brabham e presidente da associação dos construtores, decidiram boicotar o GP. Apenas 14 carros largaram e a torcida adorou, afinal a Ferrari fez dobradinha com Didier Pironi em primeiro e Gilles Villeneuve em segundo.

Se nas arquibancadas tudo era festa, nos bastidores o pau comeu na equipe italiana. Gilles acusou Pironi de desrespeitar um acordo pré-corrida ao ultrapassá-lo e declarou guerra ao companheiro. Que durou pouquíssimo tempo, já que o canadense morreria nos treinos da corrida seguinte, em Zolder.

Brasileiros saem da GP2

Imola – Não começou bem a história dos pilotos brasileiros na GP2, nova categoria de acesso à F-1 que teve ontem sua primeira corrida em Imola. Nelsinho Piquet e Xandinho Negrão, da equipe Hitech Piquet Sports, abandonaram a prova com problemas de freios. O filho do tricampeão parou quando faltavam duas voltas. Negrão parou na quinta. A vitória foi do finlandês Heikki Kovalainen, da Arden. Completaram o pódio o argentino José Maria Lopez, da Dams, e o americano Scott Speed, da iSport.

A prova foi confusa, já que as regras estabelecem a obrigatoriedade de dois pit stops, mesmo se o piloto não tiver nada para fazer nos boxes. Dos 24 que largaram, 11 abandonaram, entre eles o pole-position Nicolas Lapierre. A corrida teve 37 voltas e durou pouco mais de uma hora. Hoje acontece a segunda etapa da rodada dupla, mas é uma prova de tiro curto, percurso de 80 km, contra os 180 km de ontem.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo