A fé não costuma falhar. A frase que tornou-se famosa na canção de Gilberto Gil pode resumir a batalha de Sérgio Manoel pela recuperação de uma lesão no tornozelo. Apesar de ser experiente (30 anos), e de já ter vivido situações semelhantes, pela primeira vez o meio-campista pensou em encerrar prematuramente a carreira.
Pode-se imaginar a alegria dele agora, quando está liberado para voltar a atuar, sendo cotado inclusive para começar jogando contra o São Paulo, terça-feira.
O drama de Sérgio Manoel começou dias antes do campeonato brasileiro. Em um treino comum, ele torceu o tornozelo direito e desta contusão surgiu uma lesão no tendão. “Eu me recuperava e logo depois voltava a sentir dores. E era insuportável, porque afetava a planta do pé”, explica o meio-campista.
Foi formada então uma ?junta médica? para avaliar o caso, incluindo um especialista em lesões de tendão. A primeira decisão era trágica para Sérgio Manoel: era necessária uma cirurgia para a reconstrução do local, que estava rompido. “Quando definiu-se pela operação, pensei em parar com tudo”, desabafa.
Sérgio Manoel partiu então (com a autorização da diretoria do Cori) para buscar outras opiniões. Ele consultou seis médicos e todos apostaram na recuperação sem cirurgia, baseada principalmente no reforço muscular no local. E ele acreditou. “Eram dias de muito trabalho, mas com a certeza de que eu iria me recuperar. Nessas horas eu tive sempre o apoio da minha família”.
Três semanas depois, Sérgio Manoel foi liberado pelos médicos e, dias depois, pelos preparadores físicos. “Ele está aquém do restante do elenco, mas isso é natural”, afirma o fisicultor Róbson Gomes. O meio-campista confessa que a vitória pessoal dele é maior que qualquer sentimento. “Foi um esforço que eu tive, treinando sem parar nos últimos tempos, e agora eu sou recompensado com essa recuperação”, diz Sérgio Manoel. O elenco também comemora a volta do armador. “O Sérgio vai nos classificar”, resume o zagueiro Picolli.
E o retorno dele pode ser antecipado, já que, com a contusão de Tcheco, o técnico Paulo Bonamigo estuda colocá-lo em campo contra o São Paulo. “É uma opção que nós temos, e eu só preciso saber qual será a reação dele no jogo”, explica o treinador. “Se ele precisar de mim, estou pronto. E garanto que consigo jogar quarenta e cinco minutos sem problemas”, promete.
Bonamigo quer superação
Quando chegou para o treino de ontem pela manhã, no CT da Graciosa, o técnico Paulo Bonamigo ficou bastante preocupado. Nada menos que doze jogadores estavam entregues ao departamento médico, e isso o impediu de realizar o treino que planejava. À tarde, a situação melhorou, mas ainda seis titulares ficaram de fora do trabalho, fazendo com que a preparação da equipe que enfrenta o São Paulo, terça-feira, ficasse para hoje.
Bonamigo chegou a conversar com o elenco sobre a dificuldade do momento. “Nessas horas, eles precisam suportar algumas dores”, afirma o treinador alviverde. Ele se refere ao cansaço muscular que afeta o elenco, que vem de jogos em seqüência e de viagens desgastantes. Reginaldo Araújo, por exemplo, jogou com essas dores por quatro rodadas, até não suportar mais.
E ele é um dos principais problemas da equipe para o jogo de terça. Ele ainda se ressente de dores no músculo adutor da coxa direita, e apenas correu ontem. Ao lado dele estava Tcheco, que desfalcou o Cori na quarta, contra o São Caetano, por causa de fortes dores musculares na coxa. “Estou melhor, mas ainda é cedo para saber se dará para jogar”, explica o meio-campista.
Ao lado deles, o problema que preocupa é o de Reginaldo Nascimento, que torceu o joelho em São Caetano. Ele não realizou nenhum treino ontem, ficando apenas no departamento médico. O volante ainda caminha com dificuldade, e na tarde de ontem foi submetido a um exame de ressonância magnética. Mas mesmo os mais otimistas têm dúvidas quanto à utilização do jogador na terça.
Já Da Silva, Edinho Baiano e Lúcio Flávio foram poupados ontem, mas devem participar do coletivo desta manhã, no CT da Graciosa. Da Silva e Edinho estão com cansaço muscular, enquanto Lúcio levou uma pancada na partida contra o Azulão. “Eu preciso saber com quem eu vou contar”, pede Bonamigo, que sabe da importância de um resultado positivo no Morumbi. “É um jogo de seis pontos, e por isso todos têm que estar prontos para a partida”, avisa. (CT)