Saquarema – ?Após 1 ano e quatro meses estou recuperado e no mesmo lugar onde descobri o meu problema. Isso tem um gostinho especial?. O desabafo, que deve ser traduzido como um misto de alegria, superação, força de vontade e exemplo para todos os atletas, é do ponta Roberto Minuzzi. Depois de ser submetido a uma cirurgia para a retirada de um aneurisma na aorta, ele voltou a ser convocado para a seleção brasileira masculina de vôlei e agora a luta é para conquistar um lugar entre os 12 jogadores que vão representar o Brasil no mundial do Japão, entre os dias 17 de novembro e 3 de dezembro.
Em Saquarema, Minuzzi, de 25 anos, reencontrou a juventude roubada por alguns meses. Afinal, diagnosticada a necessidade da realização da cirurgia no coração, as portas do vôlei estavam fadadas a se fecharem para ele, principalmente porque na melhor seleção do mundo o atleta precisa constantemente superar seus limites. E poucos conseguiriam dar a volta por cima ao passar por uma experiência como esta.
Minuzzi conseguiu e hoje só tem o que comemorar. ?Tinha dificuldades para caminhar, passei por uma cirurgia no coração, estava na lama e as pessoas até duvidavam de mim. Mas acho que estar aqui de novo é a prova de que posso superar?, disse o jogador.
Agora, a cada seis meses ele se submete a uma bateria de exames para monitorar a recuperação, como ocorreu na última terça-feira, quando precisou deixar o Centro de Desenvolvimento do Vôlei, em Saquarema, no Rio, onde a seleção brasileira está treinando. ?Recuperar-me da operação, voltar a treinar e a convocação já foram vitórias neste ano. Mas estamos em outubro e não posso comemorar. Devo querer sempre mais ?, avisou.
O próximo objetivo de Minuzzi é assegurar uma vaga no grupo que disputará o mundial. Em sua posição, Giba e Dante já estão assegurados. Ele, seu companheiro de clube no Minas Tênis, Samuel, e Murilo disputam os dois lugares restantes.
Samuel e Murilo estão em vantagem na preferência do técnico Bernardinho, por causa do condicionamento físico. Só que como ressaltou o próprio treinador, Minuzzi tem o trunfo da experiência a seu favor. ?Fico feliz que ele (Bernardinho) pense assim. Sei que chego um pouco atrás. Só que o Bernardinho não me convocou à toa?, afirmou Minuzzi. ?Temos duas semanas de treinamento e, ao final, vou estar 100% das condições físicas. Pronto para jogar?. Alguém duvida?
Reeleito, Acosta critica desafeto
Tóquio – O mexicano Rubén Acosta foi reeleito ontem para seu oitavo mandato à frente da Federação Internacional de Voleibol (FIVB), e aproveitou para reiterar as críticas a seu antigo colaborador, o francês Jean-Pierre Seppey, ex-diretor da entidade que o acusa de má gestão de recursos e corrupção. Acosta pretende processar Seppey por calúnia e difamação.
?Era um duas-caras. Diante de todos era uma pessoa serviçal, puxava a cadeira para que eu pudesse me levantar, e na verdade queria mostrar às pessoas que eu não era capaz de puxar minha própria cadeira?, atacou Acosta, que acusa Seppey de desfalques financeiros na entidade. Seppey tenta criar uma entidade paralela para conduzir o vôlei.
Durante reunião realizada também em Tóquio nesta semana, o francês acusou seu ex-chefe de ?ditadura e fraude eleitoral?. ?Não existe nada disso aqui, apenas democracia e transparência?, rebateu Acosta.
Para ele, sua reeleição por aclamação de 196 federações nacionais presentes, depois de 22 anos à frente da entidade, é uma prova de que tem razão. ?É um momento histórico, uma unanimidade que jamais havíamos alcançado?, disse. O presidente da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV), Ary da Graça Filho apóia Acosta e faz parte do Comitê Executivo da FIVB.
Acosta diz que sua prioridade no próximo mandato, que vai até 2010, será melhorar a comunicação e a divulgação do vôlei no mundo. ?Realizamos grandes competições, mas elas não são conhecidas como gostaríamos?, disse ele, que prometeu não se candidatar a novos mandatos.
Meninas derrotam o Japão em amistoso
Rio – Em amistoso realizado nesta quarta-feira, a seleção brasileira feminina de vôlei derrotou o Japão por 4 sets a 1, com parciais de 16/25, 25/13, 25/10, 25/17 e 15/10, no Centro de Treinamento Olímpico de Tóquio. A partida visa a preparação da equipe comandada pelo técnico José Roberto Guimarães para a disputa do mundial, que começa no final deste mês.
A levantadora Carol gostou da atuação da equipe, mas fez ressalvas. ?Jogamos no mesmo horário das primeiras partidas no mundial, e o time começou um pouco cansado, devagar. Contra o Japão não se pode começar assim. Precisamos começar sempre a mil. Mas depois o grupo foi se adaptando, marcando as jogadas delas e acabou sendo um bom resultado?, disse a jogadora.
A meio-de-rede Fabiana concorda com a companheira. ?Estávamos um pouco desconcentradas. Tenho certeza que o jogo foi proveitoso para todas, já que todo mundo que entrou manteve o nível. As 12 (jogadoras) têm condições de jogar, mas não podemos tropeçar, pois as outras equipes estão mordidas?, analisa.
O Brasil inicia a luta pelo inédito título do campeonato mundial na terça-feira, às 2h (de Brasília), contra Porto Rico, em Kobe. O time nacional ainda enfrenta pelo Grupo C a Holanda, Estados Unidos, Camarões e Casaquistão.