Receita do Cori é ganhar todas para fugir do risco

Agora, a receita soma torcida, contas e muita esperança. E bom futebol, é claro. Depois de entrar definitivamente na zona de rebaixamento, o Coritiba necessita ter em quatro partidas um aproveitamento que não conseguiu em todo o Campeonato Brasileiro -ganhando três jogos (quer dizer, um rendimento de 75%, contra 36,8% na competição), a equipe escapa da degola e permanece na primeira divisão. Somando menos que nove pontos, corre o risco de depender de combinação de resultados. E para que a pressão não atrapalhe, a comissão técnica se nega a fazer contas.

O treinador Márcio Araújo reconhece que a situação não é fácil. ?Realmente é um momento complicado, porque entramos em uma faixa que ainda não tínhamos entrado neste campeonato?, diz o comandante coxa, que no entanto recusa-se a falar em obrigações ou necessidades. ?Nosso planejamento segue o mesmo. Vamos pensar agora na Ponte Preta, buscar um resultado positivo e depois vamos ver o que vai acontecer.?

Mas o técnico acaba se traindo ao lembrar que uma vitória no jogo de quinta, às 20h30, no Couto Pereira, pode tirar a equipe da zona. ?Se o São Caetano ou o Figueirense tiverem resultados adversos e nós vencermos, terminamos a rodada em uma posição melhor?, afirma Márcio Araújo. Até por isso os jogadores se mantêm sem falar em contas. ?Não adianta pensar no São Caetano e no Atlético-MG antes de jogarmos com a Ponte?, resume o lateral Ricardinho.

Outro fator que favorece o Coxa é a independência que tem neste momento. O time não precisa, por enquanto, contar com nenhum outro resultado desfavorável de adversários – fazendo a sua parte, não é rebaixado. Isto porque ainda tem dois jogos contra equipes que vivem situação semelhante (Azulão e Galo). ?A nossa obrigação é vencer os jogos, pois assim vamos sair dessa?, diz o atacante Maia.

Por isso, Márcio Araújo deixa a calculadora de lado. ?Acho que o empenho apresentado nas últimas partidas me passa a certeza de que vamos sair deste mau momento?, afirma o técnico, que teve como primeiro trabalho, ontem, recuperar o elenco, que claramente sentiu a derrota para o Corinthians e a queda para a 19.ª colocação. ?Isso era natural, eles são homens e têm caráter. Eles não queriam estar passando por tal problema?, argumenta. ?Nós queremos tirar o Coritiba deste risco?, completa o zagueiro Vágner.

E todos também contam com a ajuda da torcida, que deve lotar novamente o Alto da Glória na quinta-feira. ?Eles vão nos apoiar o tempo inteiro e chegou a hora da gente corresponder ao que eles fazem nas arquibancadas?, garante o lateral James. ?O nosso torcedor, além de vibrante, é inteligente. Tanto que, mesmo perdendo, não deu as costas para o time em momento algum. E será assim por todo o tempo, em todas as partidas. Acho que a relação entre equipe e torcida não vai mudar, vai sim se estreitar ainda mais?, finaliza Márcio Araújo.

Pratas da casa sentem mais

?Está todo mundo triste, desde o dirigente até o torcedor.? A frase do técnico Márcio Araújo resume o sentimento coxa no dia seguinte à queda na classificação do Brasileiro – pela primeira vez a equipe figura na zona de rebaixamento. Mas alguns jogadores sentem o momento com mais dor. São aqueles que passaram boa parte da vida ligados ao Coritiba, atuando no clube desde as categorias de base. Vágner, Ricardinho, Peruíbe e James sofrem tanto quanto o torcedor que lotou o Couto Pereira no jogo com o Corinthians.

?É o pior momento da minha carreira. Nunca vivi algo parecido aqui no clube, a gente se acostumou a lutar sempre pelas primeiras posições?, confessa Ricardinho. Ele ?subiu? para o time profissional em 2003, conquistou dois títulos paranaenses e disputou a Libertadores do ano passado. ?O Coritiba não merece passar por isto?, reitera o lateral.

Vágner é outro que sabe das dificuldades do momento. ?A gente precisa se superar a cada instante. Passamos uma situação que prejudica cada atleta, mas principalmente o Coxa?, afirma o zagueiro, que cumpriu suspensão no jogo com o Corinthians. ?Nós estamos lutando, mas não conseguimos os resultados. Se não for na técnica, tem que ser na raça?, diz.

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