Na assembleia geral extraordinária da semana passada, quando comunicou aos dirigentes das 27 federações estaduais que permaneceria no cargo, Ricardo Teixeira acalmou ânimos. Embora todos fossem unânimes no apoio à continuidade do mandatário, sete cartolas defendiam a convocação de nova eleição em caso de renúncia. Não queriam José Maria Marin no poder. Nesta segunda, apesar do convite feito na sexta-feira por Marin, quatro deles não compareceram à sede da entidade.
O grupo, chamado de “rebelde” ou “G-7” pelos demais dirigentes, não queria que o poder, no fim das contas, caísse nas mãos do presidente da Federação Paulista, Marco Polo Del Nero, padrinho de Marin na CBF. Os ausentes foram justamente os quatro principais do levante: Francisco Noveletto Neto, do Rio Grande do Sul, Ednaldo Rodrigues, da Bahia, Rubens Lopes, o “Rubinho”, do Rio, e Paulo Schettino, de Minas Gerais. Também não compareceram os dirigentes de Paraíba e Alagoas.
Schettino, em viagem com a família a Nova York, soube da renúncia de Teixeira pela reportagem da Agência Estado. “O que? Renúncia? Estou sabendo da licença médica. Na sexta-feira, quando saí do Brasil, era licença médica”, disse, por telefone. O dirigente mineiro afirmou que pretende decidir somente quando voltar ao Brasil se mantém a posição do G-7. “Vou pensar no que é melhor para o futebol de Minas Gerais”.
Noveletto também está nos Estados Unidos com a família. Ednaldo já havia dito que teria compromissos e, por isso, poderia não comparecer. Rubinho enviou um assessor como representante.
Outro integrante do chamado G-7, mas presente à entrevista coletiva, o interventor da Federação de Futebol do Distrito Federal, Miguel Alfredo, disse achar remota a possibilidade de convocação de eleição, pelo que “sentiu” na sede da CBF, nesta segunda. Os dirigentes, segundo ele, “vão simplesmente aplicar o estatuto da CBF”, que determina a posse do vice-presidente mais velho em caso de renúncia. Marín, de 79 anos, é o mais idoso.
“Até porque estamos meio amarrados. Temos um estatuto para ser seguido, mas a situação não deixa de ser delicada”, afirmou. O dirigente afirmou ter recebido notícia de colegas presidentes que não ficaram “muito à vontade” com a posse de Marín. “Mas, com a mudança, espero ter mais acesso ao presidente. O Teixeira estava meio inacessível ultimamente”, disse Alfredo.
Os presidentes disseram ter ficado sabendo da denúncia junto com os jornalistas, na entrevista coletiva – todos assistiram ao pronunciamento de Marin no auditório da CBF. Perguntado se Del Nero também teria sido pego de surpresa, o presidente da Federação Paraense, Antonio Carlos Nunes, se esquivou: “Ah, esse eu não sei dizer”, sorriu.