Madri – O Real Madrid venceu mais uma sob o comando de Vanderlei Luxemburgo, mas desta vez o técnico dependeu da brilhante atuação do goleiro Casillas, de dois gols de Ronaldo e de muita sorte. Ontem, o time de Luxemburgo bateu o Atlético por 3 a 0 no clássico local, em uma partida dominada pelo adversário, que teve inúmeras oportunidades para marcar.

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"Gostei do resultado da partida, mas não de como jogou a equipe. Acredito que o resultado foi justo, mas deixamos muito espaço ao rival. Ainda temos de trabalhar muito para ser uma equipe mais compacta", disse Luxemburgo, que causou espanto em muitos ao utilizar seu velho rádio para se comunicar com seus auxiliares que estavam nas arquibancadas, como fazia no Brasil. Na Espanha, porém, essa foi a primeira vez que se viu tal comportamento de um técnico.

O sufoco do Atlético nos primeiros dez minutos da partida deixou Luxemburgo, com luvas negras contra o frio, nervoso. Depois de quase sofrer dois gols em dez minutos, o Real conseguiu chegar ao campo adversário apenas aos 13 minutos: Ronaldo não desperdiçou e marcou. A pressão do Atlético continuou e o atacante Fernando Torres teve inúmeras oportunidades para empatar. O gol apenas não saiu graças ao goleiro Casillas, do Real.

No segundo tempo, o sufoco continuou para Luxemburgo, que passou os 90 minutos de pé ao lado da linha lateral do campo dando instruções. Até que aos 35 minutos, num contra-ataque, Solari marcou para o Real na primeira vez que o time chegava ao gol adversário no segundo tempo.

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Três minutos depois, Ronaldo fecharia o jogo e grande parte do público no Estádio Vicente Calderon abandonaria a partida. "Fiz bem a parte que me corresponde, que é marcar gols, mas os demais foram fenomenais", afirmou Ronaldo, contradizendo o técnico. "Vimos um Real Madrid bem mais ordenado", afirmou, apontando que a vitória foi merecida.

Casillas foi mais realista. "Ganhamos porque conseguimos converter as oportunidades que tivemos, não porque jogamos bem", disse. "O Atlético jogou muito bem e acho até que merecia um gol", disse Solari.

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Para os críticos, depois de impressionar no jogo de seis minutos contra o Real Sociedad, o time dos galácticos voltou a atuar como na era pré-Luxemburgo. "Já se nota um pouco da mão do Luxemburgo na equipe, mas ainda é cedo. Precisamos deixá-lo tranqüilo", admitiu Ronaldo.

Antes do jogo, Luxemburgo teve de relembrar aos jogadores o que haviam treinado durante a semana, principalmente na parte tática. "Nós não estávamos acostumados aos treinos táticos", reconheceu Ronaldo. O técnico ainda foi prejudicado por não contar com três jogadores essenciais para a marcação: Samuel, Salgado e Guti. Não por acaso, Luxemburgo comemorou muito cada gol.

Desolado, o técnico do Atlético, César Ferrando, lembrou que o Real teve três oportunidades para marcar e fez três gols. "Isso ocorre quando há uma equipe com tanta qualidade. Tivemos muitas ocasiões e muito mais posse de bola. Mas o orçamento de cada um é diferente e se compram muitas coisas: gols e qualidade. Essa é a diferença", concluiu Ferrando.

Zidane pede o boné

Madri – Zinedine Zidane poderá deixar o Real Madrid no próximo ano. O craque francês indicou que seu contrato termina apenas em 2007, mas poderá abandonar o time de Luxemburgo em 2006. Há poucos dias, o meia já havia indicado que acreditava poder atuar em um nível técnico alto apenas por mais um ou dois anos.

As declarações de Zidane pegaram a torcida do Real de surpresa. A direção do time, porém, explicou que, como já estava previsto, o contrato com Zidane até 2007 era apenas opcional.

Enquanto a notícia de Zidane mexia com a torcida, o diretor de futebol do Real Madrid, Arrigo Sacchi, preferiu elogiar Ronaldo e enfatizou que o brasileiro seria o melhor do mundo desde a era Maradona. Ronaldo foi o autor de dois gols na vitória contra o Atlético de Madri, ontem.

Antes da partida, os torcedores do Atlético não pouparam o craque brasileiro. Sete pôsteres gigantes mostravam os sete pecados capitais, cada um representado por um dos galácticos do Real. Ronaldo, mostrado como um gordo em uma mesa repleta de comida, representava a gula. Já Beckham parecia com uma boneca inflável.